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segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Brasil: entre o autoritário conservador e o autoritário corrupto.






Muito se tem dito sobre as eleições no Brasil. Ficou-me sobretudo um artigo de João Miguel Tavares (provavelmente dos poucos cronistas de direita em Portugal) a sua ideia de que Haddad era preferível a Bolsonaro porque é preferível um democrata corrupto a um fascista honesto.

Parece-me contudo que João Miguel Tavares comete dois erros de análise. Primeiro é a afirmação de que Bolsonaro é fascista, que é o tema central do seu artigo. Bolsonaro é sem dúvida um homem que entre as liberdades individuais e a ordem pública escolhe a ordem pública. Isso tem evidentemente como consequência que em última instância o capitão na reserva prefere um Estado autoritário que controle aquilo que ele considera ser os males do país (a criminalidade, a corrupção, etc) a um Estado livre. E é evidente que esta linha de pensamento é perigosa e pode por em causa a democracia. Mas não transforma Bolsonaro num fascista.

Por outro lado, João Miguel Tavares considera Hadadd um “corrupto democrático”. Antes demais é sempre discutível se um corrupto é democrático. Por natureza um corrupto é alguém que acredita que o seu bem estar pessoal está acima do bem público. Um corrupto é alguém que usa o Estado não para servir mas para se servir. Por isso um corrupto nunca é verdadeiramente democrático.

Ainda mais um corrupto que pertence a um partido que de facto procurou usar os bens do Estado com o único objectivo de se manter no poder (operação da qual Sócrates, tão denunciado por João Miguel Tavares, é aprendiz). Aliás, convém não esquecer que por trás de Haddad está Lula, o preso que procura usar o poder para fugir à prisão. Não haja dúvida que Haddad no poder significa o fim da operação Lava Jato, significa provavelmente o fim da autonomia judicial. Mais ainda, convém relembrar que um dos pontos da campanha de Hadadd é precisamente diminuir os poderes parlamentares e aumentar os poderes do Presidente, à imagem da Venezuela de Maduro.

O que me leva ao meu último ponto sobre a democraticidade de Haddad: pertence ao partido que apoia e celebra Cuba e a Venezuela de Maduro. Bolsonaro, com todos os seus defeitos, tem sempre mostrado preferir as democracias às ditaduras. Já o PT prefere qualquer ditadura socialista às democracias capitalistas.

Resumindo, não estamos diante de um embate entre um fascistas e um democrata corrupto. Estamos num embate entre um conservador autoritário e um corrupto autoritário. Nenhum me enche as medidas. Mas se tivesse que escolher, provavelmente escolhias o autoritário conservador que faz campanha em favor da ordem e da honestidade ao autoritário corrupto, que é pouco mais do que uma marioneta de um homem que continuamente procura dominar o poder para fugir à justiça.

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