O
Professor José Manuel, respeitado académico da nossa praça, é a favor da
eutanásia. Como cidadão socialmente activo que é decidiu, juntamente com outras
pessoas igualmente activas, promover uma petição sobre o assunto. Criaram um
manifesto e começaram a recolher assinaturas.
Passados
uns meses, tendo recolhido as assinaturas que acharam necessárias, o Professor
José Manuel, juntamente com os seus companheiros de luta, decidiram entregar a sua
petição na Assembleia da República.
Na
entrega o Professor José Manuel, peticionário, não esteve presente. Mas tiveram
os seus companheiros, que foram recebidos, entre grande aparato mediático, pelo
Presidente da Assembleia da República e pelos Vice-Presidentes.
Entre
eles estava o Deputado Pureza. O senhor deputado foi eleito pelo Bloco de
Esquerda que não colocou no seu manifesto eleitoral a questão da eutanásia e
nunca tomou qualquer posição pública sobre o tema, nem fez qualquer proposta
legislativa na Assembleia da República.
A
petição do Professor José Manuel foi então enviada para a Iª Comissão para
análise. Dessa comissão faz parte o Deputado Pureza que foi então nomeado
relator da petição.
Foi feita uma audição aos subscritores da petição, onde não esteve
presente o Professor José Manuel mas esteve o Deputado Pureza a defender
os méritos da mesma.
No relatório,
produzido pelo Deputado Pureza, eram feitos vários elogios à petição do
Professor José Manuel. Aliás
o Deputado Pureza ficou de tal maneira convencido com a petição do Professor
José Manuel que anunciou que iria apresentar uma proposta de lei a pedir a
legalização da eutanásia. Isto apesar de nunca o seu partido publicamente ter
defendido o assunto e de nunca o Deputado Pureza, em mais de sete anos como
deputado, ter apresentado qualquer iniciativa sobre o tema.
Entretanto
vários debates foram feitos. Em alguns esteve presente o
Professor José Manuel, activista cívico e peticionário à Assembleia da
República. Noutros esteve presente o Deputado Pureza, político que, só após a
petição do Professor José Manuel, descobriu a necessidade de legislar sobre a
morte a pedido.
Por
muito estranho que pareça, embora estejam ambos muito empenhados no assunto da
eutanásia, nunca o Professor José Manuel e o Deputado Pureza se cruzaram.
Aliás, ainda ontem no debate no Parlamento o Deputado Pureza saudou os
subscritores da petição a favor da eutanásia que assistiam ao debate nas
galerias. Mas ninguém lá viu o Professor José Manuel.
Há
quem diga que o Professor José Manuel e o Deputado Pureza nunca estão no mesmo
local pelo simples facto de serem a mesma pessoa. Mas isso parece-me impossível.
Não acredito que o Deputado Pureza, deputado há mais de sete anos, subscrevesse
uma petição aos deputados a pedir que legislem sobre um assunto, quando ele o
próprio o podia ter feito.
Aliás,
também não acredito que os sete ou oito nomes iguais ao de deputados, que
aparecem entre os primeiros subscritores da petição pró-eutanásia, seja
realmente o dos deputados, mas sim de outras pessoas com nome igual. Porque não
é possível acreditar que deputados da nação, munidos de poder legislativo,
escarnecessem assim da democracia participativa. Porque as petições à
Assembleia da República servem para pedir algo aos deputados. Ora, se os
deputados querem que se legisle num sentido, então devem fazê-lo, que foi para
isso que foram eleitos. Ao subscrever e promover uma petição estão a recusar-se
a fazer o trabalho para o qual são pagos.
Para
além disso, também não acredito que o Deputado Pureza aceitasse aferir da
admissibilidade de uma petição que ele próprio subscreveu. Menos ainda fazer o
relatório da mesma.
Não
acredito que o Deputado Pureza seja capaz de tal falta de ética. De ser ao
mesmo tempo subscritor, legislador e relator. Mas a verdade é que nunca ninguém
o viu no mesmo local que o Professor José Manuel. E isso é um caso muito
estranho!
Se o José Manuel for e o Pureza for outro, para o caso de se envolverem resulta promiscuidade.
ResponderEliminarSe forem uma só pessoa já será Pureza.
Mesmo sendo pureza da mais pura, mais asséptica, a gente dispensa tal morte dessa eutanásia tão desinfectada.