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segunda-feira, 15 de junho de 2020

Harry Potter e a bandeira arco-íris.


Há duas semanas, perante o entusiasmo de alguns conservadores nacionais com o apoio dos torys ingleses ao mês do orgulho gay, escrevi um artigo onde tentava demonstrar que apoiar os movimentos LGBT não é apoiar a luta pela igual dignidade, mas sim uma tentativa de imposição de uma visão cultural. Uma pessoa, que estimo, respondeu-me que não era assim, que só os extremistas desses movimentos é que assim pensavam, mas que isso não correspondia à maioria do movimento LGBT.

Passando quinze dias chega-nos de Inglaterra outro exemplo claro de que a agenda LGBT já não se trata de uma luta por leis mas sim a imposição de uma visão sobre o Homem e a sociedade.

A famosa escritora J.K. Rowling, criadora do mundo de Harry Potter, ousou, diante de um artigo que falava em pessoas que menstruavam, afirmar que tais pessoas eram mulheres. Logo saltaram os novos educadores da classe para explicar a incauta escritoar que não eram só as mulheres que menstruavam, porque havia homens que também menstruavam e havia mulheres que não o faziam. Isto porque o género é uma construção social e logo uma mulher que se identifica como homem é um homem, vice-versa, para além daqueles que não se identificam com qualquer género. A autora respondeu que a partir do momento em que ser mulher deixava de ser uma questão física e passava para campo da construção social, então os direitos das mulheres ficavam esvaziados. Disse ter muito respeito pelos transexuais, mas que o sexo era definido pela biologia.

Desde então tem sido um festival de ataques à escritora. Quase todos os actores dos filmes de Harry Potter vieram denúncia a transfobia de JK Rowling. Os jornais em geral referem-se à polémica como reacções às declarações transfobicas da autora. Activistas por todo o mundo tem-se entretido a explicar a gravidade da afirmação que a biologia define o sexo de uma pessoa. De tudo o que fui lendo o que mais me impressionou foi a declaração de Ema Watson, de que um transexual é o que diz que é e ninguém deve questionar. Impressionou-me porque deixa bastante claro o despotismo do movimento LGBT: a realidade é que nós dizemos, e qualquer argumento (lógico, cientifico, moral, etc.) que conteste o nosso dogma é discurso de ódio. A realidade, a verdade, não existem (ou não interessam).

Vivemos em tempos perigosos, tempos em que afirmar que uma mulher é uma mulher, é discurso de ódio. A realidade deixou de importar. Vivemos na ditadura do relativismo, onde a verdade é imposta pela maioria, ou por grupos de pressão. E esta mentalidade vai-se lentamente infiltrando. Até chegarmos ao ponto em que aquilo que era evidente há dez anos hoje é um crime.

E assim se hão de queimar livros, censurar filmes, derrubar estátuas. Tudo em nome da liberdade, da igualdade, dos direitos. Tudo apoiado por moderados, que vêm nestes alerta apenas exageros ou teorias da conspiração e que desejam ardentemente ser inclusivos, para não se excluírem deste mundo novo.

O que me lembra que há uns anos, JK Rowling decidiu que uma das suas personagens, Albus Dumbledore era homossexual. Também ela quis participar nesse esforço de inclusão e de modernidade. Mas não foi suficiente, nunca é. O movimento LGBT, como todos os movimentos progressistas herdeiros da luta de classes, não se satisfaz com pequenas cedências. Ou se está completamente com eles ou se está condenado à fogueira da opinião pública.

Fica o alerta para aqueles que, na sua ambição de serem abertos e livres, acabam a apoiar movimentos totalitários. Há de chegar a hora onde terão que escolher entre a liberdade e os novos dogmas. Nesse dia, nem todas as bandeiras arco-íris de perfil lhes hão de valer.

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