Cumprem-se hoje 55
anos da morte de Winston Churchill. O antigo primeiro-ministro inglês morreu
com 90 anos, tendo dedicado a maior parte da sua vida à política. Embora tenha
sido soldado e jornalista (e em ambas as profissões demonstrou sempre a sua
enorme coragem) Winston Churchill era acima de tudo um político com uma
carreira de 60 anos. Na política foi tudo, desde deputado a primeiro-ministro.
Dominou a política britânica durante décadas. Orador brilhante, irónico e
sagaz, era seguramente dos tribunos mais temidos na Câmara dos Comuns.
Pessoalmente era uma
pessoa bastante única: mimado, egoísta, egocêntrico. Tinha por hábito receber
ministros na cama e ditar às secretárias que ouviam do lado de lá da porta
enquanto tomava banho. Bebia e fumava muito, até o charuto se tornar a sua
marca icónica. Monárquico ferrenho, aristocrata, imperialista, conservador. A
verdade é que Churchill dificilmente teria sucesso na política moderna. Na
melhor das hipóteses era considerado um populista, na pior um fascista.
Churchill foi sempre
uma voz incómoda. Opôs-se aos termos do tratado de Versalhes, foi dos primeiros
a denunciar o comunismo, foi durante muito tempo o único que apontou o perigo
da ascensão de Hitler e, já depois da guerra, será ele a cunhar a expressão “cortina
de ferro”. E esta é mais uma das razões pelas quais Churchill não teria sucesso
na política actual: foi sempre um homem livre, com coragem para denunciar o que
considerava errado.
Mas a verdade é que
Churchill é hoje considerado, com justiça, um dos heróis do século XX. Naquela
que foi de facto a hora mais negra do Reino Unido, foi a sua vontade que
conseguiu manter a Inglaterra na guerra contra os nazis, sozinha desde a
rendição de França até a Pearl Harbour. Sem Churchill é provável que a guerra
acabasse antes de os americanos ponderassem entrar nela.
E foi nesse momento
decisivo, quando se manteve firme contra Hitler, que Winston demonstrou ser o
maior líder que o Reino Unido teve no século XX.
Muitas vezes,
demasiadas, resume-se os grandes líderes ao seu carisma, à sua oratória, ao seu
génio. E isso sem dúvida é importante. Mas não é isso que faz um grande líder.
A grandeza de Churchill não está nas suas qualidades retóricas. Um grande líder
é aquele que convence o povo a caminhar pelo caminho certo, mesmo quando não
quer. O grande líder não é aquele que vai para onde o povo quer ir, mas que
leva o povo para onde este não quer. É aquele que com a sua vontade consegue
manter um povo em luta pelo que está certo. O povo inglês não seguiu Churchill
porque este falava bem, seguiu-o porque reconheceu nele a coragem, a liberdade
e a vontade de lutar pelo que estava certo. Mesmo com sacrifício.
“Nós não nos
renderemos” não tocou o coração dos ingleses por ser uma frase bonita, mas porque
acreditaram que de facto Churchill nunca se renderia. Perceberam que a
proclamação de que lutariam em França, nos mares e nos oceanos, nas ruas, nos
campos e nas colinas, não era um mero artifício de retórica, mas a expressão da
mais profunda convicção do primeiro-ministro.
Um grande líder não é
aquele que fala bem, não é aquele que é capaz de produzir maravilhosas citações.
O grande líder é aquele que com a força da sua convicção e da sua vontade
consegue liderar um povo. E no século XX ninguém o fez como Winston Churchill.
Ele nunca se rendeu, e a verdade é que ganhou e garantiu a liberdade inglesa.
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