O livro do Eclesiastes diz
que há um momento e um tempo para tudo: tempo para nascer e tempo para morrer,
tempo para amar e tempo para odiar, um tempo para a paz e o tempo para a
guerra. Diz também que há um tempo para falar e um tempo para calar.
Quem
se empenha na política tem que ter sempre em primeiro lugar o bem comum. Na
nossa organização do poder político a política faz-se sobretudo nos partidos. Quem
milita num partido deve por isso ter em primeiro lugar o bem comum e só a
seguir o partido. O partido é funcional, é um instrumento para a organização
política. Se um político serve o partido antes do bem comum então está a
servir-se a si mesmo e não a nação.
Por
isso um partido deve ser um espaço de liberdade, com espaço para todos aqueles
que , partilhando a mesma doutrina política, ou doutrinas políticas com pontos em
comum, tem diferente opiniões e ideias sobre como trazê-las à prática.
Nada
seria pior do que um partido monolítico, onde todos tivessem a mesma opinião.
Pior ainda, um partido onde todos tivessem que concordar com o seu líder. As
divergências, as diferenças de opinião, as criticas são não apenas justas, como
também muitas vezes necessárias.
Contudo, como dizia ao
principio, há um tempo e um momento para tudo. Faltam pouco mais de dois meses
para as eleições legislativas. Eleições essas que parecem vir a ser desastrosas
para o país: a vitória da esquerda é certa, a única discussão aparente é o
tamanho dessa maioria.
Este resultado será sem
dúvida muito por culpa da direita. E muito há a dizer e a criticar na política
do PSD e do CDS nos últimos quatro anos. Em 2015 os dois juntos conseguiram
38.50% dos votos e 107 deputados. Em 2019 os dois juntos poderão não chegar aos
25% dos votos.
Não podemos ignorar o que se
passou na direita nestes anos. Nada seria pior do que se, após as eleições, os
militantes dos partidos de direita enterrassem a cabeça na areia, fingido que é
tudo culpa da comunicação social e dos novos partidos que dispersam o voto.
Mas para tudo há um momento.
E este momento é o de luta contra a esquerda, não o da guerra interna. Não é
tempo de ajustes de contas, nem de posicionamentos para futuras lideranças.
Percebo perfeitamente os
militantes que, discordando da direcção do seu partido, decidam não participar
na campanha. Não percebo aqueles que vendo o abismo à sua frente empurram o seu
partido nessa direcção, com constantes criticas nos jornais e guerrilhas nas
redes sociais.
Nada é mais oco e vazio do
que dizer que é tempo de união: se alguém não acredita num projecto é natural
que não o apoie. Mas é sem dúvida tempo de silêncio. Em bom português, quem não
quer ajudar que não o faça, mas saia da frente.
Se em última instância um
militante discorda de tal maneira do seu partido que lhe parece melhor que
outro partido tenha melhor resultado nas eleições, se de facto já não acredita
no seu partido, então tem o dever moral de abandonar o partido. Se apesar de
tudo, apesar de toda a discordância, continua a acreditar que o seu partido é a
melhor opção para o país, então este é o tempo do silêncio.
A partir de 6 de Outubro
haverá tempo para juízos, balanços, críticas. Até lá, o único inimigo deve ser a
esquerda.
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