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segunda-feira, 11 de março de 2024

Algumas notas sobre as eleições


1.Luís Montenegro fez um boa campanha, com uma estratégia corajosa, apostando tudo no “não é não” ao Chega. Partiu em desvantagem, com as sondagens todas a dar vantagem ao PS. Ganhou as eleições, mas não tem condições para governar. A estratégia foi clara e não resultou.
2.Quem derrotou o PS foi o Chega. A AD ganhou apenas 200 mil votos relativamente a 2022, o Chega pode quadruplicar o seu grupo eleitoral. Para mim a fragilidade da estratégia do “não é não” é que quem traça linhas vermelhas são os eleitores e os eleitores claramente não traçaram nenhuma em relação ao Chega.
3.O Chega é o grande vencedor da noite. Podem ficar todos chocados, acusar os eleitores disto e daquilo, que em nada muda o facto de mais de um milhão de portugueses ter votado no Chega. Este resultado é a prova da separação entre os partidos, a comunicações social, os comentadores e o povo. Enquanto o PSD não perceber que tem de falar para as pessoas e não para os comentadores, o Chega irá continuar a crescer.
4.O PS tem uma grande derrota. Nem o facto de ficar quase empatado com a AD altera esse facto. Os socialistas tinha uma maioria absoluta e agora não chegam aos 80 deputados. Usar a incapacidade da AD de explorar esta frustração para maquilhar a derrota do PS é ridículo.
5.A IL prova mais uma vez a sua inutilidade. Tem uns ditos giros, manda umas larachas engraçadas, mas só serve para encurtar a derrota do PS. Passou a campanha toda indecisa entre namorar a AD e ataca-la, para depois ficar com os mesmo deputados e não ter força para garantir qualquer solução governativa. A soberba da IL não convence e cheira-me que a queda não está longe.
6.À esquerda o BE não é capaz de aproveitar o desabamento do PS, o PC continua a extinguir-se, só o Livre cresce. O país, mesmo à esquerda, está farto da hipocrisia do BE e mostrou que prefere o tom sensato de Rui Tavares. Nas propostas não serão muito diferentes, mas na forma o crescimento do Livre à custa do BE é boa notícia.
7.É muito provável que o resultado do ADN se deva à parecença das siglas, mas não se despreze o apoio da comunidade brasileira evangélica a este partido. O Bruno Fialho tem uma estratégia e apesar da coincidência das siglas ter ajudado seguramente, não me parece que seja de desprezar o resultado. Sobretudo, não se despreze o que pode fazer agora com subvenção pública.
8. O PAN é como os parasitas, custa a morrer. Ainda não foi desta que nos livramos deles. Mas reparo que começa a ficar claro o extremismo à esquerda, quando ouvimos a histeria sobre o regresso do CDS, que o PAN apelida de extrema-direita, ao Parlamento.
9.O CDS volta ao Parlamento e isso é uma boa notícia. Mas, passadas as eleições, não posso deixar de dizer que neste momento somos os Verdes do PSD. O regresso a São Bento devemos ao PSD mais do que ao nosso trabalho. É por isso urgente não desperdiçar esta oportunidade de mostrar a utilidade do CDS, como partido da Direita Social, firme na defesa da nossa doutrina. De outra forma ficaremos para sempre diluídos no PSD.
10.O país está ingovernável. Oitenta deputados, o máximo que a AD pode alcançar, não é suficiente para governar. Admiro Montenegro pela coragem que demonstrou na campanha, mas devia ter-se demitido. Apostou corajosamente, falhou, saia com honra. Temo que a confusão dos próximos meses venha a conduzir-nos a uma maioria de esquerda no parlamento. Aí vamos ter saudades de Costa.
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