No centro do drama da
eutanásia está a ausência de Cristo. Sem Ele o outro só me interessa na medida
em que me corresponde sentimentalmente, ou na medida em que me é útil.
É Jesus quem nos ensina que
não basta amar os nossos amigos (ou seja não basta amar aqueles que nos amam,
aqueles que nos são queridos) mas que é preciso também amar os inimigos. É
preciso amar o outro, quem quer que esse outro seja.
Numa sociedade da qual Cristo
foi banido, ou então reduzido a mais um guia espiritual cheio de bons
conselhos, sobra o egoísmo. Por que sem Ele o egoísmo é a posição mais
razoável. Porque devo gastar o meu tempo, o meu dinheiro, a minha energia com
quem não me pode retribuir? Ou pior ainda, com quem me quer mal?
É Cristo quem introduz em nós
a consciência de que o outro é um bem para mim. O outro que Deus coloca na
nossa vida é instrumento do desígnio de Deus para nós.
Por isso quando alguém se
encontra numa tal dor, de tal maneira destruído pelas circunstâncias, que pede
a morte, um cristão não pode não se sentir impelido a ajudá-lo. Para nós não
chega descartar o problema com uns comprimidos ou uma rápida injecção. Aquele
homem, doente e em sofrimento, é o próprio Cristo que pede que o amemos.
Ao drama da eutanásia, das
ideologias que propõem o homicídio dos doente como resposta ao sofrimento, não
basta contrapor uma outra ideologia. É evidente que a eutanásia é também um
problema político e precisa de uma resposta política. Mas a questão é mais
profundo do que isso. À sociedade que propõe a eliminação de quem sofre só
podemos responder com o testemunho daquele que dá sentido ao sofrimento. À
sociedade que quer abandonar quem sofre só podemos responder com o testemunho
de quem deu a vida por cada homem.
É urgente antes de mais dar
testemunho da presença de Cristo, aquele que é capaz de responder ao drama
humano. Às teorias ideológicas o cristão deve responder com a atractividade da
presença de Jesus.
É para isto que fazemos a
Caminhada Pela Vida. Dia 4 de Novembro, em Lisboa, no Porto e em Aveiro não
vamos sair à rua para nos manifestarmos, para medirmos forças com o
"adversário". Saímos à rua para testemunhar essa presença que
transforma o outro num bem para mim.
Há momentos onde não é
possível a um cristão ficar escondido em casa, vivendo a sua fé no silêncio do
seu quarto ou na comodidade das suas relações familiares. Momentos onde é
preciso ir para a praça e anunciar publicamente a presença de Jesus. Este é um
desses momentos.
Numa altura onde a sociedade
grita que há vidas que são menos dignas, que há vidas que são descartáveis, é
urgente vir dar testemunho de que Toda a Vida Tem Dignidade. É isto que é a
Caminhada Pela Vida.
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