Todos as mensagens anteriores a 7 de Janeiro de 2015 foram originalmente publicadas em www.samuraisdecristo.blogspot.com

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

O Natal não é quando o homem quer.



Tenho lido por aí repetidamente que o Natal este ano pode ser cancelado. Não querendo chatear ninguém, mas seria bom que não nos déssemos assim tanta importância. Se é verdade que o Governo chamou a si o poder de tolher de maneira idiota e desproporcional os nossos direitos, a verdade é que o Natal ainda não está à disposição dos homens.

Relembro aos mais distraídos que o Natal é um acontecimento histórico preciso: Naqueles dias, saiu um decreto de César Augusto, para ser recenseada toda a terra. (...) José subiu também da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e da descendência de David, a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que estava para ser mãe. Enquanto ali se encontravam, chegou o dia de ela dar à luz e teve o seu Filho primogénito. Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.

Como se pode perceber, é pouco provável que este facto possa ser simplesmente “cancelado” por conta de uma pandemia. Sobretudo, porque sendo um facto histórico concreto (também me parecia difícil cancelar o cerco de Alésia!), é ao mesmo um acontecimento sobrenatural: Deus fez-se carne e habitou entre os homens. E por isso não nos limitamos a recordar um acontecimento histórico, mas fazemos memória da Encarnação Divina. Pela Sua Misericórdia, Jesus volta a nascer no coração de cada homem de boa vontade, que esteja disposto a fazer do seu coração uma manjedoura.

Evidentemente que se podem cancelar todas as festividades: as luzes, os concertos, os jantares de amigos, as festas das escolas e os encontros familiares. Num acesso de loucura o Primeiro-Ministro pode proibir a venda de bacalhau e a Dra. Graça Freitas pode declarar que o Bolo Rei ajuda na propagação do vírus. Em última instância até podem fechar as Igrejas e guardar todos os presépios do país em caixas. Nada disso impedirá o nascimento do Deus Menino, nem impedirá os cristãos de o acolher no seu coração! O Natal acontece, celebrado nas catacumbas ou nas basilicas papais, nas trincheiras geladas ou em casa junto à lareira, nos pequenos casebres ou nos palácios reais. A verdade é que celebramos o Natal há dois mil anos, com perseguições, guerras e pandemias. E nunca ninguém conseguiu esse belo feito de cancelar o Natal. E se por ventura, em algum momento, a Igreja peregrina desaparecer e ninguém na terra celebrar o Natal, este será para sempre celebrado pela multidão dos Santos que nos antecederam.

O Governo pode cancelar todos os festejos de Natal (ou pelo menos tentar). Mas esses festejos, por muito bons que sejam, são apenas uma consequência do Natal. Gostava que não acontecesse, porque gosto muitos das tradições natalícias: gostos dos cantos, dos presentes, de reunir a família. Até começo a gostar do Pai Natal. Mas se tal vier a acontecer, não muda em nada o Natal. Com ou sem luzes, com sem árvores de Natal, um facto permanece até ao fim dos tempos (e até para a eternidade): O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz começou a brilhar. (...) Porque um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado. Tem o poder sobre os ombros e será chamado «Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz».

Por isso não nos apoquentemos com o que há de vir, assunto sobre o qual pouco ou nada podemos fazer. Preparemos-nos antes para este extraordinário mistério do Nascimento do Deus Menino.

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

O Islão e a lenta agonia da Europa



A Europa tem um problema com o Islão. O terrorismo que ciclicamente assola o continente é apenas a face visível desse problema. Há um problema mais profundo, que muitos teimam em ignorar: em muitas cidades o crescimento das comunidades islâmicas levou à criação de enclaves onde o Estado não entra e as leis são ditadas pela comunidade. Estes enclaves são viveiros para o extremismos islâmico.

A continua tentativa de, em nome da tolerância, ignorar este problema têm tido consequências desastrosas. É evidente que existem milhões de muçulmanos na Europa que vivem integrados. Aliás, Portugal é um bom exemplo disso. Mas esse facto não nos pode levar a fechar os olhos para o crescimento de comunidades que procuram impor a toda a sociedade, pela força se preciso, a sua visão religiosa.

Insistir na ideia de que não há um problema islâmico é maus para todos, incluindo para os tais milhões de muçulmanos que só querem viver em paz e que em nome do politicamente correcto acabarão sujeitos aos extremistas de que não gostam e de quem muitos fugiram.

Este problema precisa de uma resposta política forte e determinada. É preciso não ter medo de impor a lei. É preciso combater os radicais, sem vergonha e sem pedir desculpa. É preciso assumir que a política migratória está a falhar. Sobretudo, é preciso de uma vez por todas enfrentar o problema dos migrantes: a política de pescar os que se pode no Mediterrâneo, chorar lágrimas de crocodilo pelos que lá morrem, e depois ir despejando os sobreviventes por essa Europa fora, não funciona. A Europa tem que combater as redes de tráfico, tem que resolver o problema da Líbia de uma vez por toda, e criar politicas internacionais que permitam aos migrantes não ter que abandonar os seus países. A falsa misericórdia de acolher sem critério qualquer pessoa que consiga atravessar o Mediterrâneo só traz mais mortes, mais miséria e em última instância, mais extremismo. O bonismo de chorar as mortes no Mediterrâneo ao mesmo tempo que nada se faz para resolver o problema, pode satisfazer a consciência ocidental, mas não evita os cadáveres no fundo do mar.

Contudo, podemos tomar todas as medidas necessárias contra a imposição de um islamismo radical na Europa. Podemos fechar as fronteiras, encerrar as mesquitas radicais, perseguir até ao fim todos os imãs extremistas e prender todos os terroristas, que nada disso impediria a decadência da Europa. O extremismo islâmico veio apenas preencher um vazio que existe no continente. O Islão não é o problema, será quanto muito um sintoma da decadência europeia.

A Europa não é verdadeiramente um continente, é apenas o nariz da Ásia. Os Urais não são uma fronteira geográfica, são uma fronteira cultural. O que une a Escandinávia ao estreito de Messina, Moscovo ao cabo de São Vicente é o cristianismo. A Europa é o cristianismo ou é nada. Evidentemente que a cultura europeia teve muitas outras influências: Grécia, Roma, os bárbaros e até o Islão. Mas todas essas influências foram incorporadas pelo cristianismo, e foi pelo cristianismo que se tornaram comuns a toda a Europa. 

Ao abandonar o cristianismo a Europa abandonou-se a si mesma. Renegou a sua história e a sua cultura. Sem o cristianismo não há Europa, há apenas um conjunto de países com pouco mais em comum que a proximidade geográfica.

Não vale a pena falar da cultura europeia, proclamar a defesa da herança europeia, se depois ninguém está disposto a reclamar a herança.

Não se trata de discursos vagos sobre valores. O cristianismo não é um conjunto de valores, que se podem colocar num museu. Não vale a pena falar de Igrejas derrubadas e de Mesquitas construidas, se depois as Igrejas continuam vazias.

O cristianismo não é uma arma de arremesso político. É uma Fé. E se não há Fé, então não há valores que valham. Os valores cristãos sem a Fé, são como uma árvore bela e imponente, mas cujas as raízes secaram. Está condenada a cair, apesar de toda a imponência.

Como dizia ao principio, é sem dúvida importante resolver o problema político do Islão na Europa. Mas a Europa tem um problema mais grave, que é um problema cultural. E esse problema não tem qualquer relação com o Islão. O problema não é os muçulmanos terem muitos filho e educarem-nos na sua religião. O problema é os cristão terem desistido de o fazer.

Por isso problema essencial da Europa não é resolver a questão politica. É mesmo um problema cultural: sem cristãos não há Europa. Por isso quem realmente ama a Europa, a sua história e a sua cultura, só tem um caminho: o cristianismo. Sem Cristo, podemos resolver todos os problemas políticos que quisermos que estaremos apenas a prolongar a lenta, mas inexorável, agonia da Europa.