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quarta-feira, 29 de março de 2023

Crucifiquem-nos!



O homem que atacou o Centro Ismaili não era imigrante, era refugiado. Não entrou em Portugal por causa da política de imigração, mas com estatuto de refugiado. Foi um dos milhares de afegãos que fugiram do brutal regime imposto pelos Taliban no seguimento da vergonhosa retirada americana.

Ou seja, mesmo que Portugal tivesse uma política mais restritiva de imigração (e é um debate que vale a pena ter), em nada teria mudado o que aconteceu ontem. Para evitar que o atacante entrasse em Portugal o país precisava de recusar acolher refugiados em fuga de uma ditadura sanguinária.

Portugal tem recebido nos últimos anos dezenas de refugiados: iraquianos, sírios, afegãos e mais recentemente ucranianos. Pessoas que foram obrigados a deixar as suas casas para fugir à guerra e à morte. Uma dessas pessoas cometeu um crime horroroso.

Vejo por aí que há quem considere que a solução para este crime horroroso é expulsar todos os refugiados, ou não permitir a sua entrada no país. Pelo crime de um homem, Portugal não deve ser um porto seguro para quem foge da guerra, da violência e da morte.

Claro que não há nenhum dado que sugira que Portugal seria mais seguro sem acolher refugiados, mas isso não interessa. Porque aquele homem era refugiado, e por isso todos os que são como ele devem pagar o preço do seu crime. Dezenas de inocentes não devem receber qualquer apoio nosso para expiar a culpa daquele homem.

Aproxima-se a Páscoa, o tempo em que um só homem expiou a culpa de todo um povo. Nos nossos dias inverte-se a Páscoa, e pede-se que todo um povo expie a culpa de um só homem.

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