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segunda-feira, 22 de abril de 2024

CDS: Um pouco de humildade ficava bem

 



Aconteceu este fim-de-semana o congresso do CDS. Eu, por motivos familiares, não consegui ir. Mas fui acompanhando os acontecimentos. E confesso alguma preocupação com a soberba (que alias, preocupação que tenho desde 10 de março).

A verdade é que o CDS entre 2015 e 2019 perdeu 13 deputados. Também devemos lembrar que nesse mesmo ano, não conseguiu recuperar o seu segundo eurodeputado, tendo como cabeça de lista o actual presidente.

Entre 2019 e 2022 o CDS viveu uma guerra civil, onde muitos dos actuais dirigentes tiveram participação activa. Alguns dos que hoje apoiam entusiasticamente o CDS chegaram a apelar ao voto noutros partidos em 2022.  Isto num partido falido. O resultado, com muita responsabilidade da direcção então no poder, mas também daqueles que lutaram até ao fim para garantir o seu falhanço, foi que não conseguimos eleger qualquer deputado.

Em 2024 o resultado das eleições deixou claro que o CDS não cresceu eleitoralmente (as sondagens já o indicavam) e que a eleição de dois deputados se deveu a coligação com o PSD. Coligação que Francisco Rodrigues dos Santos tentou em 2022 e que foi abertamente criticada por muitos dos que hoje apoiam a actual direcção e pelo próprio Nuno Melo.

Por isso, fingir que o que aconteceu nos últimos anos do CDS foi um desastre de uma única direcção e que está ultrapassado devido ao génio do actual presidente, não só é mentira, como é uma estratégia perigosa. Francisco Rodrigues dos Santos não foi o causador dos problemas do CDS, mas também não os conseguiu inverter. E Nuno Melo, também não, teve foi mais sorte e um partido mais pacificado.

O CDS tem agora, com o regresso ao parlamento e a presença no Governo uma segunda hipótese, que não fez por merecer, de renascer. Convém aproveitá-la com humildade. Temos dois bons deputados, o que me alegra. Mas é preciso fazer realmente prova de vida e não embandeirar em arco. Sobretudo, é preciso que o CDS deixe de ser uma coutada pessoal, dos de sempre, que se abra realmente e sobretudo, que volte a ocupar o seu lugar como o partido da Direita Social, com propostas e medidas concretas de apoio às famílias, no reforço da sociedade civil, no apoio aos mais frágeis, na defesa da liberdade, sobretudo na liberdade de educação.

A soberba é sempre um pecado, mas a soberba sem ter razões para isso é também um dos piores erros que se pode fazer em política.

1 comentário:

  1. Lamentavelmente, o CDS será nesta legislatura uma coutada pessoal, dos de sempre. João Almeida, Telmo Correia ou Álvaro Castello-Branco são da velha guarda, não constituem nenhuma lufada de ar fresco no partido. O caso do Porto é paradigmático: têm Isabel Menéres Campos, professora universitária e mulher. Poderia muito bem integrar o grupo parlamentar. Mas não, o lugar acabou por ficar para João Almeida, que já se confunde com a mobília do partido na AR. Quanto ao resto, os primeiros dois anos de mandato de Nuno Melo foram um desperdício quanto à mobilização das tropas. Penso na relação com os autarcas. Enquanto autarca independente pelo CDS verifico, com grande pena, que nestes dois anos o CDS não quis saber dos seus autarcas, não puxou por eles, quando eram a linha da frente do partido. Portanto, tudo somado, falta de mobilização das tropas + ausência de renovação, aliado à dificuldade do partido em se distinguir no plano partidário, não antecipo futuro ao CDS.

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