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quinta-feira, 17 de julho de 2025

A barbaridade tornou Israel no agressor



Que uma bomba caísse na Paróquia da Sagrada Família em Gaza era inevitável. Quando se faz chover bombas durante quase dois anos num território com o tamanho do Alentejo, era bastante expectável que uma lá fosse cair.

Mas a Igreja da Sagrada Família é apenas mais um dos alvos civis que Israel atingiu nestes quase dois anos de guerra. Mesmo descontando todo o exagero e mentiras do Hamas, a verdade é que o contínuo ataque a Gaza tem provocado milhares de vítimas inocentes. Pessoas pobres, desesperadas, reféns do Hamas, abandonadas pelos países árabes, bombardeadas por Israel.

Há muito tempo que qualquer proporcionalidade entre o horrendo ataque de 7 de Outubro e a resposta de Israel se perdeu. E não colhe o argumento de que o Hamas, podendo, faria pior. Porque o Hamas é um grupo terrorista e Israel é, supostamente, um Estado civilizado.

Não coloco em causa o direito de Israel a existir, nem o direito a defender-se. Não há qualquer dúvida de que o ataque de 7 de Outubro pode ser equiparado a um acto de guerra, pelo que era razoável uma resposta de Israel. Mas não existe um direito a ocupar território que não é seu, não há direito a terraplanar Gaza.

É evidente que o Hamas não tem qualquer problema em usar a população civil como escudo humano. Em usar caves de hospitais como bases, ou escolas como paióis. São um grupo terrorista. Cabe a Israel responder como um Estado que respeita o Direito Internacional. Não o faz. Responde como uma nação poderosa, capaz de punir todo um povo para impor a sua vontade.

O ataque à Paróquia da Sagrada Família, a única presença cristã em Gaza, que acolhe 600 pessoas, não é apenas um azar. É um símbolo da barbaridade da acção de Israel. Não alinho com a esquerda, que finge que Israel é uma potência imperialista e que, mais ou menos envergonhadamente, defende a sua destruição. Não acredito que haja um genocídio em Gaza. Não nego a selvajaria do 7 de Outubro, e não tenho dúvida de que o Hamas é um grupo terrorista que deve ser destruído.

Mas neste momento, o governo de Netanyahu tornou Israel numa potência militar agressora, que, para seguir a sua visão de um Grande Israel — do rio ao mar (a inversão do sonho esquerdista para a Palestina) —, não hesita em chacinar inocentes (o que é diferente de um genocídio). E, por isso, tem de ser travado.

 

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