Conta a lenda que
Eduardo III de Inglaterra, durante um baile em que dançava com uma das suas
noras a quem caiu uma liga, apanhou a do chão, colocou-a na sua perna e,
perante o coro de maledicência que se tinha formado, afirmou “Honni soit qui
mal y pense” ou seja, “tenha vergonha que vê mal nisto”. De seguida
afirmou que aquela liga ainda haveria de ser desejada por muitos. Assim nasceu
a Ordem da Jarreteira, a mais antiga e prestigiada ordem de cavalaria inglesa.
Lembrei-me desta
história ao tomar conhecimento de um artigo escrito por frei Bento Domingues no
jornal Público. Para algum leitor mais distraído, que ainda não tenha tomado
conhecimento de quem é o autor em questão, fica uma breve explicação:
Frei Bento é um frade
Dominicano que deve a sua fama ao facto de, há décadas a esta parte, atacar a
Igreja em qualquer palco que lhe concedam. Munido de uma enorme capacidade de
debitar fórmulas vazias que tanto agradam ao mundo, frei Bento dedica-se a tentar reduzir a Igreja ao seu olhar mundano e limitado.
A fama deste frade
vem, não da sua santidade ou inteligência, mas simplesmente porque é o critico
de serviço. Sempre que há algum tema relacionado com a Igreja, lá estará frei
Bento pronto para o ataque. Para ele o
critério nunca é a Fé da Igreja, que é a Fé em Jesus, mas sempre e apenas a sua
cabeça, que aparentemente se ficou por 68.
Esta semana decidiu
então este senhor escrever um artigo a armar intriga contra o Papa emérito. No dito
artigo, para além de debitar mentiras e insultos a Bento XVI, frei Bento “escandaliza-se”
(ele que não se escandaliza com a morte de uma criança no ventre materno…)
porque o Papa emérito não só escreveu o prefácio de um livro do Cardeal Sarah,
perfeito para a Congregação do Culto, nomeado há dois anos pelo Papa Francisco,
como ainda por cima o elogia e agradece ao Papa por o ter nomeado.
Daqui, frei Bento,
imerso nos seus esquemas mundanos de lutas de poder, retira toda uma intriga
digna de uma dessas modernas e tontas séries de politica.
Claro que para o
dominicano, que vê as coisas não pelos olhos da fé mas com os olhos da sua própria
mesquinhez, o Papa Bento XVI estaria a fazer o que ele faria se estivesse na
sua posição (claro que frei Bento nunca estaria na posição do Papa emérito,
porque jamais teria largado o poder de forma humilde e voluntária).
O problema é que o
Papa Bento XVI, assim como o Papa Francisco, não se movem pelos critérios de
frei Bento, que são os critérios do mundo, mas pelo amor a Cristo e à Igreja. E
isso, o frade comentador nunca seria capaz de compreender.
A vergonha não está
seguramente no Papa emérito, que é mais fiel ao Papa Francisco do que frei
Bento alguma vez será. A vergonha está neste mísero frade, incapaz de olhar
para a realidade sem ser com a mesquinhez que lhe tolda o juízo.
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