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terça-feira, 18 de agosto de 2020

O Sol voltará a brilhar



 Um dos meus momentos preferidos na mitologia de Tolkien, está narrado em O Silmarillion, quando na Batalha das Lágrimas Incontavéis, os exércitos dos Elfos e dos homens seus aliados estão completamente derrotados. Um punhado de homens tenta cobrir a fuga do Rei Supremo dos Noldor contra todas as hostes de Melkor, o senhor do mal. Por fim sobra só Hurin, que sozinho de pé com o seu machado enfrenta todos os monstros do inimigo e de cada vez que levanta o seu machado grita “O sol voltará a brilhar”. E assim proclama até ser aprisionado pelos exércitos inimigos.

Este grito de Húrin sempre me comoveu. A coragem de não fugir diante do mal, de não deseperar diante da derrota, sobretudo, a galhardia de afirmar que o mal não tem a última palavra. A certeza de que, como afirma Samwise em O Senhor dos Anéis, “acima de todas as sombras ergue-se o sol, e as estrelas habitam para sempre”.

Comove-me porque esta é a posição de um cristão diante do mundo. Sobretudo hoje onde toda a cultura parece negar a Deus. Onde a política parece dominada por aqueles que querem eliminar a Igreja da história. Hoje, onde a civilização construida pelo Cristianismo parece estar a ser submersa por uma nova cultura que nega todas a suas raízes. Por isso estamos próximos daquele homem solitário diante das hordas inimigas: quase derrotados mas não desesperados!

Mas a nossa esperança não se trata de um optismo pueril. Não se trata daquela ideia infantil de que os maus serão devidamente derrotados e castigados. Sabemos que vezes de mais não é assim. A nossa esperança baseia-se no facto de que Deus é Senhor da História e que por isso, no fim, tudo será para Sua Glória.

Sobretudo a nossa esperança baseia-se no facto de que já vencemos: Cristo na cruz derrotou a morte. A crucifixão de Cristo redimiu o mundo. Não nos cabe a nós salvar o mundo, o mundo já foi salvo. A nós cabe-nos dar testemunho da verdade.

Evidentemente que o resultado das lutas que travamos não nos é indiferente. A certeza do Reino de Deus não nos torna imunes aos males deste mundo. Mas lutamos com esta ingénua galhardia de quem não poem a sua esperanças na sua própria força, mas no Senhor Deus. Só assim é possível estar diante do mundo sem desesperar. Porque eu bem sei que as minhas forças não são suficientes. Conheço bem o meu limite. E dos outros como eu! Por nós não temos qualquer hipótese diante dos desafios que o mundo nos oferece.

Mas Deus não nos falha. Os Seus desígnios nem sempre são compreensíveis, mas Ele não falha. E usa nos, miseros instrumentos, para construir a Sua obra. Por isso a nós não nos é pedido nada mais do que aderir ao que Ele nos pede, no tempo em que Ele nos pede. O resto é Seu. E sobre isso não tenho qualquer pretensão. Faço o melhor que sei e que consigo e rezo, sabendo que no fim tudo será para  a Sua Glória.

A nós cristão não nos cabe ganhar, cabe-nos lutar. Cabe-nos dar constantemente testemunho de Deus. Cabe-nos não desesperar. O por fazer é só com Deus

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