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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Heróis esquecidos e vilões venerados.


 

Foi hoje enterrado Macerlino da Mata.  Desceu à terra no meio do silêncio da comunicação social e da generalidade do poder público (excepção feita ao Presidente da República). Ele que foi o militar mais condecorado da nossa história.

Por coincidência este herói esquecido foi sepultado no dia em que se cumprem 35 anos do assassinato de Gaspar Castelo-Branco pelas FP-25 de Abril. Também ele um herói esquecido, morto por cumprir o seu dever.

Portugal lida mal com a sua memória histórica, mas lida especialmente mal com história dos últimos 60 anos. No pós-25 de Abril todo o país ficou refém da superioridade moral da esquerda, temendo mais do que tudo a fatwa de “fascista”. Por isso tudo foi permitido à esquerda até Novembro de 1975.

O 25 de Novembro veio conter um pouco a esquerda, mas apenas politicamente. Se nesse dia o PCP perdeu qualquer esperança de conquistar o poder político, a verdade é que a influencia social e cultural se manteve igual. Os saneamentos nos jornais, nas faculdades e nos ministérios permitiu aos marxistas manter uma influência desproporcionada. E foi esse o preço que os partidos democráticos aceitaram pagar pela paz.

Isso significou aceitar a narrativa simplista de que qualquer pessoa que tivesse lutado contra o Estado Novo, assim como todas as suas acções eram nobres (ou então esquecidas) e todas as acções tomadas pelo Estado Novo eram más, assim como aqueles que tinham aceitado servir Portugal nesse tempo. Esta versão grosseiramente simplista da história, vigora até hoje.

O problema é que para manter esta versão da história, foi preciso ignorar muita coisa. Evidentemente que Gaspar Castelo-Branco tem que ser esquecido, se não era preciso dizer que o herói de Abril, Otelo Saraiva de Carvalho, é um terrorista e um assassino. Nesta narrativa Marcelino da Mata não tem lugar, um negro que lutou por Portugal no Ultramar e que foi torturado pelo MRPP, porque se não era preciso reconhecer que talvez o MRPP fosse mais racista que o Estado Novo.

E assim há mais de 40 anos a direita vai entregando à esquerda o monopólio da história e da cultura. Tal é o medo que seja tomada por saudosista ou fascista, que em geral, engole sem contestar, todas os dogmas históricos que os comunistas e amigos vão vendendo. Por isso temos um país que esquece Gaspar Castelo-Branco e idolatra Otelo. Que ignora Marcelino da Mata, com mais de 2000 missões de combate no currículo, e venera os desertores dessa mesma guerra.

Desta maneira se vai construindo uma sociedade sem memória histórica. Uma sociedade de heróis de papel, cuja a única virtude é serem aceites pela esquerda. Num tempo em que se despreza aqueles que serviram fielmente o seu país, colocando-se na linha de fogo ou dando a sua vida, e se exalta terroristas e desertores, ninguém se pode espantar que o povo demonstre pouco entusiasmo pela vida pública. Quem é no seu perfeito juizo prefere os bandidos aos heróis?

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