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quinta-feira, 16 de abril de 2020

Os Incríveis


O isolamento social para os pais significa, gostemos ou não, que as crianças vêm mais televisão. Eu bem sei que nós devíamos ser capazes de as entreter todo o dia com actividades lúdicas e pedagógicas que as desenvolvam. Mas entre as belas teorias educativas e a bruta realidade há uma enorme distância. Três crianças abaixo dos quatro anos em casa, pais a trabalhar, todo um dia para ocupar, inevitavelmente haverá mais televisão. E não tenciono perder a pouca sanidade mental que me resta a atormentar-me porque os meus filhos vêm mais televisão do que o último livro pedagógico da moda recomenda.

Uma das experiências mais interessantes da relação das crianças com a televisão, é que por muitos filmes e séries que tenham à disposição, eles querem sempre ver a mesma série e o mesmo filme. Todos os dias, várias vezes se preciso, os mesmo episódios se não houver nenhum novo!

Tenho a sorte dos meus filhos terem fixado a sua atenção nos Incríveis. Para quem desconhece, este filme é sobre uma família de super-heróis que tiveram que passar ao anonimato por ordem do governo. O pai, o Senhor Incrível, vive frustrado e nostálgico dos seus tempos de super-herói. Até ao dia em que recebe uma proposta para ajudar um misterioso milionário que precisa dos seus serviços. Sem dizer nada à mulher, o Senhor Incrível começa uma carreira secreta de super-herói. Acaba preso e a ser salvo pela família. Todos juntos derrotam o grande vilão.

O filme é divertido e bem feito, mas para além disso há duas coisas no filme que valem muito a pena. A primeira é a questão dos poderes. Parte do filme gira à volta do debate entre o Senhor Incrível e a Mulher Elástica (sua mulher) sobre o uso dos poderes. O pai acha que os filhos devem desenvolver os seus poderes. Que fazem parte do que eles são. A Mulher Elástica defende que eles têm que ser normais, iguais a todos os outros. Num tempo em que as as crianças são formatadas para serem todas iguais, é bom ver um filme que defende a unicidade de cada criança e de como é bom que sejam ajudadas a desenvolver os seus talentos.

A outra coisa que eu gosto neste filme é como é necessária a família para derrotar o vilão. E como é necessário o poder de cada um deles: a força do pai, a elasticidade da mãe que chega a todo o lado, os campos de força da irmã mais velha com que defende o irmão, e a supervelocidade de Flecha o filho pré-adolescente. O único que não luta é o bebé Zé Zé, cujo os poderes só se conhecem no fim do filme: um bebé que muda de um diabo enfurecido, para ser de puro chumbo, até simplesmente desaparecer. Embora a maior parte das famílias não tenham superpoderes facilmente reconhecerão não apenas esta qualidades, mas também esta complementaridade que faz uma família funcionar!

Nem só de grandes livros e grandes filme se faz o isolamento social. Também se faz de desenhos animados. E se é para ver o mesmo todos os dias, os Incríveis são uma boa escolha.

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