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quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Votar é preciso!





1. Em Portugal assiste-se a um desencanto cada vez maior com a política. São cada vez menos os que votam e os que votam fazem-nos de maneira cada vez mais desanimadas. Há muitas razões para que isto aconteça. A política parece cada vez mais distante da vida diária das pessoas, cada vez mais embrenhada em trincheiras partidárias. Os escândalos de corrupção e de abuso de poder parecem não acabar. Os políticos falam uma linguagem que só eles parecem entender, mais pensada para os comentadores e os outros políticos, do que para os cidadãos.

Contudo as razões que levam tantos a uma posição cínica diante da política, não são exclusivas da política. São fruto de uma sociedade cada vez mais distante da realidade, de uma humanidade cada vez mais desinteressada pela sua própria vida, pela dos seus filhos, pela dos seus amigos. A política é aquilo que a sociedade dela faz.

Temos a política que temos porque a maior parte de nós não se empenha nela. Para que a política mude é preciso o empenho de quem a quer mudar. E neste momento esse empenho significa dia 6 de Outubro ir votar.

2. A política vive da tensão entre o ideal e o real. Nós empenhamo-nos na política para servir o ideal. Contudo o ideal serve-se na realidade concreta. E a realidade nunca é como nós queremos, nunca é a melhor, é o que é.

Se só nos empenhamos na política quando estão reunidas todas as condições para se construir o que consideramos melhor, então nunca o faremos. Ficaremos encerrados na nossa trincheira, cheios de razão e superioridade moral, mas sem realmente construir nada.

Dia 6 de Outubro não somos chamados a votar nos candidatos perfeitos, com ideias justas e vidas privadas impolutas. Somos chamados a votar em quem aparece no boletim de voto. E o nosso trabalho é ajuizar como é que nosso voto pode ajudar a construir o bem comum.

Votar é escolher entre as possibilidades que existem, não entre as que nós queremos. Se nos refugiamos na nossa exigência moralista de candidatos perfeitos o único resultado será não termos qualquer voz na construção da nossa sociedade.

3. Estas eleições são dramáticas. Infelizmente, como tem vindo a ser habitual, muitas das questões essenciais têm ficado longe da campanha. Dia 6 de Outubro está em jogo:

- A possibilidade de aprovação da eutanásia, do alargamento dos prazos legais do aborto, do regresso das barrigas de aluguer;

- A ameaça à liberdade de educarmos os nossos filhos: mais ideologia de género nas escolas, mais perseguição às escolas não estatais, menos possibilidade de escolher a escola, mais centralismo do Ministério da Educação;

- Um Estado cada vez mais poderoso e centralizador, que chama a si todos os aspectos da vida social, desde a saúde à economia, passando pelo apoio social, reduzindo assim a possibilidade intervenção pessoal e das comunidade;

- A continuação da impunidade para os casos de corrupção e de abuso de poder.

4. Está nas mãos de cada um de nós tomar posição sobre estes temas. Cabe a cada um de nós escolher se queremos um Estado que respeita a dignidade humana, a sua liberdade, a sua consciência. O tempo é grave por isso não farei qualquer apelo partidário. Apenas apelo para que todos em consciência não fiquem na indiferença perante as eleições. Dia 6 é dia de escolher: dá trabalho,  mas a alternativa é deixar outros escolherem por nós.

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