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segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

A Rua do Benfomoso e a irresponsabilidade do PS



1. Sempre houve rusgas em Portugal. Actualmente chamam-se operações especiais de prevenção criminal e estão previstas numa lei aprovada num Governo de José Sócrates, quando António Costa era Ministro da Administração Interna.

Todos os anos há dezenas de operações destas, que incluem cortes de ruas, revistas a pessoas, casas, lojas, etc. Tudo isto devidamente acompanhado por magistrados do Ministério Público.

Estas operações, têm como alvo zonas com altos índices de criminalidade. A Rua do Benformoso, onde só nos últimos dois anos se verificaram 52 crimes com arma branca, encaixa por isso perfeitamente no critério que leva a que habitualmente a polícia realize operações destas.

2. Podemos não gostar destas operações em geral, e até podemos criticar alguma em específico. Eu devo dizer que não sou fã, duvido da sua eficácia e acho que são propensas ao abuso de autoridade.
Dito isto, nada difere esta operação de tantas outras que a PSP normalmente realiza. A PSP cortou a Rua do Benformoso, como há um mês cortou vários bairros da zona da grande Lisboa, como já o fez em bairros do Porto, e no próprio Martim Moniz quando o governo era socialista.

3. O histerismo da esquerda em geral e do Partido Socialista em específico não tem por isso qualquer justificação. Aliás, é espantoso como durante anos nunca ouvimos qualquer resmungo de Isabel Moreira ou Ana Gomes quando estas operações eram feitas na Cova da Moura ou no Bairro do Lagarto. Nunca os arautos do antirracismo se levantaram quando os “corpos” encostados à parede eram negros ou ciganos. Foi preciso esperar por um governo de Direita para de repente se lembrarem que estas operações eram um atentado ao Estado de Direito.

O que está por isso em causa neste “escândalo” não tem nada a ver com xenofobia ou racismo. É pura manipulação que tem como única finalidade colar o Governo à “extrema-direita”.

4. A estratégia do PS é clara e irresponsável. Vivem de exacerbar casos e de manipular indignações, procurando claramente polarizar o debate entre eles, os justos e puros, e os fascistas, ou seja, todos os que discordam deles.

Domingo foi os imigrantes, sexta o aborto, no mês passado o racismo. Os socialistas não têm qualquer problema em usar pessoas, muitas delas em situações de fragilidade, para a sua estratégia política. São bandeiras que atiram fora assim que perdem a sua utilidade.

5. Por isso esteve muito bem Luís Montenegro ao denunciar o extremismo da manifestação “Não nos encostem à parede”. Evidentemente que nem todas as pessoas daquela grande multidão eram extremistas. E alguns têm de facto razões para se manifestar. Mas estão a ser usados por políticos e comentadores que não hesitam em comparar uma acção legal da polícia com a repressão nazi aos judeus.

Por isso a equiparação entre os promotores daquela manifestação e os promotores da vigília pelas forças de segurança não é apenas justa, mas perfeitamente acertada. A estratégia do PS e do resto da esquerda em nada difere da estratégia populista do Chega. Ambos distorcem factos e manipulam indignações para obter escândalos que lhes permitam dominar a narrativa do espaço público. E ambos apostam na polarização para se estabelecerem a si como justos e todos os seus adversários como malvados que procuram destruir a sociedade.

Isto já é mau quando praticado por partidos de protesto com o Bloco (que o faz há muitos anos) ou o Chega (que está agora a dar os seus primeiros passos). Mas o Partido Socialista tem a responsabilidade de não arrastar o país para esta irresponsabilidade, que fractura a sociedade, promove ódios e tem consequências imprevisíveis.

6. A verdade é que enquanto perdemos tempo com o último escândalo inventado por populistas, do Bloco ao Chega, passando pelo actual PS, os problemas do país continuam por resolver. Os populistas são óptimos a apontar problemas, mas totalmente incapazes de os resolver. Tenhamos esperança de que os eleitores não se deixem levar pela narrativa do histerismo, e deem aos que procuram realmente governar, os votos necessários para o fazer.

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