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segunda-feira, 3 de abril de 2017

Hepatite A: Quando a ideologia é mais forte que a realidade.






Tem sido notícia na última semana um surto de hepatite A no nosso país. Sobre isso vale a pena ver alguns factos:

- Até agora existem 126 pessoas afectadas: 119 homens e 7 mulheres.

- A maior parte das pessoas afectadas são de Lisboa.

- A doença transmite-se pelo contacto oral com matéria fecal, sendo um meio comum de transmissão certas práticas sexuais.

Ora, olhando para estes factos é bastante evidente que este surto tem afectado sobretudo os homens homossexuais. Esta observação não tem qualquer juízo de valor ou de moral sobre as suas relações, trata-se apenas de observar os factos.

Infelizmente, vivemos num tempo em que a ideologia é mais forte que a realidade. Por isso mal alguém insinuou que os homens homossexuais são um grupo de risco no que toca à hepatite A, saltaram logo os activistas a condenar estas afirmações, dizendo que não havia grupos de risco, mas apenas comportamentos de risco.

A Direcção Geral de Saúde, que ainda tentou esboçar uma opinião realista sobre o assunto, rapidamente tratou de emendar a mão e começar a tratar este assunto como se de facto desconhecesse que este surto tem afectado esmagadoramente homens homossexuais.

Isto seria cómico se não fossem as consequências. Ao recusar reconhecer que existe de facto um grupo de risco por mera questão ideológica, a DGS, assim como os media, e os activistas homossexuais colocam em risco os homossexuais. 

Diante de uma doença que afecta uma parte especifica da população será razoável uma campanha junto dessa parte da população sobre os cuidados a ter para evitar o contágio. Em vez disso escolhem tratar este surto como se não fosse conhecido a sua origem ou as suas causas.

O absurdo chegou ao ponto em que a DGS vai disponibilizar meios de prevenção da hepatite A nas consultas de viajante, sobretudo para os viajantes que se deslocam a África, África Subsariana, Ásia e América Central e do Sul. Isto quando já se identificou a Holanda como origem deste surto que se está a espalhar na… Europa!

Fingir que se desconhece as causas deste surto em nada contribuirá para a sua erradicação. Muito pelo contrário, servirá apenas para evitar a sua prevenção. Por isso, em nome dos direitos dos homossexuais, para evitar a sua discriminação, coloca-se em risco a sua saúde.

Mas, mais ainda, esta cegueira ideológica não afecta apenas os homossexuais (o que já de si seria suficiente para nos revoltarmos com o que está a acontecer). Afecta-nos a todos.

Ao tratar este surto como se fosse de causas desconhecidas, a DGS requisitou meios para lá dos que seriam necessários para o combater. Este organismo público não só requisitou e se prepara para distribuir sete mil vacinas grátis (misteriosamente apenas no Centro de Saúde da Baixa de Lisboa…) como vai disponibilizar tratamentos de prevenção da hepatite A nas consultas de viajantes em todos os centros de saúde do país (como já acima referi). Isto no país onde uma grávida que mora no centro de Lisboa não consegue arranjar uma vacina contra a tosse convulsa e onde a vacina contra a meningite tipo B (que quando não mata deixa sérias sequelas) custa 90 euros a dose (sendo que é preciso três, num total de 270 euros…).

Não posso deixar de perguntar porque razão é que uma doença que é fácil prevenir, que afecta apenas uma parte da população, que em mais de 90% dos casos é curada sem qualquer tratamento, merece todos estes recursos? Isto quando os meios de tratamento e prevenção de doenças possivelmente mortais são de difícil acesso. Um pai pobre não consegue vacinar o seu filho contra a meningite, um homem rico e educado, para não ter que ter cuidado na sua vida sexual, tem direito a uma vacina grátis.

Resumindo: para não criar um “estigma” gastam-se recursos já de si escassos a combater de maneira ineficaz o surto de uma doença não especialmente perigosa e de fácil prevenção. Tudo isto enquanto o Estado não é capaz de garantir que estejam disponíveis tratamentos e meios de prevenção para doenças que são potencialmente mortais. Este é o perigo de ser a ideologia e não a realidade ditar as políticas da saúde.

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