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quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Na Síria, mais uma vez o martírio.



Confesso que não sou especialista na complexa política do Próximo Oriente. Existe uma quantidade enorme de povos, de alianças, de movimentos políticos e religiosos, que não são fáceis acompanhar. Para além disso, a informação sobre a situação política nessa zona do globo chega-nos sempre pelo filtro do Ocidente, que tende a apresentar a situação sobre o prisma que é mais conveniente. Basta pensar na guerra civil da Síria, onde terroristas foram sempre tratados como se fossem democratas.

Dito isto, sempre tive alguma apreciação pelos curdos. Desde que me lembro de ouvir falar deste povo estavam regra geral a ser perseguidos por algum ditador ou grupo extremista sanguinário e a resistir.

Mas a minha admiração por este povo aumento sobretudo durante a guerra contra o Estado Islâmico. Lembro de a um certo ponto os curdos serem os únicos que pareciam realmente lutar contra o EI. Sobretudo, quando a perseguição aos cristãos começou no Iraque os curdos pareciam ser os únicos dispostos a lutar para os defender.

Na altura em que a Europa fazia jura de combate ao EI e o Estados Unidos lhes davam força enfraquecendo o governo Sírio, os curdos lutaram, e muitas vezes com sucesso contra esses bárbaros.

Enquanto escrevo estas linhas a Turquia está a atacar o nordeste da Síria, uma zona autónoma, nascida da guerra contra o Estado Islâmico, controlado por uma coligação de curdos, mas também de cristãos e árabes. A desculpa evidentemente é o ataque aos curdos. Erdogan, sem qualquer problema, está a bombardear civis e a usar jihadistas neste ataque. Entre os objectivos está o tomar posse das prisões onde se encontram dezenas de milhares combatentes do Estado Islâmico (que, relembremos, nunca teve grandes problemas com a Turquia). Tudo leva a querer que o ataque Turco não só será levará a mais atrocidades contra o povo sírio, como pode levar ao recomeço da guerra civil que martirizou e destruiu aquele país.

Tudo isto se passa com o consentimento tácito de Trump (que retirou os conselheiros militares americanos daquela zona, permitindo o avanço turco) e a bênção de Putin. Para todos aqueles que viam nestes dois os grandes defensores do Ocidente e da Cristandade contra o islamismo é bom que fique claro que os dois acabaram de entregar os maiores inimigos do Estado Islâmico a um ditador islâmico por mero interesse geo-estratégico. Trump demonstra assim que é igual a Bush e pouco melhor que Obama. Os aliados de hoje sãos os inimigos de amanhã, tudo dependente do interesse americano.

Mais uma vez o povo sírio, especialmente as suas minorias, serão vitimas no grande tabuleiro da geo-política mundial. A guerra de influências entre americanos, russos, iranianos, sauditas, judeus e árabes será mais uma vez paga com o sangue inocente dos sírios. Pouco ou nada podemos fazer. Mas podemos e devemos denunciar.

P.S.: Sobre o tema vale a pena ler a notícia da RR assinada pelo Filipe Avillez assim como ir seguindo o que ele escreve nas redes sociais sobre o tema.

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