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sábado, 28 de março de 2020

Um Homem - Observador, 28/03/20

Há algo de extraordinário em Pedro Passos Coelho. Poucos políticos suscitam tanto respeito, tanta admiração e, ao mesmo tempo, tanto ódio. Embora só tenha governado quatro anos, a verdade é que PPC marcou a política portuguesa como poucos.
É difícil descrever o que há de extraordinário no antigo primeiro-ministro. Se olharmos para o seu mandato não veremos nada fora do comum. Governou com o memorando da troika, aplicando um pacote de “austeridade” imposto por terceiros e acordado por terceiros. É verdade que o fez sem nunca se desviar do objectivo. Também é verdade que foi sempre honesto e corajoso na aplicação das políticas que lhe foram impostas. Cumpriu as suas responsabilidades. Aliás, talvez a sua frase mais memorável seja “eu não abandono o meu país” aquando da crise Vítor Gaspar/Paulo Portas. Fez política de forma educada, elevando o nível do debate político que tinha descido à lama nos tempos de Sócrates. Nunca fugiu do contacto com o povo, nem na altura de maior contestação social. Não procurou dominar a imprensa, a justiça ou a banca. Respondeu sempre diante do Parlamento e não da comunicação social. Governou para o bem do país sem pensar nas eleições. Tudo somado, fez aquilo que é suposto um Primeiro-Ministro fazer. E, apesar de no seu mandato o país ter enfrentado uma das suas maiores crises, entregou um país bastante melhor do que aquele que encontrou e assim ganhou eleições.
Nada do que fez como primeiro-ministro aparenta ser extraordinário. Mas a verdade é que o foi, ainda que não seja fácil explicar porquê. Confesso que só percebi realmente a excepcionalidade de Pedro Passos Coelho quando morreu Laura Ferreira, sua mulher.
Pouco sabemos da vida pessoal de Passos Coelho. Ele sempre foi discreto e a sua mulher ainda mais. Sabíamos que vivia em Massamá, que passava férias no Algarve. Que é um pai dedicado (segunda uma entrevista de Laura, foi uma das razões pelas quais ele a atraiu). Bom filho, bom irmão. Mas foi a doença da sua mulher que demonstrou quem realmente é Pedro Passos Coelho.
Nestes quase cinco anos nunca ouvimos Pedro Passos Coelho queixar-se da doença da sua mulher. Nunca o vimos a usar a doença da mulher, nunca se deixou fotografar no Hospital ao seu lado. Nunca permitiu que fosse ele, a sua dor, o seu cansaço o protagonista da doença de Laura. Sabemos que esteve sempre a seu lado. Que dormia no Hospital. Que recusou sempre sair do seu lado. E sabemos isto, não porque ele o tenha contado, mas porque se foram lendo e ouvido relatos de pessoas que testemunharam a sua inabalável fidelidade à mulher amada.
A doença de Laura Ferreira e a forma como PPC a acompanhou fazem luz sobre o que há de extraordinário neste homem: é que é um homem! Um homem a sério. Alguém que é honesto, integro, corajoso, mas sobretudo, alguém que cumpre o seu dever. E que o faz, não por notoriedade ou recompensa, mas porque é o seu dever. Um homem para quem o dever está acima de estados de alma e vontades pessoais.
Dizia G.K. Chesterton “The most extraordinary thing in the world is an ordinary man and an ordinary woman and their ordinary children.” Neste tempo, onde a política tantas vezes se confunde com negócios, onde vida familiar tantas se confunde com um amontoado de caprichos egoístas, um homem que coloca o dever acima do seu interesse é de facto extraordinário.
Pedro Passos Coelho faz falta. Faz falta na vida política, faz falta na vida social. Faz falta para nos mostrar que ainda há homens na vida pública. Faz falta sobretudo para lembrar a todos os homens o que é um Homem.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Eleições no PSD: PPD vs PS2.





O PSD vai a votos. E vai a votos depois da demissão de Pedro Passos Coelho, o homem que liderou o país durante uma crise dramática, que com firmeza conseguiu tirar o país do buraco em que os socialistas nos colocaram, que mesmo depois de tomar medidas necessárias mas duríssimas, ganhou as eleições legislativas e que, ao fim de dois anos na oposição, é levado à demissão por um resultado menos bom nas autárquicas.

E começo por falar de Pedro Passos Coelho, porque me parece que para se perceber bem a importância das eleições do PSD é preciso perceber com clareza como é que lá se chegou.

Porque a verdade é que PPC devia ser um herói do seu partido e afinal acaba a ser empurrado pela porta pequena. Empurrado por quem? Pelas mesmas pessoas que durante quatro anos disseram que tudo o que governo fazia estava mal feito, pelos mesmos que diziam que íamos ter um segundo resgate, pelos mesmos que menosprezaram todos as subidas do índices económicos, pelos mesmos que diziam que era impossível Pedro Passos Coelho ganhar as eleições, pelos mesmos que nos dois anos após a vitória nas legislativas não descansaram enquanto o PSD não teve uma derrota para expulsar PPC.

A mim, que sou militante de outro partido, tudo isto me parece estranho. Eu diria que quando alguém durante quatro anos falha clamorosamente todas as suas previsões e demonstra uma total falta de lealdade para com o líder do seu partido o resultado devia ser o seu afastamento do partido. Pelos vistos no PSD o resultado é ser considerado o candidato ideal à liderança.

Porque a verdade é que a única “qualidade” que se conhece a Rio foi ter-se constantemente oposto a Passos e ser apoiado pelos barões que constantemente se opuseram a Passos. Mesmo quando isso significou fazer o jogo da esquerda, mesmo quando isso significou desejar o insucesso do governo nacional, mesmo quando isso significou alinhar com os mais abjectos ataques de que um governo foi alvo em democracia.

E assim teríamos Rui Rio, recompensado pelo seu constante apoio ao PS, líder incontestado do PSD, não fora a ousadia de Pedro Santana Lopes em se lhe opor.

Pedro Santana Lopes, que já tinha ganho o seu estatuto de senador do regime, que estava confortavelmente à frente da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e que politicamente já não precisava de demonstrar nada.

Muitos seguramente irão falar (como Rio tem feito) das trapalhadas de Santana. Mas a verdade é que tudo espremido temos meia dúzia de histórias inventadas pelos meios de comunicação social (algumas delas deram origem a processos de difamação, que foram ganho por PSL), a demissão do Ministro do Desporto e o golpe de estado constitucional feito por Jorge Sampaio. A isto se resumem as trapalhadas de um homem que foi um belíssimo presidente da Câmara da Figueira, que tem obra feita em Lisboa e que foi um extraordinário provedor da Santa Casa, tendo estendido o apoio social que esta presta ao mesmo tempo que deixou os cofres cheios (apenas para serem agora esvaziados na aventura do Montepio, a que Santana resistiu, mas que o governo finalmente conseguiu impor com a sua saída).

Eu como militante do CDS preferia que fosse Rui Rio a ganhar as eleições: seguramente isto levaria a que o PSD se transformasse num satélite do PS, com Rio contente em ser o vice de Costa, o que também significaria um crescimento do CDS.

Contudo, como português acredito que o país também precisa de um PSD forte. Por isso espero que o vencedor seja Pedro Santana Lopes, um homem que já provou ter a coragem suficiente para enfrentar o PS e todos os interesses que o rodeiam.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Gerigonça: O Senhor Feliz e o Senhor Contente.





Afirmou ontem António Costa que Passos Coelho é “uma pessoa menos alegre”, ao contrário dele e de Mário Centeno, que pelos visto também é muito alegre. Isto lembra um artigo de Catarina Martins onde explicava que preferia um médico que sorria a um médico com boas notas.

Assim pudemos ver aquele que é um dos maiores problemas da esquerda: o irrealismo. Para a esquerda, especialmente aquela que nos governa, os problemas são sempre questões de narrativa. O problema é que a direita é tristonha, austera, sempre pronta a apontar os problemas. Pelo contrário a esquerda é alegre, gastadora e não liga qualquer importância aos problemas.

O mundo da esquerda é o mundo da aparência, criado pelos jornais e pelos opinion makers. A esquerda vive do humor popular ditado pelos jornalistas.

Enquanto houver dinheiro para gastar, enquanto o Salvador Sobral ganhar a Eurovisão, enquanto o Benfas for campeão, nada há a temer. Basta sorrir e acenar. Se alguém por acaso vier dizer que as coisas não estão bem a resposta é simples: é pessimista, está ressabiado, é pouco alegre, etc., etc., etc… Até toda a gente se esquecer da pergunta.

O problema é que não é só Passos Coelho que é menos alegre que o Primeiro-Ministro, a realidade também o é. Depois de uma profunda crise e de uma duríssima recuperação, o país começa a agora a recuperar. Alavancada pelo turismo, pelos vistos gold, pela recuperação imobiliária permitida pela nova lei das rendas, a nossa economia recomeça a ganhar vida.

Mandaria a prudência que não se deitasse tudo fora em nome da “alegria”. Infelizmente, a esquerda que nos governa está mais interessada nas eleições do que no país. Por isso prefere fingir que tudo está tudo bem com cara alegre para ganhar eleições, do que governar para o bem do país de cara sisuda.

O resultado já sabemos qual é: depois de toda a alegria da esquerda acaba o dinheiro. E logo estará aí a direita, menos alegre e mais sisuda, para tapar outra vez o buraco da “alegria”.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Passos Coelho Habituou-nos Mal.




Assistir à rejeição do programa de governo na Assembleia da República encheu-me de nojo: Foi o triunfo da mediocridade, da cobardia e da desonestidade. Hoje o Parlamento deixou de ser a Casa da Democracia, para ser o time-sharing da esquerda.

Contudo, no meio de toda a indignação, não posso deixar de me perguntar: porque haveria de ser diferente? Porque razão haveríamos de esperar mais do Partido Socialista? O mesmo partido que durante seis anos aclamou José Sócrates; o mesmo partido que elegeu Seguro para depois aplaudir à defenestração traiçoeiramente executada por Costa; o mesmo partido que assistiu à derrota de 4 de Outubro sem qualquer sinal de revolta.

Porque razão esperamos que a extrema-esquerda, a mesma que durante quatro anos exigiu a demissão de um governo com uma sólida maioria parlamentar, a mesma que tentou ganhar na rua o que não conseguiu vencer nas urnas, de repente respeitasse a democracia?

A verdade é que estamos mal habituados. Os últimos quatro anos em que Pedro Passos Coelho foi Primeiro-Ministro habituaram-nos a uma outra forma de fazer política.

O primeiro mandato do actual Primeiro-Ministro merece ser recordado por inúmeras razões. Tendo herdado não apenas uma crise gravíssima, mas também um programa de assistência internacional duríssimo, Passos Coelho e o seu Governo conseguiram em quatro anos o que todos diziam ser impossível: cumprir o programa, manter o défice, aumentar o emprego, equilibrar a balança comercial e regressar aos mercados.

Tudo isto enfrentando a oposição irracional de todos os partidos da oposição, assim como os constantes ataques da maior parte dos comentadores, incluindo os do seu partido, e dos media em geral.

Mais ainda, apesar de todos os sacrifícios, apesar todos os ataques, apesar de toda a demagogia, Passos Coelho e a coligação que liderou conseguiram aquilo que há um ano parecia impossível. Sem nunca ceder ao eleitoralismo, mantendo sempre o rumo que achava correcto, a coligação Portugal à Frente conseguiu convencer o povo a dar-lhe a vitória nas urnas.

E a verdade é que este modo de fazer político, colocando o interesse da Nação à frente do interesse pessoal e do interesse partidário, habituou-nos mal.   Habituou-nos a uma maneira séria e honrada de fazer política.

Uma maneira de fazer política onde os compromissos são para cumprir, as dívidas são para se pagar, os factos são factos e não narrativas. Uma maneira de fazer política na qual o Primeiro-Ministro responde diante do Parlamento e não dos jornais, o Governo não tem medo de tomar medidas duras para o bem comum e a oposição é tratada com respeito.

De facto, ao dizer "que se lixem as eleições o que interessa é Portugal", ao recusar a demissão de Paulo Portas, ao negar apoio a Ricardo Salgado, Pedro Passos Coelhos habituou-nos muito mal.

Ao aceitar governar durante quatro anos, em condições duríssimas, com imenso sacrifício pessoal, sem nunca se esquivar às suas responsabilidades, o Primeiro-Ministro habituou-nos à verdadeira política, aquela que existe para servir o bem comum.

Por isso nos surpreendemos com a baixeza da esquerda, embora já devêssemos estar habituados. Mas não nos surpreendemos quando ouvimos Pedro Passos Coelho a dizer “Sempre disse que não abandonava o meu país. Se não me deixam lutar por ele no Governo, como quiseram os eleitores, lutarei no Parlamento”.

Assim, apesar da indignação e do nojo com a rejeição do programa de governo, não posso deixar de estar grato a Passos Coelho. Grato pelo seu serviço público, pelo seu governo e sobretudo por me ter habituado mal. Espero ter rapidamente a oportunidade de votar novamente nele, para que nos continue a habituar mal por muitos mais anos.