Confesso
que tenho estado perante este surto do Covid-19 com uma sensação mista de
incredulidade e algum desânimo. Ao contrário de tanta gente que leio nas redes
sociais, não consigo ter grandes certezas sobre o tema. Não sei se as escolas
deviam ou não fechar, se o país devia ser posto em quarentena. Não alinho no histerismo,
mas também não partilho da opinião de que isto é tudo culpa da comunicação
social.
É
evidente que estamos diante de algo grave, quanto mais não seja pelo pouco que
se sabe sobre este vírus. E se o histerismo não nos leva a lado algum, é importante
a prudência. Se de facto não for assim tão grave, só teremos perdido alguns
dias com constrangimentos. Se o caso for realmente grave, então provavelmente
daremos esses constrangimentos por bem empregues.
Também
tenho assistido a muita zanga com este tema. Zanga com o Governo, com a DGS,
com as pessoas que vão à praia, com as pessoas que compram demasiado papel higiénico.
Também não consigo partilhar dessa zanga. Toda esta situação é demasiado nova,
demasiado desconhecida, tem demasiadas variáveis. É normal que haja desorientação
nos governantes. É normal que as pessoas não saibam reagir. E se este vírus vai
sem dúvida afectar a vida social (já ninguém se atreve a abraçar amigos, quanto
mais um desconhecido), acrescentar a esse afastamento zangas e acusações não me
parece útil. Sim, também vi as fotografias das praias cheias. E sim, também
acho inconsciência. Mas sejamos honestos: quantos de nós temos levado
completamente a sério todas as indicações médicas contra a propagação do
Convid19? Eu confesso que só há dois dias é que comecei a lavar as mãos mais
vezes do que o costume.
Sobre
este tema não tenho qualquer opinião ou conselho para dar que seja útil. E a verdade
é que a maior parte das pessoas que dá opiniões sobre o tema também não. Há
esta necessidade de ter e exprimir opinião sobre todos os assuntos. Parece-me
que nesta crise tal necessidade só tem trazido confusão. A opinião que conta, e
que devemos seguir, é a dos especialistas.
A
verdade é que estamos impotentes diante desta ameaça. Pouco ou nada podemos
fazer para a travar. Resta-nos por isso o supremo acto de humildade que é
pedir. Pedir Àquele que tudo pode. Pedir para que ilumine os nossos Governantes.
Para que dê forças aos nossos médicos e enfermeiros que estão à beira de uma batalha
imprevisível. Pedir pelo nosso país. Pedir pelos que estão doentes e pela alma
dos que já morreram. E virar o olhar
para Maria Santíssima, Consoladora dos Aflitos, Saúde dos Enfermos, Auxílio do Povo
Cristão.
Poucas
orações me consolam tanto como a oração de São Bernardo de Claraval a Nossa
Senhora. Que a certeza da Fé nos ajude e sustente neste tempo de tribulação a
não ceder ao medo e ao desespero.
Lembrai-Vos,
ó piíssima Virgem Maria,
que
nunca se ouviu dizer
que
algum daqueles
que
têm recorrido à vossa protecção,
implorado
a vossa assistência,
e
reclamado o vosso socorro,
fosse
por Vós desamparado.
Animado
eu, pois, de igual confiança,
a
Vós, Virgem entre todas singular,
como
a Mãe recorro,
de
Vós me valho e,
gemendo
sob o peso dos meus pecados,
me
prostro aos Vossos pés.
Não
desprezeis as minhas súplicas,
ó
Mãe do Filho de Deus humanado,
mas
dignai-Vos
de
as ouvir propícia
e
de me alcançar o que Vos rogo.
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