A eutanásia foi
derrotada. Por uma unha negra, mas foi. Foram só cinco os votos que fizeram a
diferença (e nem foram bem cinco, porque quatro deputados do PSD votaram a
favor da eutanásia, mas em projectos diferentes, de modo a serem a favor mas
não puderem ser culpados pela sua aprovação).
Mas não nos deixemos
sossegar nem por um instante por esta vitória. O assunto vai regressar ao
parlamento. E irá regressar as vezes que forem necessárias até ser aprovado. A
próxima batalha será já para o ano, com sorte no a seguir.
A verdade é quando os
temas fracturantes chegam a Assembleia da República, já perdemos. Pode não ser
à primeira ou à segunda. Até podemos, fruto do trabalho política e de alguma sorte,
ganhar aqui e ali. Mas inevitavelmente acabaremos por perder.
O combate político em
defesa da vida e da família equivale a por uns quantos paus à frente de um rio a
ver se o conseguimos parar! Quando o assunto chega à política é porque já
perdemos a batalha cultural e social.
O problema da
eutanásia não é haver deputados que pensam que há vida que já não são dignas.
Mas sim a quantidade de pessoas anónimas que ouvimos dizer o mesmo.
Por isso a luta pela
defesa da vida e da família antes de ser política, é uma luta educativa. É a
luta contra uma mentalidade dominante. Contra a mentalidade que diz que a
pessoa é aquilo que a sociedade diz que é. Uma mentalidade incapaz de
reconhecer o valor objectivo da vida humana.
É evidente que não se
pode abandonar a luta política. É evidente que cada vez que um partido propuser
um projecto de lei que ataque a vida ou a família é necessário o empenho de
todos nós para tentar travar tal lei. Mas também é evidente que enquanto não
começar-mos a travar a batalha cultural, a batalha política estará sempre muitíssimo
desequilibrada.
Dia 29 de Maio foi
uma vitória. Uma vitória que devemos celebrar. O chumbo da eutanásia significa
que tão cedo o Estado não terá o poder de decidir sobre a vida dos doentes que
estão em tal sofrimento que pedem para morrer. Mas não devemos nem pudemos descansar
à sombra da vitória.
É urgente construir
uma verdadeira cultura de vida. Caso contrário estaremos constantemente a
travar batalhas políticas e a festejar vitória de 20 em 20 anos, no meio de
enormes derrotas!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarZé,
ResponderEliminarObrigado por todo o empenho.
Óptimo artigo!
Ganhámos a batalha mas a guerra está para ficar e cá estaremos para batalhar.
Grande abraço,
MC