Prevaleceu o bom senso. Paulo Núncio tinha tido a ideia de,
num encontro sobre a defesa da vida, respondendo a uma pergunta (por acaso
feita por mim) sobre o aborto, dizer que a lei actual só pode ser revertida por
um referendo. Pior, teve a ideia peregrina de dizer que o aborto é uma coisa má
e que deve ser limitado.
Mas felizmente o bom senso prevaleceu. Nuno Melo já veio
dizer que o CDS não mudou de posição, mas nesta legislatura não se pensava em
referendo (nem o Paulo Núncio disse tal coisa). Montenegro foi mais longe e
prometeu que não mudaria a lei. Rui Rocha rapidamente veio assegurar que o
aborto é um progresso. Ventura, não querendo ficar atrás, lá veio fazer juras
de que nesta lei do aborto ninguém toca. E assim, juntamente com um balde de tinta
verde, o assunto morreu.
Prevaleceu o bom senso e ninguém permitiu que a campanha
ficasse refém de assuntos menores, como a dignidade da Vida Humana, as grávidas
abandonadas ou a subida da taxa de aborto (1 em cada 5 gravidezes termina em
aborto), e podemos continuar a discutir o que realmente importa como linhas
vermelhas, cortes nos impostos ou qualquer que seja o assunto que os comentadores
declaram essencial.
E como prevaleceu o bom senso, a esquerda irá continuar a
discutir o alargamento dos prazos do aborto legal e o fim da objecção de
consciência, enquanto a direita se preocupa com o que realmente importa, ganhar
lugares em São Bento e garantir o poder que lhe escapa há nove anos.
E assim, cheia de bom senso, os líderes da direita abdicaram
de qualquer tentação de liderar o debate público, de defender uma qualquer
ideia, e mantêm-se firmes no propósito de continuar apenas a dizer aquilo que
acham que lhe dará melhor imprensa.
A mim infelizmente falta bom senso e por isso continuarei,
juntamente com os meus amigos da Federação pela Vida, a publicamente defender
ideias insensatas, mas verdadeiras, como fazemos no Manifesto O Valor do Outro,
que esteve na origem deste pequeno escândalo, de um político de direita dizer
sem rodeios aquilo em que acredita.
Por isso, peço que me perdoem a falta de bom senso, e diga com
toda a clareza: a vida começa na concepção e o seu valor não depende em nada do
seu grau de desenvolvimento; o aborto não é um direito, mas a morte de um bebé
e deve ser ilegal; não quero mulheres presas, pelo contrário, quero que nenhuma
mulher aborte porque não encontrou quem a apoie; reverter a lei do aborto livre
não é um retrocesso, mas um progresso para uma sociedade mais justa.
Fico feliz que o bom senso tenha regressado. A pobreza
continuará a ser a maior causa do aborto, os patrões e os companheiros irão
continuar a pressionar as mulheres a abortar, o seio da mãe irá continuar a ser
o lugar onde um bebé tem menos protecção legal. Mas ao felizmente houve bom
senso.
Muito bom! Partilho da sua falta de bom senso! Para o que havia de nos dar!... Defender a vida, qualquer vida, todas as vidas! Que aberração!
ResponderEliminarExtraordinário!
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