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quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Bento XVI: Um Papa amado pelo povo de Deus


 


Durante todo o seu pontificado foi igual. Onde quer que Bento XVI fosse o povo de Deus acorria em massa para o encontrar, perante o contínuo espanto da comunicação social que previa sempre que era naquela viagem que o Papa não ia ser bem recebido.
Porque o diagnóstico estava feito desde o primeiro instante. Os opinadores já tinham decretado que a Igreja precisava de um Papa jovem, progressista, de um país pobre e o Espírito Santo tinha-se enganado e escolhido um cardeal velho, pilar doutrinal do pontificado de João Paulo II e o país mais rico da Europa. Por isso o sucesso de Bento XVI foi sempre um mistério para aqueles que observam a Igreja pelo olhar do mundo.
O mito de um Papa impopular, que ainda hoje perdura em alguns círculos, foi desmentido pelas multidões de todo o mundo: daqueles que enchiam todas as semanas São Pedro, dos jovens de Colónia, de Sidney, de Madrid, das famílias em Valença, na Cidade do México, de Milão, e do povo de Deus em todo o mundo: do Brasil à sua Alemanha, de Inglaterra a Portugal, dos Estados Unidos aos Camarões. Para quem se interessa mais pela realidade do que por narrativas, era evidente que Bento XVI era um Papa muito amado. O Papa alemão não teve apenas um enorme sucesso juntos dos intelectuais (que o reconheciam como um os seus maiores), teve sempre um enorme sucesso junto do povo cristão.
E por isso só quem durante todos estes anos esteve cego pelo seu preconceito se pode espantar com o espetáculo dos últimos dias em São Pedro. São milhares os peregrinos que fazem fila para se ir despedir daquele homem humilde trabalhador da vinha do Senhor.
Olhando para estas multidões não podemos deixar de perguntar como Jesus “O que é que foram ver no deserto? “. E a resposta é a mesma: um profeta! Uma voz que neste deserto espiritual e carnal, clama “preparai o caminho do Senhor”. Bento XVI, tal como João Baptista, nunca se pregou a si mesmo, mas apontou sempre o Senhor. Aquele homem genial, tímido, que só queria regressa à sua Baviera, ofereceu-se como cordeiro sacrificial para cumprir a vontade de Deus.
E depois aquele momento, aquele momento onde silenciou um mundo que não se cala, ao anunciar a sua renúncia. Uma decisão que não compreendi, mas na qual confiei, porque diante de um santo como Bento XVI, que conhecia a Deus como eu nunca poderei conhecer, mesmo quando não se compreende, confia-se.
Neste deserto de egoísmo e de individualismo, onde cada vez mais se afirma o próprio eu, Bento XVI afirmou sempre um outro, testemunhou sempre o próprio Deus, ofereceu-se continuamente ao Seu Senhor, para nos confirmar a nós na Fé. E foi isto que as multidões foram ver, uma fonte de água pura no meio o deserto.
Dizia o então Cardeal Ratzinger, na missa «PRO ELIGENDO ROMANO PONTIFICE»: “Por fim, voltemos mais uma vez à carta aos Efésios. A carta diz com as palavras do Salmo 68 que Cristo, subindo ao céu, "deu dádivas aos homens" (Ef 4, 8) O vencedor distribui dons. E estes dons são apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. O nosso ministério é um dom de Cristo aos homens, para construir o seu corpo o mundo novo. Vivamos o nosso ministério assim, como dom de Cristo aos homens! Mas nesta hora, sobretudo, peçamos com insistência ao Senhor, para que depois do grande dom do Papa João Paulo II, nos ofereça um pastor segundo o seu coração, um pastor que nos guie ao conhecimento de Cristo, ao seu amor, à verdadeira alegria.” Demos graças a Deus por nos ter dado um Pastor assim.
SANTO SUBITO!

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