Foi muito impressionante assistir, ao longo do dia, às reações à morte de Diogo Jota e de André Silva. Embora todos os dias morram milhares de pessoas, muitas em circunstâncias dramáticas, é evidente que a morte de um jovem que, de alguma forma, fazia parte da nossa vida nos toca.
Sobretudo quando pensamos nas circunstâncias em que
aconteceu. No ano em que foi campeão pelo Liverpool, pouco tempo depois de
ganhar a Liga das Nações, uma semana após casar com a namorada de toda a vida,
com quem tinha três filhos pequenos. A verdade é que Diogo estava no auge da
sua vida — um sucesso conquistado com o seu trabalho.
Ainda por cima, há jogadores de futebol com quem embirramos,
porque são mimados ou arrogantes. Diogo Jota era o contrário, como os milhares
de testemunhos públicos têm deixado claro: humilde, trabalhador, totalmente
dedicado à família. E, para piorar, morre num acidente — não a fazer uma
imprudência qualquer, mas a regressar a Inglaterra porque não podia andar de
avião.
Tudo isto parece absurdo, tudo isto parece absolutamente
injusto. Os pais que perderam os filhos, a mulher, viúva ao fim de uma semana,
os filhos órfãos. E nenhum sentimentalismo, nenhuma frase bonita, nenhum “you’ll
never walk alone” pode dar resposta a este drama. Penso que também por isso
se gerou um sentimento tão comum de dor entre nós: porque fomos, de forma crua
e dura, colocados diante da fragilidade da vida. Diante de um jovem bom, com
sucesso, no auge da sua vida profissional e pessoal, que, de repente, morre num
estúpido acidente de carro. Um acontecimento assim não pode deixar de nos
interpelar: de que vale a vida?
E, diante disto, penso que só há duas respostas
verdadeiramente humanas. Uma é o desespero: aceitar que a vida é injusta, que
nada vale a pena, que tudo se finda num único momento trágico. A outra, que a
mim parece mais humana, é o pedido, o desejo, a exigência de mais; a intuição
de que a vida é mais do que isto. Diante da morte, ou o desespero, ou o grito
da fé. O grito, nascido da dor, de que Deus se revele, se nos mostre, se faça
próximo.
Cristo é o único que pode dar sentido a um acontecimento
destes. Só Aquele que venceu a morte, só Aquele que traz em Si a promessa da
Eternidade, pode dar sentido à nossa existência humana. Porque Ele é o Penhor
da Eternidade.
Essa promessa, de uma morada preparada para nós, não retira
a dor nem o drama. Mas introduz uma nova perspetiva, um horizonte de esperança.
A morte não tem a última palavra.
Por isso, rezo pela alma destes dois jovens, que não
conheci, mas que, de alguma forma, entraram nas nossas vidas. Rezo para que o
Senhor os acolha. E rezo pela sua família, dramaticamente atingida, para que,
na sua dor, encontrem a doçura de Jesus — o único que nos permite, nunca caminhar
sozinhos.