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sexta-feira, 17 de maio de 2019

O Polígrafo disse a verdade sobre a Federação Portuguesa pela Vida?





O novo drama do momento são as notícias falsas, provincianamente apelidadas de “fake news”, uma realidade com milhares de anos, mas que serve como bom bode expiatório para a ascensão dos populismos (os de direita que são maus, não confundir com os de esquerda que aparentemente não têm mal nenhum).

Para combater a nova praga foi criado um site de verificação de factos (ou na linguagem contemporânea) “fact checking” de seu nome Polígrafo, que se apelida como “o primeiro jornal português de fact checking”.

O problema é que o Polígrafo muitas vezes mais do que verificar os factos, verifica apenas se a interpretação dos factos está de acordo com a sua interpretação. Isto tem sido evidente nas notícias relacionadas com o aborto.

Em Janeiro o Polígrafo sentenciava como “impreciso” a notícia de que o aborto era a maior causa de morte no mundo. Segundo os mesmo era impreciso porque a OMS não considerava o aborto uma causa de morte. Ou seja, os factos da notícia eram todos verdadeiros, mas havia outra interpretação dos factos. A notícia não foi considerada verdadeira, nem sequer brindada com a categoria “verdadeiro, mas”, simplesmente “impreciso”.

Mas pior ainda foi a notícia de 1 de Abril (aliás, lendo a noticia poderia pensar-se que era uma partida do dia das mentiras) onde o Polígrafo afirmava ser falso que no Estado de Nova Iorque se pode abortar até ao fim da gravidez. O Polígrafo considerava a notícia falsa porque se podia abortar até fim da gravidez mas só em alguns casos, sendo que nos restantes não se pode, mas também não é crime. Ou seja pode-se de facto abortar até ao fim da gravidez, mas o Polígrafo diz que é falso porque… Não se encontra qualquer razão a não ser mesmo sobrepor as convicções do Polígrafo à verdade.

Por fim o Polígrafo publicou ontem à notícia (hoje disponível em versão vídeo) “Eleições Europeias: Há partidos que são a favor ou contra a "vida por nascer"?” sobre o quadro feito pela Federação Portuguesa pela Vida, com a avaliação “Falso”.

Quais são os argumentos do Polígrafo para considerar o quadro falso?

Primeiro «A tabela baseia-se supostamente em perguntas que terão sido respondidas pelos candidatos dos partidos às eleições europeias, mas não só, como se depreende a partir de uma nota de rodapé (com letras de tamanho muito reduzido, quase imperceptível) que passamos a transcrever: "O quadro acima foi elaborado a partir das respostas recebidas das forças políticas pela Federação Portuguesa pela Vida, da análise das suas mais recentes intervenções e posições e dos programas apresentados para as eleições europeias"» Ora não se percebe o problema aqui levantado pelo Polígrafo: a legenda que informa que o quadro é feito a partir da análise das posições públicas dos partidos é a mesmíssima que fala das respostas ao inquérito. As duas informações são colocadas ao mesmo nível com o mesmo destaque.

Depois, diz o Polígrafo «O problema é que o manifesto eleitoral do PS não tem qualquer referência à "vida por nascer", nem à questão da interrupção voluntária da gravidez ou aborto (parece ser esse o significado da expressão "vida por nascer"). O mesmo se aplica ao manifesto eleitoral do BE e também ao manifesto eleitoral da Aliança, bem como no do PAN. Nas mais "recentes intervenções e posições" dos respetivos candidatos também não detectamos qualquer referência a essa matéria.« Pelos vistos o Polígrafo nem se deu ao trabalho de verificar todos os partidos, apenas algum (enfim, não abona a favor da isenção). Mas pior do que isso o Polígrafo demonstra um desconhecimento total da realidade política portuguesa. Pelos visto não conhece o posicionamento do Bloco e do PS sobre o aborto. Não conhece que a primeira medida do actual parlamento foi a revogação da Lei de apoio à Maternidade e Paternidade aprovada pelo PS, Bloco, PC, Verdes e PAN. Não a conhece a resolução sobre o aborto no SNS recentemente aprovada no Parlamento.

Contudo, apesar de todos este desconhecimentos dos factos, o Polígrafo não se coíbe de dizer «“Ou seja, a tabela difunde uma falsidade: as posições quanto à "vida por nascer" não se baseiam em respostas oficiais dos partidos ou candidatos (pelo menos dos três já confirmados pelo Polígrafo), nem nas "suas mais recentes intervenções e posições", nem sequer dos "programas apresentados para as eleições europeias".» O Polígrafo não falou com todos os partidos, o Polígrafo não foi estudar a posição dos partidos sobre o aborto, mas não tem qualquer problema em fazer acusações. Como se pode ver não se trata de verificação de factos, mas apenas de uma tentativa de linchamento público.

Podíamos pensar que isto já era suficiente. Mas a fúria ideológica do Polígrafo ainda não tinha terminado. Neste ponto já somava várias mentiras, mas não era suficiente. «Acresce a manipulação e desinformação inerentes à forma como se indica que os partidos são a favor ou contra a "vida por nascer". Ora, mesmo que um partido ou candidato seja a favor da não criminalização da interrupção voluntária da gravidez ou aborto, isso significa que é contra a "vida por nascer"? No limite, ser contra a "vida por nascer" até pode ser interpretado como ser contra a gravidez, ou a possibilidade de reprodução».

Primeiro alguém devia emprestar um manual de biologia aos jornalistas do Polígrafo: antes da gravidez não há vida, logo era preciso uma interpretação muitíssimo alargada para transformar ser contra a vida por nascer em ser contra a gravidez.

Depois, já que é supostamente especialistas em verificar factos o Polígrafo podia ter verificado que os partidos assinalados como contra a vida por nascer, não se limitaram a ser contra a “descriminalização” do aborto, aprovaram mesmo a sua legalização. Mas mais grave, no principio da legislatura, ao revogar a Lei de Apoio à Maternidade e Paternidade revogaram coisas como a consagração legal da não discriminação das mulheres grávidas, a protecção do nascituro, a inclusão do nascituro no agregado familiar para efeitos fiscais ou a criação de programas autárquicos de apoio à família. Claro que para verificar os factos o Polígrafo tinha que estar interessado na verdade e não apenas em desacreditar a Federação Portuguesa pela Vida.

Mais uma vez o Polígrafo, a coberto do seu manto de suposto guardião da verdade, manipulou os factos para promover a sua opinião sobre o aborto. Inventou um suposto critério, não o verificou, afirmou factos que não confirmou e investigou, para no fim chegar à conclusão que queria. Ou seja, o Polígrafo inventou mais uma “fake new”.

Avaliação ao Polígrafo:

FALSO.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Os abusos de menores e a campanha do Observador.




O especial publicado pelo Observador esta semana, sobre o abuso sexual de menores por sacerdotes, não pode, antes de qualquer outra consideração, deixar de causar dor e repulsa. Dor por aquelas crianças cuja infância foi violentada por um adulto. E por um adulto que era sacerdote, que devia ser como um pai, que devia ser a imagem de Jesus nas suas vidas. Pensar naquilo pelo qual aquelas crianças passaram às mãos de um padre só nos pode fazer chorar de vergonha. E repulsa, repulsa por um adulto que abusa assim de um menor, por um cristão que se entrega de tal modo à luxúria que é capaz de usar uma criança, repulsa por um sacerdote que trai desta maneira as suas promessas e a sua vocação. Um sacerdote que tem como vocação servir a Cristo, mas que faz a obra do diabo.

E nenhum número, nenhuma estatística atenua ou apaga a vergonha e a dor destes abusos. Porque cada caso significa uma criança cuja vida foi ferida em duas das dimensões mais intimas do homem: a sexualidade e a fé. Pior, o abusador usa a fé daquela criança para o abusar! Um caso já seria demais.

Dito isto, é inaceitável aquilo que o Observador fez. Anunciou uma grande investigação sobre abusos sexuais a menores por sacerdotes, esteve uma semana a pedir denúncias no fim de todas as páginas do site, insinuou que havia muitos casos por contar, comparou-se ao Boston Globe e aos jornalistas que denunciaram grandes casos de abusos em vários países, para depois de facto publicar quatro casos que já eram públicos e que já tinham sido todos noticiados!

Ou seja, o resumo de quatro meses e meio de investigação dos jornalistas do Observador é contar casos que já eram públicos. Mas o pior foi que, não tendo sido capaz de facto de encontrar nenhum caso para além deste os jornalistas, decidem então declarar:

“A estes dados juntar-se-ão ainda casos que acabaram arquivados sem provas. E os outros números que nunca serão totalmente conhecidos: os daquelas vítimas que não ousaram partilhar com alguém aquilo que sofreram, ou que partilharam e viram os seus casos encobertos, sendo aconselhadas a manterem-se em silêncio.”

Ou seja, não há factos, mas o jornalista tem a convicção que há mais casos e por isso afirma-o, sem qualquer problema em lançar a calúnia (uma vez que não apresenta nada que substancie tal afirmação) que há casos de encobrimento de abuso de menores!!

Ficamos por isso a saber que o Observador dedicou quatro meses a uma investigação, que só conseguiu descobrir o que era público, mas mesmo assim afirma que há mais casos. Sem qualquer necessidade de provar tão graves alegações.

É preciso não confundir. O Boston Globe, quando denunciou os casos de abusos de menores nos EUA trouxe à luz uma teia de padres abusadores que foram protegidos pelos seus bispos. Foi doloroso para a Igreja, mas a culpa não é dos jornalistas, mas dos padres e bispos que traíram os seus votos. O Boston Globe prestou um serviço à Igreja, ao trazer tal porcaria para a luz, permitindo assim que a Igreja americana se purificasse.

Comparar isto a quatro histórias requentadas, maquilhadas com grafismo inovador, seguido de insinuações e calúnias é uma ofensa ao jornalismo. Mas é sobretudo uma ofensa às vítimas dos abusos que vêm assim as suas histórias novamente nos jornais sem nenhum outro fim que não seja o de ganhar audiências.

Se o Observador conhece casos de abusos de menores por parte de sacerdotes que não sejam públicos tem a obrigação de os revelar. Se o Observador conhece casos onde a hierarquia da Igreja tentou encobrir abusos de menores tem a obrigação de os revelar. Agora, se ao fim de quatro meses de investigação não encontrou nenhum caso para além daqueles que são públicos, então também tem a obrigação de reconhecer que tudo indica que em Portugal não é sistémico o abuso de menores por sacerdotes nem há uma conspiração da hierarquia para abafar tais casos.

Infelizmente o especial do Observador pareceu ser imune aos factos que relata. Aparentemente o drama daquelas nove crianças serviu apenas como pano de fundo para poder lançar insinuações e calúnias. Por muito grafismo bonito, por muitas cronologias, por muitos mapas que o Observador use, a verdade é que tudo espremido o grande especial do jornal limita-se a juntar histórias públicas de abusos de menores com insinuações numa tentativa de fabricar uma polémica viral. O estratagema até pode funcionar a curto prazo. A longo prazo, significa apenas mais um prego no caixão do jornalismo de referência.

sábado, 12 de janeiro de 2019

Ana Leal e o voyeurismo transvestido de jornalismo - 12/01/19

No dia 10 de Janeiro a TVI passou uma reportagem da jornalista Ana Leal (AL) que, segundo a própria, revelava um grupo secreto, constituído por psicólogos, psiquiatras e padres, que queria curar homossexuais através de terapias de conversão.

Infelizmente só havia uma psicóloga, um padre e nenhum psiquiatra. Pior, não havia quaisquer terapias de conversão ou conversas sobre “curas”. No fundo a reportagem consistia na gravação, dissimulada e não autorizada, de consultas de um homem adulto com a psicóloga Maria José Vilaça (MJV) e de reuniões de um grupo de apoio pastoral da Igreja Católica a homossexuais. Quanto ao secretismo, também era inexistentes, uma vez que MJV não disse nas tais gravações dissimuladas nada que não tenha já dito publicamente, assim como o sacerdote filmado também não disse nada diferente daquilo que a Igreja afirma publicamente. No fundo a reportagem tinha um único fim: o linchamento público de MJV.

Durante toda a reportagem é possível ouvir a jornalista a insistir com “Carlos” (o repórter anónimo, que nunca é revelado, ao contrário da psicóloga por ele espiada, suponho que para o salvaguardar das consequências legais das suas acções) para falar sobre as terapias de conversão e sobre cura, mas sem grande sucesso uma vez que de facto tais termos só existiam na cabeça da jornalista. Aliás, devia ficar para os anais da falta de cultura dos jornalistas o momento, no debate que se seguiu à reportagem, em que a autora da reportagem, ao ouvir MJV a negar que pratique terapias de conversão, afirmar “mas a doutora fala várias vezes de conversão”. Pelos vistos AL acha mesmo que, quando numa reunião de católicos se fala de conversão se está a falar numa qualquer terapia e não do arrependimento e acto de fé em Deus! Se calhar teria sido melhor mandar espiar uma qualquer catequese de crianças, sempre evitava fazer tais figuras em directo na televisão!

Mas todas estas coisas, por muito más que sejam e por muito que digam sobre o estado do jornalismo em Portugal, não seriam assunto suficiente para escândalo. O que foi realmente grave na reportagem de AL foi consistir basicamente em gravações dissimuladas, sem autorização dos seus intervenientes.
É de uma enorme gravidade que uma jornalista monte uma “emboscada” a uma psicóloga. Que filme sessões de terapia e que as divulgue. É muitíssimo grave que uma jornalista mande alguém infiltrar-se num grupo de apoio espiritual (a que insistiu mentirosamente em chamar terapia) e exiba publicamente (sem qualquer cuidado em distorcer vozes por exemplo) as conversas que foram tidas nesse grupo. É extremamente grave que uma jornalista mande gravar uma conversa entre um sacerdote e alguém que supostamente buscava orientação espiritual.

A “reportagem” de AL viola de maneira clara o direito à imagem, a reserva da vida privada, ao livre exercício da profissão e ao livre exercício de religião. Quebra o laço de confiança entre profissionais de saúde e pacientes (que a partir de agora já não sabem quando serão filmados e exibidos em formato inquisitorial na TVI). Quebra a confiança que as pessoas que buscam apoio espiritual em grupo têm no anonimato desse apoio (não sabem quando é que a AL irá decidir que fazem parte de um “grupo secreto” e filmar os seus encontros). Quebra o segredo que se espera na orientação espiritual com um sacerdote (que a partir de agora terá que pensar duas vezes no que diz e de como se expõe não vá a TVI decidir que precisa novamente de audiências!).

A reportagem de AL viola de maneira clara os deveres deontológicos de um jornalista (conferir artigo 14 do Estatuto do Jornalista) e a TVI viola claramente a Lei da Televisão ao exibi-la. AL tem todo o direito a discordar de MJV e da Igreja Católica na visão da homossexualidade. Não tem o direito de violar a privacidade das pessoas em nome da sua ideologia. Fico á espera que a ERC e a CCPJ intervenham com clareza e dureza. Caso contrário ficamos a saber que no jornalismo em Portugal vale tudo, até violar a Lei e a Ética.

Jurista

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Ideologia de Género: Vitória a Qualquer Preço.




Em Dezembro do ano passado, suicidou-se um jovem transgénero de 17 anos. O seu nome era Josh Alcorn, mas queria ser chamado por Leelah. A notícia foi amplamente noticiada, sobretudo pelo facto de os pais de Josh o terem levado a fazer terapia conversiva.

A Organização Mundial de Saúde tem recomendações muito específicas sobre como se deve noticiar estes acontecimentos, pois está estudado que as notícias sobre suicídios podem levar a mais suicídios.
Entre as recomendações da OMS estão, por exemplo, que se deve apenas relatar factos relevantes, e mesmo estes nas páginas internas de veículos impressos; não publicar fotografias ou cartas do falecido; não fazer sensacionalismo sobre o caso; não atribuir culpas.

De todas estas indicações os media fizeram tábua rasa. No desejo de atacar as terapias que visam o tratamento deste transtorno, os jornalistas fizeram uma ampla cobertura do caso, puseram as noticias nas principais páginas das versões online, mostraram fotografias e vídeos em abundância, fizeram um enorme barulho sobre a opressão do jovem por ter que fazer terapia e atribuíram todas as culpas aos que defendem que é possível os transexuais fazerem terapia para reverter a sua condição.

O facto é que até ao dia 9 de Abril já outros seis jovens transexuais se tinham suicidado. Não afirmo que há uma relação directa entre a publicidade ao caso Alcorn e estes actos. Mas a verdade é que os media insistem que existe uma onda de suicídios de jovens transexuais, depois de terem glorificado o caso de um pobre jovem que se suicidou, apenas para afirmar a sua agenda. Parecem contudo ser incapazes de pensar se o seu comportamento não terá tido alguma influência nesta onde de suicídios.

Contudo, o mais grave aconteceu no dia 11 de Abril, quando a Casa Branca apelou ao fim das terapias conversivas e citou o exemplo de Alcorn. Este facto foi publicitado em jornais de todo o mundo e a tragédia do jovem Alcorn foi dada como exemplo de um acontecimento que pode mudar a política.

A verdade é que dois dias mais tarde, outro jovem transgénero de 16 anos se suicidou. Também este caso mereceu amplo destaque da imprensa, com os mesmos atropelos às recomendações da OMS que tinham sido feitos no caso de Josh Alcorn. Desta vez, na ausência de qualquer terapia conversiva, o alvo da fúria dos jornalistas foi o bullying de que o jovem era alvo.

Ou seja, dois dias após o executivo de Obama ter vergonhosamente usado o drama de um adolescente de 17 anos para fins políticos, outro jovem segue o mesmo caminho. E em vez de alguém se interrogar se não terá sido irresponsável da parte de Obama glorificar uma tragédia para fins políticos, voltam a repetir-se os mesmos erros.

Bem sei que não é possível afirmar uma relação directa entre estas oitos mortes dramáticas e o uso irresponsável que os políticos e jornalistas favoráveis à ideologia de género fazem dele. Mas é possível afirmar que publicitar e glorificar (morreu por uma causa) o suicídio de jovens adolescentes para afirmar uma agenda política é perigoso, irresponsável e, sobretudo, totalmente desprezível.

A ideia de que o género de uma pessoa pode ser diferente do seu sexo, ou seja, de que uma pessoa pode ser uma “mulher” presa num corpo masculino é de uma violência tremenda. Implica uma pessoa dissociar-se do seu próprio corpo, afirmar-se a si mesmo como um erro, violentar-se a si mesmo para afirmar o primado da sua ideia sobre a realidade. 

Ora, isto não acontece sem consequências. O problema não é o bullying (embora este seja sempre um acto vergonhoso que não tem nenhuma desculpa), nem as terapias conversivas. Mas sim a violência a que o transexual se obriga para se negar a si mesmo. Por isso o transexual precisa obviamente de apoio, o que é muito diferente de incentivo.

Um adolescente que vive este drama, a última coisa que precisa é que lhe dêem exemplos de pessoas que não aguentaram viver assim e decidiram tirar a sua própria vida. Isto devia ser evidente para todos. Infelizmente, aqueles que se dizem defender os direitos dos transexuais não se importam nada com os métodos que usam na sua guerra, nem com as baixas que causam.