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quarta-feira, 17 de maio de 2023

O Rei vai nu!




No conto infantil O Rei vai nu, há uns trapaceiros esperto que convencem o rei que lhe fizeram uma roupa com o mais belo tecido do mundo, mas só pode ser visto por pessoas sábias. O rei não via tecido nenhum, mas como não queria passar por burro, apreciou a sua nova roupa inexistente e “vestiu”. Logo todos os cortesões, também eles com o medo de serem rotulados de incultos, apreciaram a nova roupa do Rei, quando este se lhes apresentou de ceroulas. Quando o rei se foi mostra ao povo, também este, querendo parecer sábio, aclamou a maravilhosa veste real. Até que uma criança gritou “o rei vai nu!” e a farsa acabou, percebendo todos que tinham sido enganados pelos trapaceiros.

Cada vez mais, quando oiço discursos sobre a ideologia de género, com construções sociológicas cada vez mais complexas, me lembro desta história. Uma sociedade que procura convencer-se a si mesmo de que a realidade não é real, que aquilo que “sentimos” é superior aquilo que é, tudo para sermos “modernos”. E no entanto, apesar de todas as teorias e sentimentos, a realidade continua a ser o que sempre foi: homem e mulher.

Tenho o maior respeito por todas as pessoas. E todas devem ser tratadas com dignidade. Mas não nos enganemos, dizer a um homem que é uma mulher não é respeitá-lo, é alinhar numa farsa igual ao dos trapaceiros da história infantil, que encontraram na corte e no povo, idiotas úteis para levar avante o seu esquema. Um homem sentir-se uma mulher não o transforma numa mulher, e obrigar todas as pessoas a dizer que é uma mulher, ensinar, às crianças que é uma mulher, também não muda a realidade. E ao contrário do que acham os arautos da modernidade, preferir a realidade aos sentimentos, não é uma violência, nem um desrespeito, muito pelo contrário.

Sobre os disparates das teorias de género e o movimento alfabético, muito haveria a dizer. Mas para mim basta-me uma história infantil: o Rei vai nu! E isso não muda, por muitas cores projectadas, por muitas campanhas nas escolas, por muitas leis que aprovem, o rei vai continuar nu.

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terça-feira, 16 de maio de 2023

HEY! MINISTER! LEAVE THEM KIDS ALONE!



Um dos maiores desafios dos pais nestes tempos é a relação das crianças com a tecnologia. Por um lado, é evidente que não é possível (nem é bom) não introduzir as crianças a uma ferramenta que deverá ser essencial no seu futuro. Gostemos ou não, os nossos filhos estão a ser criados num mundo digital. Por outro, o vício nos écrans está a criar uma geração que não sabe interagir com pessoas, sem imaginação, incapaz de pensar, incapaz de resolver problemas, e cada vez mais egocêntrica.


Em minha casa, com os meus filhos que são todos pequenos, evitamos a dependência dos écrans. Os miúdos vêem televisão como é evidente, e os mais velhos já conseguem pesquisar no Youtube (que usam apenas para ver jogos antigos de futebol e montagens dos melhores golos). Para além disso, de vez enquanto lá jogam um jogo no telefone dos avós (e mesmo isso tentamos limitar ao máximo).

Sei que irão precisar de saber utilizar os gadgets modernos, mas felizmente terão tempo. Agora é tempo de montar legos, mascar-se de heróis, fazer puzzles, fazer plasticina e pinturas, e inventar jogos.

Este desafio que nós vivemos em casa, é um desafio que todos os pais actuais sentem. E que não é fácil de gerir e que vai ficar cada vez mais difícil. Seria bom e importante que a escola fosse uma aliada dos pais nesta tarefa. Que ajudasse os miúdos a crescer sem estar dependente dos ecrãns, que os ajudasse a desenvolver a razão e a imaginação sem ter que recorrer ao Google ou ChatGPT, que os introduzisse com critério, no tempo certo, ao mundo digital.

Infelizmente o génio que temos no Ministério da Educação, incapaz de arranjar professores para crianças, mas com tempo para perseguir uma família que exerce o seu direito à liberdade de educação, lembrou-se que era boa ideia que os exames de aferição fossem todos digitais. Ou seja, obrigar miúdos de 7/8 anos a fazer testes, com respostas por extenso incluídas, num computador.

Miúdos que, por força da pandemia, tem atrasos na sua educação, miúdos que durante dois anos o contacto que tiveram com a escola foi por um écran, miúdos que ainda estão a desenvolver as suas capacidades de escrita e de matemática, vão ser obrigados a fazer uma prova nacional num computador.

A razão para esta extraordinária decisão? Prepará-los para os exames do secundário. Ou seja, para prepará-los para exames que vão ser feitos daqui a 8 ou 9 anos, vamos já colocar crianças pequenas a depender de écrans.

Já não falo de todo o pesadelo logístico que isto significa para as escolas. Mas como pode passar pela cabeça de algum educador que é boa ideia por crianças de 7/8 anos agarrados a um computador? Como é que quando os pais lutam cada vez mais para manter os miúdos afastados dos écrans, há todo um ministério que acha boa ideia obrigá-los a trabalhar num computador!

O meu filho mais velho, que é um bom aluno e sempre cumpridor, vai fazer provas de aferição. E será a primeira vez que irá mexer num computador. Já lhe expliquei que não se preocupe, que os pais não estão nada preocupados com este exame e que ele faça o que conseguir. Felizmente está numa escola que o educa realmente, e que se recusou a perder tempo essencial para educar crianças do segundo ano a prepará-los para este disparate.

Mas tenho consciência que a sorte que eu tenho de conseguir, embora com enorme sacrifício pessoal, escolher a escola dos filhos é um privilégio que pouco têm em Portugal. A esmagadora maioria dos miúdos está entregue aos tontos da 5 de Outubro, que olham para as crianças como cobaias educativas.