São cada vez mais impressionantes as notícias que
vão surgindo sobre o estado do Serviço Nacional de Saúde. Num país cada vez mais
envelhecido e empobrecido a saúde vai-se tornando cada vez mais um direito de
poucos.
As descrições que vamos lendo e ouvindo parecem-se
cada vez mais com as de um qualquer país de terceiro mundo: operações
canceladas por falta de materiais básicos, consultas adiadas por meses e meses,
tempos de espera muitas vezes superiores a um ano (e mesmo assim raramente
respeitados), urgências que fecham e obrigam as pessoas a deslocações de
dezenas de quilómetros, aparelhos avariados sem qualquer horizonte de arranjo ou
substituição que impedem a realização de exames essenciais, ambulâncias paradas
por falta de manutenção, hospitais com camas inutilizadas por falta de pessoal
médico ao mesmo tempo que há hospitais com falta de camas e de espaço.
Já não há maneira de escamotear a verdade: o
Estado falhou! Não vale a pena tentar culpar os médicos, que trabalham muitas
mais horas do que as exigíveis e que têm à sua responsabilidade milhares de
doentes, ou os enfermeiros que tentar cuidar dos seus doentes sem terem
materiais e mesmo remédios. O Sistema Nacional de Saúde falhou e falhou por
causa do Estado que se demonstra incapaz de garantir este direito básico dos
cidadãos.
Cada vez mais pessoas acabam por recorrer aos
privados (e não, não apenas os ricos, ainda há pouco tempo saiu a noticia que
são cada vez mais as pessoas de classe média e classe baixa a contratar seguros
de saúde) que também vão perdendo capacidade de resposta.
Evidentemente que os que mais prejudicados nesta
situação são aqueles que mais precisam do SNS: os idosos, os doentes crónicos,
os doentes graves, que desesperam diante de um Estado incapaz de lhes dar uma
resposta condigna aos seus problemas.
Infelizmente para a esquerda a urgência não passa
por melhorar o SNS. Não passa por arranjar solução para aqueles que precisam de
ser cuidados e a quem a sociedade não é capaz de dar resposta.
Num país onde esmagadora parte da população não
tem a acesso a cuidados de saúde básicos (já nem falo de cuidados continuados
ou de cuidados paliativos) a grande prioridade da esquerda é sobrecarregar o
SNS com a morte a pedido.
Não há médicos nem enfermeiros suficientes para cuidar das pessoas, não há remédios, não há materiais para cirurgias, não há camas, não há macas, não há máquinas de diagnóstico, mas o primeiro projecto de lei que o Bloco apresenta no Parlamento é a da legalização da eutanásia!
Não há médicos nem enfermeiros suficientes para cuidar das pessoas, não há remédios, não há materiais para cirurgias, não há camas, não há macas, não há máquinas de diagnóstico, mas o primeiro projecto de lei que o Bloco apresenta no Parlamento é a da legalização da eutanásia!
Já é mau legalizar-se o homicídio a pedido da vítima
num país com um sistema de saúde que funciona, como a Holanda ou o Luxemburgo.
Mas num país como Portugal, onde há pacientes que morrem à espera de exames é
simplesmente pornográfico.
Discutir a legalização da morte a pedido é
discutir qual é a resposta do Estado diante de alguém que está em tal
sofrimento que pede para morrer. Cuidamos da pessoa? Damos-lhe os melhores
cuidados de saúde possíveis? Arranjamos resposta sociais para que ela esteja
acompanhada ou possa ser acompanhada pela sua família? Para o Bloco, e também para
o PS e o PAN, já se percebeu que essa resposta é secundária. É indiferente o
idoso abandonado numa maca no hospital, é indiferente o doente com cancro que
espera uma infinidade pelo seu tratamento. O que realmente importante é o
direito a “morrer com dignidade”, já quem em vida a dignidade dos doentes pouco
lhes parece interessar!