Uma das coisas que me surpreendeu no debate entre os candidatos à Câmara Municipal de Lisboa foi a Alexandra Leitão pensar convictamente que os lisboetas não têm memória. A candidata da burguesia de esquerda parece achar que ninguém sabe que o PS governou Lisboa durante catorze anos.
Fala do Alojamento Local, como se não tivesse sido com Medina que este passou de 500 licenças para 9.500 (com Moedas diminuíram), fala da limpeza da cidade, como se a divisão de competências entre juntas e câmara (o maior entrave a uma solução camarária para a limpeza da cidade), não tivesse sido decidida pelo PS. Fala de equilíbrio entre carro e transportes públicos, como se o PS não tivesse seguido durante catorze anos a estratégia de perseguição aos carros privados, sem contudo melhorar os transportes públicos. Para Alexandra Leitão todos os problemas da cidade nasceram nos últimos quatro anos, mesmo sabendo que as medidas que Moedas conseguiu aprovar tiveram de contar com o apoio do PS, dado que este governava em minoria.
Mas o momento mais espantoso da noite foi mesmo ouvir Alexandra Leitão explicar que era preciso incluir os privados na resposta ao problema da habitação. Tal afirmação seria sempre assombrosa na boca de uma candidata que se apresenta pelo Bloco e pelo Livre. Mas na boca de Alexandra Leitão, parece apenas que está a gozar connosco.
Para quem não tem memória, a grande obra de Leitão enquanto secretária de Estado da Educação foi acabar com vários dos contratos de associação. Isto significou que centenas de crianças tiveram de ir estudar para escolas mais longe, com piores condições, e que vários colégios (alguns com décadas de serviço público) fecharam. Uma solução mais cara, menos eficaz, e prejudicial para as crianças, tudo isto por pura birra ideológica.
Por isso, ver Alexandra Leitão, cujo o maior feito político foi dar uma machadada na cooperação entre o Estado e escolas privadas, defender a necessidade de incluir os privados na resposta à crise de habitação, deixa claro que está disposta a dizer o que for preciso para ganhar a Câmara.
Dia 12 de Outubro é preciso ter claro uma coisa: na Câmara ganha quem tem mais um voto. Não há geringonças, coligações nem acordos, por um se ganha, por um se perde. Por isso, a escolha é entre a candidatura da esquerda burguesa, liderada pela orgulhosa estatista Alexandra Leitão, ou Carlos Moedas.
Eu votarei Moedas com convicção de que é a melhor escolha para a cidade, e que dificilmente encontraria uma melhor. Mas aqueles que não querem votar Moedas por uma qualquer embirração, tenham consciência que um voto no Chega é um voto em Alexandra Leitão. Um voto no ADN é um voto no Bloco. Um voto na Nova Direita é um voto no Livre.
Dia 12 a escolha em Lisboa é entre Carlos Moedas ou entregar Lisboa à extrema-esquerda. Cada um vote em consciência e depois viva com a consequência da escolha que fizer.