O
PSD vai a votos. E vai a votos depois da demissão de Pedro Passos Coelho, o homem
que liderou o país durante uma crise dramática, que com firmeza conseguiu tirar
o país do buraco em que os socialistas nos colocaram, que mesmo depois de tomar
medidas necessárias mas duríssimas, ganhou as eleições legislativas e que, ao
fim de dois anos na oposição, é levado à demissão por um resultado menos bom
nas autárquicas.
E
começo por falar de Pedro Passos Coelho, porque me parece que para se perceber
bem a importância das eleições do PSD é preciso perceber com clareza como é que lá
se chegou.
Porque
a verdade é que PPC devia ser um herói do seu partido e afinal acaba a ser
empurrado pela porta pequena. Empurrado por quem? Pelas mesmas pessoas que
durante quatro anos disseram que tudo o que governo fazia estava mal feito,
pelos mesmos que diziam que íamos ter um segundo resgate, pelos mesmos que
menosprezaram todos as subidas do índices económicos, pelos mesmos que diziam
que era impossível Pedro Passos Coelho ganhar as eleições, pelos mesmos que nos
dois anos após a vitória nas legislativas não descansaram enquanto o PSD não
teve uma derrota para expulsar PPC.
A
mim, que sou militante de outro partido, tudo isto me parece estranho. Eu diria
que quando alguém durante quatro anos falha clamorosamente todas as suas
previsões e demonstra uma total falta de lealdade para com o líder do seu
partido o resultado devia ser o seu afastamento do partido. Pelos vistos no PSD
o resultado é ser considerado o candidato ideal à liderança.
Porque
a verdade é que a única “qualidade” que se conhece a Rio foi ter-se
constantemente oposto a Passos e ser apoiado pelos barões que constantemente se
opuseram a Passos. Mesmo quando isso significou fazer o jogo da esquerda, mesmo
quando isso significou desejar o insucesso do governo nacional, mesmo quando
isso significou alinhar com os mais abjectos ataques de que um governo foi alvo
em democracia.
E
assim teríamos Rui Rio, recompensado pelo seu constante apoio ao PS, líder incontestado do PSD, não fora a ousadia de Pedro Santana Lopes
em se lhe opor.
Pedro
Santana Lopes, que já tinha ganho o seu estatuto de senador do regime, que
estava confortavelmente à frente da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e que
politicamente já não precisava de demonstrar nada.
Muitos
seguramente irão falar (como Rio tem feito) das trapalhadas de Santana. Mas a
verdade é que tudo espremido temos meia dúzia de histórias inventadas pelos meios de comunicação social (algumas delas deram origem a processos de difamação, que foram ganho por
PSL), a demissão do Ministro do Desporto e o golpe de estado constitucional
feito por Jorge Sampaio. A isto se resumem as trapalhadas de um homem que foi
um belíssimo presidente da Câmara da Figueira, que tem obra feita em Lisboa e
que foi um extraordinário provedor da Santa Casa, tendo estendido o apoio
social que esta presta ao mesmo tempo que deixou os cofres cheios (apenas para
serem agora esvaziados na aventura do Montepio, a que Santana resistiu, mas que
o governo finalmente conseguiu impor com a sua saída).
Eu
como militante do CDS preferia que fosse Rui Rio a ganhar as eleições:
seguramente isto levaria a que o PSD se transformasse num satélite do PS, com
Rio contente em ser o vice de Costa, o que também significaria um crescimento
do CDS.
Contudo,
como português acredito que o país também precisa de um PSD forte. Por isso
espero que o vencedor seja Pedro Santana Lopes, um homem que já provou ter a
coragem suficiente para enfrentar o PS e todos os interesses que o rodeiam.
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