O Bloco de Esquerda
decidiu lançar uma campanha para celebrar a promulgação da adopção por pares do
mesmo sexo. Para além dos cartazes com os habituais lugares comuns, o Bloco
decidiu também produzir um cartaz de mau gosto, provocador e blasfemo com a
imagem de Jesus.
Evidentemente o
cartaz em questão tem provocado, muito justamente, a indignação de muita gente.
Não é preciso ser cristão para perceber que o cartaz é um ataque gratuito, com
o qual o Bloco procura apenas ofender. Por isso podemos e devemos
denunciar estes cartazes, podemos e devemos fazer uma petição a pedir ao Bloco
que os retire (já assinei a do Citizengo e aconselho todos a fazerem o mesmo),
podemos e devemos rezar em desagravo pela ofensa a Jesus, podemos e devemos
enviar cartas e emails ao Bloco de Esquerda (bloco.esquerda@bloco.org, Rua da
Palma, 268, 1100-394 Lisboa) a manifestar o nosso descontentamento, e não me escandalizaria
se alguém se limitasse a arrancá-los (embora não o possa aconselhar).
Contudo, também
devemos não fazer o jogo do Bloco. Estes cartazes não têm como objectivo
festejar a adopção entre pessoas do mesmo sexo ou atacar a Igreja. Claro que o
fazem, mas não é esse o objectivo.
O objectivo do
Bloco é claro: fazem uma campanha infame, nós respondemos, eles tocam a rebate
a dizer que estão a ser atacados pelos conservadores e voltam a ser o partido
da esquerda revolucionária, sem medo de atacar o poder instalado. E assim, como
por magia, deixam de ser um dos partidos que suporta o Governo e tentam voltar
a ser o partido anti-sistema.
Por isso a resposta
mais inteligente a estes cartazes é relembrar que o Bloco apoia um governo que
vendeu ao preço da chuva a parte boa do BANIF e que deixou para os
contribuintes a parte má.
É relembrar que o
Bloco prometeu bater o pé a Bruxelas e à grande finança, mas apoia um governo
que corrigiu o orçamento até este ser aprovado pela Europa e pelas agências de
rating.
É relembrar que o
Bloco prometeu renegociar a dívida e contentou-se com uma vaga promessa de um
grupo especial que haverá de discutir o assunto nas calendas gregas.
É relembrar que o
Bloco prometeu aumentar os rendimentos das famílias para depois aprovar o fim
do coeficiente familiar a troco de uma dedução por filho, que de facto aumenta
o IRS das famílias.
É relembrar que o Bloco
prometeu baixar o IVA da restauração e que aplaudiu uma diminuição só sobre
alguns produtos e que só irá vigorar a partir do meio do ano.
É relembrar que o
Bloco exigiu o aumento real das pensões mais baixas, para depois concordar com
o aumento real apenas das mais altas.
É relembrar que o
Bloco prometeu mais impostos para os mais ricos, para depois aumentar os
impostos sobre os combustíveis, aumento que irá custar bastante mais ao pequeno
agricultor que lavra a terra com o seu tractor antigo do que ao CEO que quer
abastecer o seu Mercedes.
É relembrar que o
Bloco é um dos pais deste Governo que se ajoelhou perante a banca, se ajoelhou
perante a Europa e se ajoelhou perante as agências de rating.
Esta campanha do
Bloco tem como objectivo atirar areia para os olhos. A ofensa aos cristãos
serve apenas para inflamar a franja de radicais que habitualmente os apoia.
Assim, tentam disfarçar o facto de que o Bloco de Esquerda deixou de ser o partido
revolucionário e anti-sistema, para ser um partido burguês que vive hoje
maravilhado com o poder.
Por isso, a melhor
resposta pública para a campanha do Bloco é simplesmente perguntar: e este
governo, quantos pais tem?
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