Antes de mais é preciso dizer que o Nobel vale o que vale. A opinião de cinco pessoas nomeadas pelo parlamento norueguês não é equivalente a uma eleição universal.
Contudo a vitória de Obama é sintomática do nosso tempo, onde a fantasia vale mais do que a realidade.
Todas as promessas emblemáticas que o presidente americano fez durante a campanha não foram cumpridas. Não fechou Guantanamo, a retirada do Iraque será decidida em 2012 e já enviou mais 20.000 homens para o Afeganistão, estando neste momento a pensar enviar mais 40.000.
Mesmo os dois exemplos de actos de paz referidos pela comissão do Nobel são apenas realpolitik. A aproximação à Rússia foi feita sacrificando a Geórgia em prol do apoio russo em relação ao Irão. Em relação à China, o Nobel da Paz ignorou os atropelos aos Direitos do Homem (na visita que o Dalai Lama fez agora aos E.U.A. Barack não o recebeu) de modo a garantir boas relações com aquela que é a segunda maior potência económica do mundo.
Mas estes factos não são acusações contra o presidente dos E.U.A.. Não há muito que ele pudesse fazer em relação a estes assuntos, alguns herdados da anterior administração. O problema é que as circunstâncias, ao contrário do que a Obamamania pensa, não podem ser mudadas por palavra bonitas e pensamentos positivos.
E este é um dos grande problemas de Obama. Conseguiu criar uma fantasia à sua volta, que lhe confere uma aura de salvador da humanidade. Mas realidade irá encarregar-se de desmentir esta fantasia. Como dizia o Honest Abe: "É possível enganar algumas pessoa todo o tempo, é possível enganar todas as pessoas por algum tempo, mas não é possível enganar todas as pessoas todo o tempos".
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