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segunda-feira, 18 de maio de 2020

São João Paulo II, Magno - 100 anos.





Assinala-se hoje 100 anos do nascimento de Karol Woytila, São João Paulo II. O Papa polaco é sem dúvida um dos maiores homens do século XX, e um dos grandes santos da Igreja.

Órfão de pai e mãe ainda jovem, resistiu ao regime nazi e depois ao comunismo. Extraordinário actor, apaixonado pela sua Polónia. Desde cedo no seu sacerdócio, e depois como arcebispo de Cracóvia, demonstrou uma especial inclinação para os jovens. Era também um desportista. Amava as montanhas e o sky.

Quando foi eleito Papa era uma figura imponente, com uma voz capaz de se impor ao mundo. Teve um longo pontificado (27 anos), marcado por um renascimento da Igreja e pela reaproximação dos jovens.

Havia tantas coisas para dizer sobre João Paulo II. As suas viagens por todo o mundo, a sua devoção a Nossa Senhora, a proximidade às pessoas, o seu olhar desconcertante!

Com ele a Igreja voltou a aprender o valor da pureza e da defesa da Vida. Reaprendeu a graça da confissão, já tão esquecida.

E depois temos também a sua intervenção pública. A sua oposição ao comunismo foi essencial no fim da URSS. Mas também é preciso lembrar como tantas vezes levantou a voz pela paz. Como se opôs claramente à primeira Guerra do Golfo. 

O pontificado de João Paulo II foi uma grande graça para a Igreja e para o mundo. Mas devo confessar que a memória que guardo de São João Paulo II não é do homem de palavras fortes e gestos gloriosos. Eu só assisti ao fim do seu pontificado. A minha recordação é do Papa doente, fragilizado. É de suster a respiração a cada gesto seu, rezando para que o Papa tivesse força para continuar.

Eu bem sei que quando falamos de João Paulo II preferimos sempre focar-nos na sua glória, e tratar a sua doença, e sobretudo, os últimos dias da sua vida, como um pormenor.

Mas devo dizer que foi precisamente o modo como viveu a sua doença que me fez amar João Paulo II de maneira profunda. Porque na sua doença brilhou com clareza toda a sua Fé e toda a sua entrega a Cristo.

Na sua última aparição pública, no Domingo de Páscoa de 2005, já nada havia do gigante que tinha tido o mundo a seus pés. Só estava ali um homem doente, acabado, que nem era capaz de falar. E contudo ofereceu-se até ao fim. Na sua última aparição já pouco havia de Karol Woytila, mas naquele homem que abençoava o seu povo estava Cristo. Naquele homem que abraçou a cruz até ao fim, naquele que não se poupou a nenhuma humilhação, ali estava a resposta à pergunta de Cristo a Pedro: “Senhor, tu que sabes tudo, bem sabes que te amo”. De Karol Woytila já não havia nada, já só lá estava Pedro. 

Nesta última aparição das suas enormíssimas capacidades só sobrava a Fé. E foi a Fé que o fez um homem extraordinário. Por isso ali estava o essencial.