Aconteceu este fim-de-semana o congresso do CDS. Eu, por
motivos familiares, não consegui ir. Mas fui acompanhando os acontecimentos. E
confesso alguma preocupação com a soberba (que alias, preocupação que tenho
desde 10 de março).
A verdade é que o CDS entre 2015 e 2019 perdeu 13 deputados.
Também devemos lembrar que nesse mesmo ano, não conseguiu recuperar o seu
segundo eurodeputado, tendo como cabeça de lista o actual presidente.
Entre 2019 e 2022 o CDS viveu uma guerra civil, onde muitos
dos actuais dirigentes tiveram participação activa. Alguns dos que hoje apoiam
entusiasticamente o CDS chegaram a apelar ao voto noutros partidos em
2022. Isto num partido falido. O
resultado, com muita responsabilidade da direcção então no poder, mas também
daqueles que lutaram até ao fim para garantir o seu falhanço, foi que não conseguimos
eleger qualquer deputado.
Em 2024 o resultado das eleições deixou claro que o CDS não
cresceu eleitoralmente (as sondagens já o indicavam) e que a eleição de dois
deputados se deveu a coligação com o PSD. Coligação que Francisco Rodrigues dos
Santos tentou em 2022 e que foi abertamente criticada por muitos dos que hoje apoiam
a actual direcção e pelo próprio Nuno Melo.
Por isso, fingir que o que aconteceu nos últimos anos do CDS
foi um desastre de uma única direcção e que está ultrapassado devido ao génio do
actual presidente, não só é mentira, como é uma estratégia perigosa. Francisco
Rodrigues dos Santos não foi o causador dos problemas do CDS, mas também não os
conseguiu inverter. E Nuno Melo, também não, teve foi mais sorte e um partido mais
pacificado.
O CDS tem agora, com o regresso ao parlamento e a presença no
Governo uma segunda hipótese, que não fez por merecer, de renascer. Convém
aproveitá-la com humildade. Temos dois bons deputados, o que me alegra. Mas é
preciso fazer realmente prova de vida e não embandeirar em arco. Sobretudo, é preciso
que o CDS deixe de ser uma coutada pessoal, dos de sempre, que se abra
realmente e sobretudo, que volte a ocupar o seu lugar como o partido da Direita
Social, com propostas e medidas concretas de apoio às famílias, no reforço da sociedade
civil, no apoio aos mais frágeis, na defesa da liberdade, sobretudo na liberdade
de educação.
A soberba é sempre um pecado, mas a soberba sem ter razões
para isso é também um dos piores erros que se pode fazer em política.