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segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Guerra na Terra Santa: algumas notas


1. A primeira coisa que é preciso dizer é que não há uma equivalência moral entre o Hamas e Israel. O Hamas é um grupo terrorista, que não hesita em matar e torturar inocentes para os seus objetivos. A única solução para o Hamas é a sua erradicação. Todos os terroristas desta organização devem ser presos, e, não sendo isto possível, mortos. O apoio ao Hamas, ainda que apenas moral, deve ser punido. As organizações que colaborem com o Hamas devem ser tratadas como foras da lei. O Hamas não é um movimento político de resistência, é um bando de malfeitores, cujas primeiras vítimas são os próprios residentes da faixa da Gaza. Apoiar o Hamas não é apoiar a Palestina, muito pelo contrário.

Israel é um Estado e como tal tem direito a viver em paz e segurança. E para isso tem o direito a defender-se. Mas precisamente por ser um Estado não pode defender-se nos mesmo termos que um grupo terrorista. É óbvio que a exigência para com Israel é muito superior do que a exigência para com Hamas. Por isso é que defendo que Israel tem o direito a existir em paz e defendo a erradicação do Hamas. Não basta avisos de quando vão bombardear, ou encostar-se à selvajaria do Hamas para justificar a morte de inocentes. Bombardear alvos civis não é aceitável só porque lá no meio estão escondidos terroristas. Claro que o Hamas é cobarde, claro que o Hamas não se importa com os civis que morrem, é um grupo terrorista. Cabe a Israel não se comportar da mesma forma.

2. A comunidade internacional tem pedido contenção a Israel e bem. Mas seria importante não esquecer que Israel combate um inimigo amoral, bárbaro, que enquanto apela à paz, bombardeia civis e mantém crianças reféns. É fácil pedir contenção quando não somos nós a levar com as bombas. Se a comunidade internacional quer mesmo a paz então que a construa: que a ONU mande tropas para Gaza controlar o Hamas, que a comunidade internacional corte relações com quem financia o Hamas, que ajude a perseguir os seus cabecilhas que vivem luxuosamente no Qatar. Até lá, os apelos a Israel são apenas formulas para descargo de consciência.

3. É verdade que a forma como Israel trata os Palestinianos é brutal e muitas vezes injustas. Mas falar em limpeza étnica é absurdo. Israel está a defender-se de um grupo de terroristas que esses sim, declaram claramente querer fazer um genocídio. Um grupo de terroristas que faz questão em esconder-se no meio dos civis e em não permitir que estes fujam. Israel tem feito esforços para diminuir as baixas entre civis. Não há qualquer genocídio.

Infelizmente há, sem dúvida, brutalidade por parte de Israel, para quem é suficiente tentar minimizar as baixas civis, não sendo estas impedimento para atacar o Hamas. Mas há uma diferença substancial: o Hamas faz dos civis alvos, Israel não. Infelizmente o resultado prático é o mesmo: a morte de milhares de inocentes. E isso devia levar Israel a repensar na sua forma de fazer a guerra.

4. Eu tenho imensa inveja das pessoas que têm imensas certezas sobre o conflito na Terra Santa. Das pessoas que simplificam um dos mais complexos problemas de geopolítica em meia dúzia de frase feitas, ou de imagens repescadas do Facebook. Eu confesso que olhando para o Próximo Oriente não consigo vislumbrar qualquer solução fácil. A verdade é que se Israel se desarma desaparece. Também é verdade que a brutalidade de Israel para com os árabes alimenta mais ódio e faz vítimas inocentes. Mas se Israel não a usar, então pelos vistos são as suas crianças, os seus jovens, as suas mulheres, os seus velhinhos que irão ser mortos. Olhar para isto e dizer que há uma solução fácil é ou muito bárbaro (é só matar um dos lados) ou então muito estúpido.

5. Precisamente por ser complexo, é inútil ir procurar legitimidade ao passado. Continuar a recuar no tempo para explicar por que razão aquela Terra deve ser dos judeus ou dos árabes é absurdo. A verdade é que o reino judeu na Terra Santa desapareceu completamente com Tito e Vespasiano. E desde então, até ao séc. XX, nunca mais houve ali um reino independente. A Terra Santa foi trocando de mãos várias vezes, desde os Romanos, ao Bizantinos, passando por vários impérios islâmicos, sem esquecer os reinos cruzados.

O estabelecimento do Estado de Israel e a criação dos países árabes foi um processo cheio de erros, de várias partes. Escarafunchar neles não irá trazer qualquer ajuda. O facto evidente é que na Terra Santa existem dois povos distintos, que merecem viver em paz, dignidade e segurança. O importante agora é procurar uma solução para o problema actual, não continuar preso a um passado longínquo.

6. Tenho visto muito gente espantada pelos movimentos LGBT apoiarem o Hamas. É preciso ser muito distraído para não reparar que estes movimentos são, pela sua natureza, violentos. A ideologia de género parte sempre da violência contra a própria natureza humana, afirmando que a natureza é uma imposição social que os oprime. E por isso são contra a tal “opressão” da sociedade e defendem a destruição de todos os opressores.

São contra o “opressor “israelita, mesmo que isso signifique estar ao lado de um grupo de terroristas que mata crianças a sangue-frio. Porque a realidade para esses movimentos é que eles criam na sua narrativa. Seria bom que os políticos não se esquecessem disso a próxima vez que estes movimentos vierem pedir apoio.

7. As gigantescas manifestações de apoio ao Hamas na Europa demonstram mais uma vez que o nosso continente tem um problema com o Islão. E não vale a pena dizer que é com a imigração. Muitos dos que se manifestam a favor de terroristas e contra o Ocidente já nasceram na Europa. Para além disso a Europa está cheia de imigrantes que não causam qualquer problema (ou não mais do que o habitual). A Europa tem um problema concreto com o Islão, com grandes comunidades que abertamente defendem o terrorismo, a violência e odeiam o Ocidente. Continuar, em nome da tolerância, a permitir a proliferação do islamismo extremista na Europa é um erro que já estamos a pagar e que iremos pagar ainda mais caro.

8. Os grandes esquecidos no meio de toda esta violência são os cristãos. Há décadas que os cristãos são vítimas em todo o Próximo Oriente. Minorias, sem lobby que os proteja, vivem abandonados à sua sorte. Os cristãos naquela parte do mundo são cada vez menos, sendo cada vez mais a sua presença residual em todo o Próximo Oriente, especialmente na Terra Santa. E se neste grande conflito os palestinianos contam com o apoio da esquerda ocidental e dos países árabes e Israel com o lobby judeu, os Estados Unidos e parte da direita ocidental, os cristãos da Terra Santa tem por junto a Santa Sé para os proteger. Rejeitados pelos palestinianos por não serem muçulmanos, rejeitados pelos israelitas por em geral serem árabes, irão continuar a ser esmagados sem ter quem erga a voz por eles.

9. Como já tive ocasião de dizer, a única hipótese de paz na Terra Santa é a Misericórdia. Hoje o Patriarca Latino de Jerusalém ofereceu-se para trocar de lugar com as crianças que são reféns do Hamas. No meio de toda a violência, de toda a vingança, de todo o ódio, a misericórdia Cardeal Pizzaballa, mostra o caminho para a paz: diante do ódio o amor, diante da violência a misericórdia. Este é o único caminho para a paz, por isso juntemo-nos ao convite do Cardeal Pizzaballa, de fazermos jejum e oração no dia 17, a pedir a paz para a terra onde o Deus de Amor se fez homem.

terça-feira, 10 de outubro de 2023

Só a Misericórdia pode trazer a Paz



A estratégia do Hamas é simples. Sabendo que não tem qualquer hipótese de derrotar Israel pelas armas, leva a cabo um ataque brutal, ultrapassando todo os limites que seja possível imaginar. Sabem bem que este ataque levará Israel a uma resposta brutal, que será potenciada pelo facto do Hamas montar os seus covis em prédios, escolas e hospitais. A resposta judaica evidentemente irá causar um enorme número de vítimas, para além de impor sacrifícios brutais aos palestinianos. E o Hamas sabe disso, e sabe que não vai ganhar, e sabe que o seu povo vai morrer. E não se importa. Não se importa porque agora pode fazer o papel de vítima, e vir falar de paz, e dizer que Israel está a matar civis. E haverá idiotas úteis no Ocidente que irão alinhar nessa conversa, e haverá idiotas para tentar equiparar o Hamas e Israel, concedendo a um grupo terroristas bárbaro uma dignidade que não tem, deixando a um canto os legítimos líderes da Palestina.
E o que sobrará no fim? Mortos, muitos, miséria, destruição, e mais ódio. Ainda mais ódio.
Quebrar o ciclo do ódio não é fácil, mas é urgente. Nas últimas décadas já demasiadas atrocidades foram cometidas na Terra Santa para podermos falar em justiça. Todos os lados em conflito (sim, há mais de dois), tem queixas justas e cometeram injustiças. A única hipótese para a paz é a misericórdia e o perdão. Sem isso, continuaremos neste círculo vicioso onde o terrorismo palestiniano alimenta a violência israelita, onde o medo leva a impor muros e separações, onde gerações inteiras continuam a crescer na sombra da guerra e da violência.
Aquilo que espera a Terra Santa nos próximos tempos é a guerra. Rezemos para que que a paz venha tão rapidamente quanto possível.