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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

O Estranho Caso do Professor José Manuel e do Deputado Pureza





O Professor José Manuel, respeitado académico da nossa praça, é a favor da eutanásia. Como cidadão socialmente activo que é decidiu, juntamente com outras pessoas igualmente activas, promover uma petição sobre o assunto. Criaram um manifesto e começaram a recolher assinaturas.

Passados uns meses, tendo recolhido as assinaturas que acharam necessárias, o Professor José Manuel, juntamente com os seus companheiros de luta, decidiram entregar a sua petição na Assembleia da República.

Na entrega o Professor José Manuel, peticionário, não esteve presente. Mas tiveram os seus companheiros, que foram recebidos, entre grande aparato mediático, pelo Presidente da Assembleia da República e pelos Vice-Presidentes.

Entre eles estava o Deputado Pureza. O senhor deputado foi eleito pelo Bloco de Esquerda que não colocou no seu manifesto eleitoral a questão da eutanásia e nunca tomou qualquer posição pública sobre o tema, nem fez qualquer proposta legislativa na Assembleia da República.

A petição do Professor José Manuel foi então enviada para a Iª Comissão para análise. Dessa comissão faz parte o Deputado Pureza que foi então nomeado relator da petição.

Foi feita uma audição aos subscritores da petição, onde não esteve presente o Professor José Manuel mas esteve o Deputado Pureza a defender os méritos da mesma. 

No relatório, produzido pelo Deputado Pureza, eram feitos vários elogios à petição do Professor José Manuel. Aliás o Deputado Pureza ficou de tal maneira convencido com a petição do Professor José Manuel que anunciou que iria apresentar uma proposta de lei a pedir a legalização da eutanásia. Isto apesar de nunca o seu partido publicamente ter defendido o assunto e de nunca o Deputado Pureza, em mais de sete anos como deputado, ter apresentado qualquer iniciativa sobre o tema.

Entretanto vários debates foram feitos. Em alguns esteve presente o Professor José Manuel, activista cívico e peticionário à Assembleia da República. Noutros esteve presente o Deputado Pureza, político que, só após a petição do Professor José Manuel, descobriu a necessidade de legislar sobre a morte a pedido.

Por muito estranho que pareça, embora estejam ambos muito empenhados no assunto da eutanásia, nunca o Professor José Manuel e o Deputado Pureza se cruzaram. Aliás, ainda ontem no debate no Parlamento o Deputado Pureza saudou os subscritores da petição a favor da eutanásia que assistiam ao debate nas galerias. Mas ninguém lá viu o Professor José Manuel.

Há quem diga que o Professor José Manuel e o Deputado Pureza nunca estão no mesmo local pelo simples facto de serem a mesma pessoa. Mas isso parece-me impossível. Não acredito que o Deputado Pureza, deputado há mais de sete anos, subscrevesse uma petição aos deputados a pedir que legislem sobre um assunto, quando ele o próprio o podia ter feito.

Aliás, também não acredito que os sete ou oito nomes iguais ao de deputados, que aparecem entre os primeiros subscritores da petição pró-eutanásia, seja realmente o dos deputados, mas sim de outras pessoas com nome igual. Porque não é possível acreditar que deputados da nação, munidos de poder legislativo, escarnecessem assim da democracia participativa. Porque as petições à Assembleia da República servem para pedir algo aos deputados. Ora, se os deputados querem que se legisle num sentido, então devem fazê-lo, que foi para isso que foram eleitos. Ao subscrever e promover uma petição estão a recusar-se a fazer o trabalho para o qual são pagos.

Para além disso, também não acredito que o Deputado Pureza aceitasse aferir da admissibilidade de uma petição que ele próprio subscreveu. Menos ainda fazer o relatório da mesma. 

Não acredito que o Deputado Pureza seja capaz de tal falta de ética. De ser ao mesmo tempo subscritor, legislador e relator. Mas a verdade é que nunca ninguém o viu no mesmo local que o Professor José Manuel. E isso é um caso muito estranho!

1 comentário:

  1. Se o José Manuel for e o Pureza for outro, para o caso de se envolverem resulta promiscuidade.
    Se forem uma só pessoa já será Pureza.
    Mesmo sendo pureza da mais pura, mais asséptica, a gente dispensa tal morte dessa eutanásia tão desinfectada.

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