O ponto SJ, portal oficial dos
Jesuítas, num especial sobre as eleições legislativas publicou um artigo sobre
as razões de um católico para votar na esquerda.
Se no plano teórico tal
possibilidade ainda pode ser defensável (dificilmente), no plano bastante
prático das eleições legislativas de 2019 não é. Um católico não pode em
consciência votar em nenhum dos partidos da esquerda. Votar na esquerda é votar
na eutanásia, é votar no provável alargamento dos prazos do aborto, é votar nas
barrigas de aluguer, é votar na ideologia de género nas escolas, é votar na
legalização das drogas leves e da prostituição.
Bem sei que estes não os únicos
assuntos relevantes para os católicos decidirem o seu voto. Mas a defesa da
Vida e da Dignidade da pessoa Humana não sendo o único tema é sem dúvida o mais
importante e o mais estruturante de uma sociedade. Por isso não é licito aos
católicos votarem em partido que não respeitam este principio.
Sobre isto não me alongo mais.
Aconselho vivamente quer a carta pastoral que a Conferência Episcopal emitiu sobre o
tema, quer o artigo do Pedro Morais Vaz no Observador, onde o assunto do voto
dos católicos está explicado de maneira claríssima.
O que realmente me preocupa é ver que, em
nome de uma suposta abertura ao mundo e à diversidade de opiniões, ser cada vez
mais comum realidades da Igreja darem voz a quem defende posições contrárias à Fé.
O primeiro dever de um católico é
testemunhar a Verdade. E isto é aplica-se também para órgãos de comunicação
católicos. Não se pode ser de Cristo e depois viver como se todas as opiniões
fossem iguais.
Evidentemente que dentro da
Igreja, sobre diversos temas, há opiniões e visões e diferentes. Mas também é
evidente que um católico não pode, sem mentir, defender opiniões contrárias à
doutrina da Igreja.
O diálogo com o mundo não se faz
ignorando a Verdade, mas confrontado o mundo com a Verdade de que somos
testemunhas. Não cabe aos católicos dar voz ao erro, cabe aos católicos lançar
a luz da Verdade sobre o erro.
Por isso aqueles que pertencem à
Igreja não devem ser a voz de quem defende posições contrárias à Doutrina. Mesmo que essas pessoas sejam católicas. Se
um católico defendo algo contrário à Fé, espera-se que do portal de um ordem
religiosa que o corrija, não que o promova!
E não se trata de silenciar ninguém. Não há em Portugal
falta de locais onde quem defende o aborto, a eutanásia, a ideologia de género
se expressar. Nem eu estou a defender que essas pessoas
devam ser silenciadas. Simplesmente não é razoável que exponham os seus erros
em páginas católicas, em encontros católicos e ainda menos em altares de
igrejas!
Bem sei que o Ponto Sj deixa claro que as opiniões dos autores
não reflectem a opinião da Companhia de Jesus. E não tenho dúvidas disso. Mas
também não tenho dúvidas que o Ponto Sj jamais publicaria um artigo onde fosse
defendido a morte dos homossexuais ou o linchamento dos negros, ou a apologias
de partidos que defendessem tais medidas. Não é por isso compreensível que
permita um artigo onde se apela ao voto em partido que defendem a morte de
bebés por nascer ou de pessoas em fim de vida.
Qualquer católico, mas ainda mais, qualquer ordem religiosa,
movimento, paróquia, ou membro da hierarquia da Igreja tem especial
responsabilidade de zelar pela alma daqueles que o seguem. Esse dever não pode
ser escondido atrás de um qualquer desejo de diversidade ou de diálogo. Se
todos têm lugar na Igreja, os seus erros e mentiras não têm. É por isso triste
que a coberto de um falso diálogo e de uma falsa diversidade se propaguem erros
e mentiras que poderão levar os mais incautos a votar em quem defende o
contrário da Igreja.