1 - Antes de mais: esteve muito bem o Presidente
da República. Como já tinha avisado, depois das eleições legislativas, continua
a deter todos os poderes do cargo, excepto o de dissolver a Assembleia da República,
e decidiu que devia usá-los.
Ao vetar a revogação da Lei de Apoio à
Maternidade e Paternidade assim como a Lei da Adopção por Pessoas do Mesmo
Sexo, o Presidente dignificou o seu cargo.
Um Presidente não tem mais ou menos poderes
conforme a constituição da Assembleia da República. Os seus poderes são os que
estão consagrados na Constituição e que lhe são concedidos pela sua eleição por
sufrágio universal.
Se é verdade que muitas vezes me desiludiu, a
verdade é que no final do seu último mandato Cavaco Silva demonstrou um enorme
sentido de Estado.
Vale a pena ler as notas da presidência, onde
está explicada a decisão do Professor Cavaco Silva. Fica claro que, ao
contrário da esquerda, o Presidente da República estudou bem o assunto e
justifica com enorme clareza a sua posição.
2 - Agora os diplomas voltam à Assembleia da
República onde, como tudo indica, voltarão a ser votados e aprovados sem qualquer
alteração. Se assim for, voltam ao Presidente da República que será obrigado a
promulgar.
Tendo em conta a pressa da esquerda sobre este
assuntos, e sobretudo, que a ILGA já declarou que será Cavaco Silva a promulgar
a lei, o que já foi "confirmado" por Isabel Moreira e Catarina
Martins, tudo aponta para que o processo esteja encerrado rapidamente. Dia 10
de Fevereiro os diplomas voltam a ser discutidos na Assembleia da República e
provavelmente aprovados sem sequer descerem às respectivas comissões.
Os defensores das causas fracturantes demonstram
mais uma vez o seu total desrespeito pela democracia. O normal seria pelo menos
ler e avaliar as recomendações que o Presidente da República faz quando devolve
estes diplomas à Assembleia da República.
Contudo, para a esquerda, agora no poder, tudo
se resume a se podem ou não levar por diante as suas engenharias. Para eles, o
facto do Chefe de Estado, eleito por sufrágio universal e directo, devolver
estes projectos ao Parlamento não lhes merece nem um segundo de reflexão. Tudo
se resume a uma questão de poder: eles podem impor ao país os seus ditames,
logo eles fazem-no. As regras da democracia são-lhe absolutamente indiferentes.
3 - A reacção dos partidos de esquerda à decisão
de Cavaco demonstra mais uma vez a sua enormíssima falta de educação. O que é grave,
porque a falta de respeito de líderes partidários e deputados pelo Presidente
demonstra uma imensa ausência de cultura democrática.
Em democracia existe o dever de respeito entre
órgãos de soberania. Que partidos e deputados sejam incapazes de demonstra o
mínimo de respeito pelo Presidente da República enfraquece a democracia.
4 - Entre aqueles que decidiram insultar Cavaco
Silva merece destaque Isabel Moreira. Desde de afirmar: “Se
o ridículo de Cavaco vetar a repristinação de uma lei que promulgou em 2007
(IVG) não matasse, mas ferisse gravemente, esta história soviético-brega mata
de vez a possibilidade de sequer olharmos na cara do ainda presidente”, até "Há ali normas que um aluno de primeiro ano
de direito sabe que são inconstitucionais(...)" passando por “A presidência da República, sob os
auspícios de Cavaco […] é uma cantina que fecha às 18h” a deputada
socialista tem-se desfeito em insultos desde que o Presidente da República
anunciou os seus vetos.
Isabel Moreira é um
fenómeno. De currículo apresenta uns anos como assistente de Direito
Constitucional na Faculdade de Direito e já chega. Politicamente, promoveu-se à
custa de ser a filha rebelde de Adriano Moreira, defensora de todas as questões
fracturantes. Tirando isso, sobra apenas a constante arrogância e má-criação
(acompanhado sempre por uma declaração de inconstitucionalidade do Supremo
Tribunal da Esquerda, da qual ela é única juiz).
Isabel Moreira é o
cruzamento entre Belatrix Lestrange e Odete Santos. Toda a snobeira juntamente com toda a cartilha ideológica da esquerda.
Todo o fervor de um culto com toda a superioridade moral da esquerda. É difícil
de perceber se vive mais enojada com as origens sociais de Cavaco Silva ou se
com as suas ideias. Aliás, ainda hoje é complicado compreender se está no
Partido Socialista por achar que o Bloco e Partido Comunista são demasiado
pequenos para o seu génio ou porque lhe ensinaram que as meninas finas não se
misturam com a ralé.
E o Partido
Socialista vive assim refém de uma senhora cujas as únicas credenciais são o
fervor pelas causas fracturantes, um nome e uma infindável capacidade de
insultar.
5 - A comunicação
social em geral é bastante pouco isenta no que toca ao aborto e aos direitos
LGBT. Mesmo assim, alguns esforçam-se por disfarçar a sua opinião, tentando
assim cumprir as regras do jornalismo.
Contudo, existe um
jornal que é incapaz de qualquer espécie de isenção quando o assunto é os novíssimos
direitos. Falo do Observador.
O Observador
"vendeu-se" sempre como um jornal de direita. Contratou para
colunistas várias pessoas respeitadas pelo mais conservadores (Rui Ramos, Maria
de Fátima Bonifácio, Padre Gonçalo Portocarrero, etc.) tentando assim atrair um
segmento da população que lê jornais mas que não se sente identificado nem com
o Público nem com o DN. E foi assim que teve sucesso.
Ao mesmo tempo, o
Observador tem uma equipa de redacção que, para além de bastante pouco competente
(as gralhas, os erros e as gaffes
acumulam-se) é incapaz de qualquer tipo de isenção ou do simples dever básico
de noticiar os acontecimentos como eles são.
Na questão do
aborto basta relembrar que, em Fevereiro de 2015, para celebrar o referendo do
aborto, o Observador publicou uma "reportagem" sobre os número do
aborto em Portugal onde apenas ouviu a Associação de Planeamento Familiar.
Depois disto, conseguiu seguir todo o processo da ILC "Pelo Direito a
Nascer" sem nunca falar com nenhuns dos responsáveis da mesma. Depois de
aprovada a ILC referiu-se sempre a ela como uma proposta do PSD e do CDS,
ignorando os cinquenta mil subscritores da iniciativa. Ainda na semana passada
publicaram um artigo onde expressavam imensa alegria por ser mais fácil
detectar os casos de Trissomia 21 durante a gravidez e assim ser mais fácil
escolher (abortar, entenda-se).
Na agenda LGBT o
Observador é merecedor de um qualquer prémio arco-íris. Por um lado dá sempre
palco a todos os representantes do lobby.
Por outro faz títulos como "ainda não foi desta", "falta só
mais um pouco" ou "finalmente aprovado" . Para além disto tudo não há noticia pró-LGBT que o Observador
não publique com destaque. Desde a aprovação de legislação em qualquer país do
mundo, até qualquer suposto caso de homofobia, tudo merece destaque e louvor do
Observador.
6 - Por fim: o que
podemos fazer relativamente a este assunto? Antes de mais apoiar o Presidente
da República que está sob fogo cerrado. Depois, pressionar os partidos da direita para apoiarem o veto do presidente. Por fim, escrever aos
deputados a exigir que estes diplomas sejam discutidos nas comissões e que as
indicações de Cavaco Silva sejam encaradas com seriedade.
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