Saiu mais uma notícia sobre os custos da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, desta vez sobre o preço do palco onde irá estar o altar na vigília de encerramento do evento. O artigo, mais escrito com o objectivo de ter cliques do que interesse jornalístico, compara estes custos com os do altar da visita do Papa Bento XVI em 2010.
Infelizmente não é a primeira, nem será a última notícia, sobre o tema escrita de forma pouco informada e sensacionalista. Por isso escrevo uns pontos para esclarecer qualquer pessoa de boa vontade (aos outros os factos são indiferentes):
1. O que vai acontecer em Agosto não é a “visita” do Papa, mas a Jornada Mundial da Juventude. A JMJ é um dos maiores eventos do mundo e incomparável a qualquer outro evento que Lisboa tenha acolhido. Estamos a falar de 1 a 1.5 milhões de jovens que durante uma semana irão estar em Lisboa. Aos jovens, juntam-se milhares de bispos de todo o mundo, padres, jornalistas, etc. Não é por acaso que os hotéis de Lisboa e arredores estão todos esgotados para essa semana há meses. Vamos ter mais de um milhão de pessoas a dormir, a comer, a percorrer, a consumir em Lisboa.
2. Para além dos peregrinos que vão acorrer de todo o mundo a Lisboa, o evento irá ser acompanhado pelos media em todo o mundo. São centenas de milhões de católicos de olhos posto em Lisboa através da televisão, da rádio, das redes sociais, de streaming. Este evento garante que durante uma semana Lisboa é a cidade que todos os católicos do mundo vão ver.
3. Tanto quanto é publico a Jornada Mundial da Juventude terá um custo daté 80 milhões de euros. Uma parte desse custo será suportado pelo Estado, pela Câmara Municipal de Lisboa e ainda pela Câmara de Loures. O que leva a que se pergunte muitas vezes, porque é um Estado laico patrocina um encontro religioso? A resposta é simples, e nada tem a ver com boa vontade.
4. Parte dos custos que o poder púbico irá ter é o normal quando se recebe uma multidão de centenas de milhares de pessoas: reforço do policiamento, reforço dos transportes, reforço das equipas de emergência, etc. Para além disso existe o custo com o local central das Jornadas: o Parque Tejo, onde terrenos baldios e pantanosos ser irão transformar num parque junto ao Tejo, para ser utilizado por todos os cidadãos e equipado para receber mega eventos, como disse acima.
5. Até aqui temos, por um lado investimento naquilo que são as funções do Estado, por outro em equipamentos que vão ser para uso público. Mas claro que o investimento público neste evento supera estas questões. Mas mais uma vez, a razão para ser feito não é para fazer favores à Igreja.
6. O milhão e meio de pessoas que irão estar nessa semana em Lisboa irão gastar dinheiro na dormida (mesmo ficando muito locais cedidos gratuitamente), vão ter que comer e beber, vão gastar dinheiro em recordações, ou sejam, vão consumir em Lisboa e na região durante uma semana. Entre o que é injectado directamente na economia e o que é arrebatado em impostos, é fácil verificar que o investimento feito pelo erário público nas JMJ será recuperado várias vezes. Aliás, segundo o calculo do Governo o evento vai ter um retorno de 350 milhões de euros para Portugal.
7. A somar-se ao é valor que um e milhão e meio de pessoas a consumir trás (os tais 350 milhões de euros), temos ainda o valor publicitário de albergar um evento que será transmitido para todo o mundo. Basta pensar que ao organizar um evento católico a nível mundial estamos a falar de um “mercado” de mil e trezentos milhões de pessoas, espalhados pelos quatro cantos da terra. Imaginemos qual não é o valor publicitário para Lisboa de ser palco de um evento que durante uma semana é transmitido em todos os formatos para um mercado deste tamanho!
8. Por isso podem parar com o disparate de como o Estado laico vai gastar dinheiro para ajudar a viagem do Papa. As Jornadas Mundiais são um evento gigantesco, com repercussão a nível mundial. O que o Estado está a fazer é bastante simples e razoável: investir para que este evento seja um sucesso, de forma a ter o maior retorno possível. Não é um favor, é mesmo aproveitar uma oportunidade única