Todos as mensagens anteriores a 7 de Janeiro de 2015 foram originalmente publicadas em www.samuraisdecristo.blogspot.com

domingo, 30 de março de 2025

Discurso Caminhada pela Vida 2025


 

Olá a todos! Muito obrigado!

Mais um ano onde, por todo o país, se Caminhou pela Vida! E é impressionante pensar que ano, após ano, aqui continuamos, sem esmorecer! Alguns de nós já fazemos isto há algum tempo. Felizmente uma grande maioria dos que aqui estão ainda não tinha nascido em 98, na primeira Caminhada pela Vida, mas é impressionante ver como temos tantos e tantos jovens, tantos e tantos.

Este ano cumprem-se 18 anos desde que o aborto livre é legal em Portugal. Ou seja, este ano vai votar a primeira geração que cresceu a ouvir que o aborto era legal!

Mas esta geração, a geração pró-vida continua aqui firme, a caminhar, a dizer com clareza e sem medo, que a vida tem valor desde o momento da concepção até à morte natural! Muito obrigado! A presença destes jovens, a vossa força enche-nos a todos de coragem!

Este ano caminhamos entre legislaturas. Acabou agora uma, vai começar agora outra. E algumas coisas boas aconteceram desde o ano passado: conseguimos travar o avanço dos prazos do aborto, a eutanásia ainda continua sem ser legal, já vão quase dez anos! Há dez anos que estão a tentar e ainda não conseguiram! E esperemos para o ano estar a dizer o mesmo!

E conseguimos dar um belo golpe na ideologia de género nas escolas! É uma vitória, é mesmo uma grande vitória.

Mas vêm aí novas eleições e nós temos duas armas a voz e o voto. E se hoje fizemos ouvir a nossa voz, temos de a continuar a fazer ouvir até dia 18 de maio! Façam-se ouvir juntos dos partidos e dos candidatos a deputados: escrevam-lhes, escrevam para os jornais, publiquem nas redes sociais! Façam ouvir a nossa voz com clareza:

Recusamos o alargamento dos prazos do aborto! Recusamos a Eutanásia! Recusamos a ideologia de género! Mas mais: queremos medidas de concretas de apoio às mulheres e às famílias para que possam ter os seus bebés! Queremos medidas concretas de apoio aos doentes e aos idosos! Queremos liberdade, liberdade de consciência para os médicos e, sobretudo, liberdade para educar os nossos filhos, liberdade para afirmar que um homem é um homem e uma mulher uma mulher! Liberdade para afirmar que o aborto não é um direito, é um mal e tem de ser combatido! E acima de tudo, e deixa-me dizer isto da forma mais clara possível, e sem qualquer tibieza: queremos, lutamos, exigimos, o fim do aborto, sem nenhum se! E não temos ilusões: isso passa sem dúvida por medidas sociais de apoio às grávidas, mas passa também pela ilegalização do aborto!

O aborto não pode ser legal, o aborto não é um direito, um aborto é um crime! O aborto é um crime em qualquer circunstância! O aborto destrói uma vida! O aborto, aliás, destrói duas vidas!

Não nos deixemos enganar pelo discurso de que o aborto legal protege as mulheres, é mentira! Sabem quem o aborto legal protege? O aborto legal protege os patrões que não querem empregadas grávidas, proteges os homens que não querem ter filhos, protege os pais que não querem escândalos na família, protege a sociedade, para quem o aborto é mais barato do que uma criança. O aborto livre não protege as mulheres que querem ter os seus filhos e a quem estado nada oferece que não seja o aborto!

E por isso continuaremos a lutar: pelos bebés que não nasceram, pelas mulheres que são empurradas para o aborto, pelas mulheres cuja a única escolha que têm é entre desemprego, a solidão, a pobreza ou o aborto! Lutamos por elas! Lutamos por um país onde a vida humana é protegida desde o momento da concepção até à morte natural.

Vamos fazer ouvir a nossa voz até dia 18 de maio! E no dia das eleições usemos com sabedoria a nossa segunda arma: o voto! Usemos o nosso voto para construir uma sociedade que defende a vida, que defende a família, que defende a liberdade de educação!  Amigos, peço que façamos da liberdade de educação uma grande causa nossa! 

Votamos em quem defenda a vida desde o momento da concepção, que defenda a família, que defenda a liberdade de educação! Queremos liberdade para educar os nossos filhos!

Amigos, caminhamos este ano e, Deus queira, para o ano voltaremos a caminhar. E vamos continuar a fazê-lo, vamos continuar a dar testemunho da beleza da vida, vamos continuar a construir uma sociedade onde toda a vida tem dignidade! Muito obrigado, que Deus vos guarde e que Deus guarde Portugal! Viva a Vida!

quarta-feira, 12 de março de 2025

Alguns pontos sobre a crise política

 



1.        Qualquer comparação entre Montenegro e Sócrates, como o Chega tem tentado fazer, é rídicula.  A Sócrates não era conhecida qualquer actividade profissional fora da política e ao mesmo tempo, ostentava gastos incompatíveis com o salário que recebia, que era público.  Montenegro, tem actividade profissional há anos, para além da política. Que dessa actividade resultem lucros e que ele os invista, é perfeitamente normal.

2.        A situação de Montenegro também não é comparável à de António Costa, que teve ministros arguidos, o seu próprio chefe de gabinete, e que foi ele próprio investigado. Mesmo que se tenha percebido rapidamente que a investigação do MP era uma mão cheia de nada, Costa não tinha qualquer outra opção que não demitir-se. Para mim, o erro de Marcelo Rebelo de Sousa na altura foi ter dissolvido a Assembleia da República. Havia uma maioria absoluta do PS e condições de governabilidade. Devia ter convidado o PS a formar governo com outro Primeiro-Ministro.

3.        Luís Montenegro já deu explicações minuciosas, mais até do que me parece necessário, sobre os seus negócios. Há um voyerismo nesta situação, típica de quem quer criar desinformação, apenas com objectivos políticos. Basta ver como o Chega, apesar da notícia ter sido desmentida, continua a afirmar que o trajecto do TGV foi alterado para beneficiar a família Viola.

4.        Contudo, apesar das explicações minuciosas de Montenegro, há um pecado original que se mantêm. Não há qualquer problema em político ter tido actividade profissional privada. Pelo contrário até é desejável. Por isso pouco me interessa a lista de clientes de Montenegro ou as casas que comprou. Se houver suspeitas de crime, o Ministério Público que investigue. Mas o primeiro-ministro não pode receber avenças de empresas.

5.        Claro que Montenegro defende-se dizendo que não recebeu, e juridicamente é verdade. Não acredito que tenha feito nada de ilegal. Mas não vale a pena tomar as pessoas por parvas: a empresa que criou é apenas um veículo para a sua actividade profissional, não tem qualquer existência para além do trabalho de Montenegro. Por isso, mesmo que formalmente o primeiro-ministro não receba avenças, na prática é isso que acontece. E à mulher de César não basta ser séria, é preciso parecê-lo.

6.        Por isso Luís Montenegro devia ter-se demitido. Não pela chincana que a oposição montou, mas pela sua própria imprudência. Se o tivesse feito, o PSD podia apontar um novo líder, até talvez fosse possível evitar eleições. Como não o fez, vai levar ao país a eleições, tornando a sua actividade profissional no centro do debate político.

7.        Isto não significa que Chega e PS tenham razão. Não têm. Estão a tentar transformar uma imprudência num crime, e a aproveitar este caso para humilhar publicamente Montenegro, sem qualquer problema em mentir e caluniar, para ter pontos políticos. Mas nada disto aconteceria se o primeiro-ministro tivesse tido o bom senso de acabar com as avenças à sua empresa quando foi eleito.

8.        Nada de bom virá destas eleições. Na melhor hipótese, fica tudo igual, e país continuará ingovernável. Na pior hipótese, o PS ganha as eleições, mas sem uma maioria de esquerda, e o país torna-se ainda mais ingovernável. Num tempo de agitação internacional, é tudo o que não precisávamos.

9.        Há um ano, depois das eleições, defendi que Montenegro se devia demitir. Apostou tudo na estratégia do “não é não” e perdeu. O resultado foi pouco mais de um empate, e a derrota do PS foi fruto do Chega, e não do PSD. Não estando disposto a fazer acordos com o Chega (posição perfeitamente compreensível e razoável), não tinha condições para governar. Passado um ano, fica evidente que tinha razão. Vamos a eleições novamente pela simples razão que Montenegro está mais agarrado ao poder do que ao bem comum. Demonstrou-o há um ano quando decidiu governar sem ter maioria para isso, demonstrou-o agora, quando arrastou todo o governo num escândalo pessoal.

10.   Votarei AD nas eleições, mas mais uma vez, votarei mais vencido que convencido. O governo tem feito um bom trabalho e merece continuar. E a oposição em geral tem demonstrado a sua total irresponsabilidade e incapacidade de apresentar soluções viáveis para o país. Mas a forma como Montenegro se agarra ao poder, e demonstra governar mais pelos tacticismos do que com alguma estratégia de fundo, não entusiasma ninguém.