O Partido Comunista Português vai votar contra a
legalização da morte a pedido. Esta decisão, que as posições quer do partido
quer de alguns dos seus militantes já deixava entrever, é a prova de que o PC é
o partido da esquerda que vive mais próximo da realidade.
Ao contrário da esquerda caviar, que habita e frequenta
os mesmos locais que os “neo-liberais”, o Partido Comunista convive de facto
com os seus eleitores. E por isso sabe bem quem serão as primeiras vítimas da
legalização do homicídio a pedido da vítima.
Porque por detrás das belas ideias místicas dos defensores
da eutanásia está um país onde 80% da população não tem acesso a cuidados
paliativos. Um país onde crianças recebem tratamento contra o cancro em
corredores de hospital. Um país onde doentes morrem em macas à espera de um
quarto.
A eutanásia nunca é uma escolha, é fruto do desespero
de quem sofre, de quem está abandonado, de quem não tem qualquer apoio. Os comunistas
bem sabem que num pais onde o sistema nacional de saúde está a cair aos poucos, onde as famílias não tem condições para apoiar os seus doentes, onde os idosos vivem órfãos nas aldeias que os filhos tiveram que
abandonar para sobreviver, legalizar a morte a pedido é desistir dos mais
pobres e mais frágeis.
Entre mim e o Partido Comunista há um abismo de
diferença. Mas não posso deixar de o saudar por este acto de coragem e de
lucidez, de votar contra uma medida que irá atingir sobretudo aqueles que na
sociedade mais precisam de apoio.
Por isso dia 29 às 13h30 irei à concentração da campanha Toda a Vida tem Dignidade. Para apoiar os deputados que corajosamente já anunciaram vão votar contra e para pedir aos restantes que lhes sigam o exemplo!
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