Hoje a esquerda revogou a Lei 136/2015 ou
como o Partido Socialista diz “a lei que humilha as mulheres”. Que lei é
esta? É aquela que resultou da ILC “Pelo Direito a Nascer”, que foi aprovada
há uns escassos meses depois de brutalmente amputada (deixando de fora normas
tão humilhantes para as mulheres como a contagem do tempo de licença de
maternidade como tempo de estágio ou a baixa paga a 100% para
quem tem que tomar conta de um filho doente) e que tem como título “Lei de
Apoio à Maternidade e Paternidade”.
Não consigo deixar de perguntar quais as
medidas que chocavam tanto os deputados da esquerda para que, no primeiro
momento possível, tenham revogado esta lei.
Terá sido o reconhecer a Maternidade e
Paternidade como um direito e assim impedir que uma pessoa seja discriminada
por causa do seu filho? Será que é humilhante para uma mulher não puder ser
despedida porque teve um filho? Ou ver-lhe negada uma promoção porque está grávida?
Terá sido o aconselhamento obrigatório antes
do aborto? Será que é assim tão ofensivo que antes de um procedimento tão grave a mulher tenha que ser informada dos apoios a que tem direito? Das
alternativas de que dispõe? Será que uma adolescente coagida pelos pais ou uma
mulher abusada pelo marido são humilhadas por lhes ser oferecido ajuda?
Terá sido o passar a ser obrigatório ter
informação disponível sobre os apoios à maternidade e paternidade em locais públicos
como maternidades, centros de saúde e conservatórias? Será que mais informação
humilha a mulher?
Terá sido a possibilidade de IPSS's
prestarem aconselhamento a mulheres grávidas em dificuldade? Será que as
associações que diariamente trabalham no terreno para auxiliar mulheres em
dificuldade não são dignas de confiança?
Terá sido o fim da discriminação dos
profissionais de saúde que são objectores de consciência? Um médico que sempre
acompanhou a paciente continuar a acompanha-la, mesmo depois de esta tomar uma
decisão com a qual ele não concorda, é uma violência sobre as mulheres? Será que um
profissional de saúde que é objector de consciência deixa de estar adstrito aos
seus dever deontológicos e se transforma automaticamente num monstro? Serão os
objectores de consciência uns malfeitores que é preciso afastar das mulheres?
Gostaria mesmo de saber o porquê da fúria
da esquerda contra uma lei que dá um pequeno passo para apoiar a Maternidade e
a Paternidade, sobretudo em momentos de grande dificuldade.
Infelizmente a esquerda parece incapaz de
passar da sua cegueira e ideológica e de manter um diálogo sobre o aborto. Para
eles tudo está bem, mesmo sabendo que uma em cada cinco gravidezes termina em
aborto. Para eles já não há mulheres humilhadas, mesmo sabendo que existem
milhares de casos de mulheres que abortam porque são obrigadas. Para eles já há
liberdade, mesmo sabendo que na maior parte dos casos o aborto não é decidido
livremente, mas apresentado como única opção.
Hoje no Parlamento os deputados da
esquerda demonstraram mais uma vez como vivem desligados da realidade. Como
vivem presos num mundo ideológico onde o povo só é povo quando é de esquerda, a democracia só conta quando eles vencem e onde só existe liberdade se for
à sua maneira.
O que hoje se passou na Assembleia da
República foi uma vergonha. A esquerda provou, mais uma vez, que o poder não é
do povo (que pediu esta lei) mas sim dos seus comités. Infelizmente, começamos
a ficar habituados.
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