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quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Na Exaltação da Santa Cruz.


Hoje é dia da exaltação da Santa Cruz, uma das mais misteriosas festas do cristianismo. O normal é festejar as grandes vitórias, como o nascimento ou a ressurreição. Mesmo o sacrifício, mesmo sendo um momento de derrota, é razoável celebrar: o amor e a coragem de quem se oferece pelos outros. Mas hoje celebramos a próprias Cruz. Celebramos o instrumento da tortura do Nosso Salvador.

Exaltamos a cruz, porque foi o sofrimento que Jesus nela sofreu que redimiu os nossos pecados. A cruz lembra-nos que a morte, a dor, o sofrimento, não têm a última palavra. Nem o mais atroz sofrimento, nem a mais flagrante injustiça, nem o drama mais esmagador têm a palavra definitiva. O sofrimento, a dor, a injustiça, a morte, entregues a Deus são possibilidade de redenção. É no maior sofrimento, totalmente despojados de todos os confortos do mundo, que podemos imitar verdadeiramente a Cristo e entregarmo-nos totalmente nas mãos de Deus.

Nada disto é fácil, nem imediato. O Padre João Seabra, que hoje faria 74 anos, explicava na última homilia que fez no dia dos seus anos: “A vida toda não chega para perceber isto, para começar a perceber isto: começar a perceber o bem que há para nós na derrota, no fracasso, no insucesso, nos tormentos, na morte. É este o significado desta festa: aprendermos a amar as circunstâncias em que Deus nos ama, e deixarmo-nos amar por Deus como Deus nos ama.”

O Padre João foi para nós, foi para mim, um claro testemunho da liberdade que só é possível na Cruz. Na liberdade a quem mais nada resta do que o Senhor. Por isso esta festa é tão importante: para vivermos com os olhos na Cruz na qual fomos, e continuamente somos, redimidos.


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