Antes de mais, não tenho qualquer simpatia por Mário Machado e a sua retirada da sociedade parece-me bastante favorável.
Para além disso a liberdade de expressão tem limites. Ameaças, insultos, mentiras não são liberdade de expressão e devem ser sancionados.
Dito isto, acho alarmante que Mário Machado seja condenado a dois anos de prisão efectiva pelo que escreveu nas redes sociais. O facto de ser líder de um movimento político que já praticou actos de violência e de o próprio ter um histórico de violência não permitem tratar o que escreveu como uma simples graça de mau gosto. Mas não há ali uma ameaça clara e concreta, não colocou de facto em risco ninguém, não praticou qualquer acto que demonstrasse que se tratava de facto de uma ameaça.
A justiça não pode começar a criminalizar intenções, não pode prender pessoas porque são más pessoas, ou porque escrevem coisas horrorosas nas redes sociais. E aqui não estou a defender Mário Machado, mas a sociedade. Porque o tribunal que hoje condena Mário Machado de forma “exemplar”, por afirmações que todos discordamos, é o mesmo que amanhã me condena a mim por afirmar qualquer coisa que vai contra a ortodoxia vigente.
E basta ver o que neste momento acontece no Reino Unido, onde as prisões e condenações por “crime de ódio” nas redes sociais aumentam, para perceber que não estou a falar de uma teoria da conspiração, mas de algo que está a acontecer diante dos nossos olhos.
Hoje no Ocidente em geral, e na Europa em particular, a liberdade de expressão está cada vez mais reduzida. A coberto do discurso de ódio, bane-se e criminaliza-se opiniões que simplesmente são contrários ao politicamente correcto.
Por isso, apesar do asco que sinto por Mário Machado, apesar do nojo que sinto pelas suas declarações, tenho mais medo do tribunal que o condenou e da sociedade que aplaude essa condenação. Porque é sempre mais perigoso o Poder que ignora a Justiça para defender a “Democracia”, do que o criminoso que a ataca às claras.