Fez no passado
fim-de-semana cinquenta anos que morreu uma das maiores figuras do século
passado, o Primeiro-Ministro inglês Winston Spencer Churchill.
Sobre ele há muita coisa a dizer-se. Teve um longa vida, recheada de acontecimentos.
Participou (como reporter, como soldado e como membro do governo) nas maiores
guerras do seu tempo. Foi testemunha e actor de grandes eventos da história
inglesa e do mundo. E só estes factos seriam suficientes para nos lembrarmos de
Churchill.
Mas para além disso a sua personalidade ajuda a não nos esquecermos dele. O seu mau feitio, o
seu egocentrismo, a sua coragem, a sua temeridade e, sobretudo, a sua
capacidade de ter sempre uma resposta na ponta da língua, qualquer que fosse a
situação, tornam Churchill numa personagem quase mitológica mas demasiado boa para
ser inventada.
Por isso
existem bibliotecas inteiras escritas sobre ele. Livros sobre a sua vida, sobre
o seu papel na história, sobre os seus hábitos ou então só com as suas
citações. Ajuda o facto de alguns destes livros terem sido escritos por ele.
Porque Churchill nunca se fez rogado a escrever um livro onde justificasse os
seus erros ou enaltecesse os seus feitos (terão dito sobre o livro que ele
escreveu sobre a Iª Grande Guerra "Winston escreveu um livro sobre ele.
Chamou-lhe A Crise Mundial").
Mas de tudo
isto havia apenas uma coisa sobre Churchill que eu gostaria de dizer: é que ele
foi acima de tudo um político. Bem sei que nos dias de hoje dizer que alguém é
um político costuma soar a insulto, mas a verdade é que ele foi um
politico profissional. Claro que ele também foi soldado, reporter, escritor e
até pintor (para não falar do seu hobby de colocar tijolos!). Mas foi sobretudo
um político.
Servir o seu
país na política foi o grande trabalho de Churchill. Foi deputado, ministro,
primeiro-ministro, líder da oposição. E em todos estes lugares defendeu sempre
com todas as suas capacidades aquilo que acreditava ser o melhor para a
Inglaterra. Mesmo quando isso lhe custou o poder, Winston Churchill nunca
hesitou em bradar em voz alta aquilo que achava ser o mais certo para o seu
país. E foi assim que durante anos atacou o bolchevismo, foi assim que durante
anos preveniu contra Hitler e foi assim que manteve a Inglaterra, mesmo quando
já toda a Europa se tinha submetido, como o último bastião contra o nazismo.
E por isso ele
é a prova da necessidade que temos de verdadeiros políticos. Não de criaturas
dos partidos, debitando os slogans que as empresas de comunicação ditam. Mas de
homens dispostos a defender a sua nação, a defender aquilo em que acreditam,
dispostos a discutir e a debater abertamente, a apontar o caminho, a liderar.
Devemos
recordar Winston Churchill por muitas outras coisas. Mas nunca nos esqueçamos
desta: que as grandes coisas que ele alcançou, alcançou-as como político. Por
isso a próxima vez que alguém disser que na política é preciso técnicos,
empresários, académicos, lembremo-nos de Churchill, o político profissional que
resistiu a Hitler.