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segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Pedro e Giovani.


Na última semana de Dezembro o país ficou chocado com a notícia de um jovem estudante morto num assalto em plena Lisboa. Passado uma semana, nova morte de um jovem estudante, desta vez em Bragança, por um bando de delinquentes da noite.
Normalmente estas duas tragédias seriam sobre a dor das famílias e a necessidade de combater dois fenómenos: a insegurança junto da Cidade Universitária e a violência que tem vindo ao aumentar na “noite”.

E provavelmente assim seria se o primeiro jovem não fosse branco e o segundo negro. Rapidamente a morte destes dois rapazes enquanto tragédia foi esquecida, para se transformar numa batalha política.

É verdade que a politização começou logo com o primeiro crime, ainda que de forma marginal. Mas com a segunda morte a coisa rapidamente se descontrolou. O crime era um acto de racismo, a comunicação social não tinha dado a mesma cobertura aos dois, diziam os activistas anti-racismo. Em resposta, vieram logo aqueles que diziam que estas associações não se preocupavam com a morte do jovem branco e que tinham sido negros a matar o primeiro.

Entretanto foram marcadas várias acções contra o racismo por causa da segunda morte, mesma sem qualquer indicação que o crime tivesse relacionado com a cor do morto.
No meio surgiu o boato de que o jovem teria sido morto por ciganos. Nova ronda de acusações que culminou na manifestação anti-racismo onde o famoso activista Mamadou Ba quase agrediu o repórter António Abreu por lhe perguntar sobre os ciganos. De seguida as redes sociais tornaram-se num campo de batalha, com acusações de racismo, de fake news, de isto e daquilo de ambos os lados. 

Finalmente veio a notícia de que afinal o crime não tinha motivações racistas e não tinha sido executado por ciganos e a questão esmoreceu. Não havendo racismo, não havendo ciganos, aparentemente a morte de dois jovens estudantes começou a perder o interesse. 

E isto é talvez das coisas mais trágicas do nosso tempo. Vivemos numa mentalidade marxista, que impregna muitas vezes até aqueles que o dizem combater. Contrariando a ideia de da fraternidade cristã, de homens criado à imagem de Deus em igual dignidade, e a ideia clássica da sociedade como um corpo que tem que trabalhar em harmonia, o marxismo dividiu a sociedade em classes que lutam entre si. E se o marxismo se ficou pelo povo contra o capital, hoje os seus herdeiros desdobraram esta luta numa quantidade infinda de identidades. Infelizmente, muitos dos que se opões ao marxismo acabam a olhar para a sociedade da mesma forma, mas escolhendo o “outro”lado como bom. Também acreditam que o mundo se divide entre homens e mulheres, homossexuais e heterossexuais, brancos e negros, só que estão do lado dos homens, dos heterossexuais e dos brancos! 

E assim vivemos num tempo de trincheiras, onde a morte de dois jovens só tem interesse enquanto arma de arremesso contra o inimigo. Onde o que realmente importa é se essa morte permite acusar o inimigo de alguma coisa.

Esta mentalidade é trágica. Pedro e Giovani foram mortos por bandidos. Mas foram mortos segunda vez por todos aqueles que os quiseram reduzir a arma política.

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