Quando Tony Blair chegou à
liderança do Partido Trabalhista, os conservadores estavam no poder há 15 anos.
Quando finalmente venceu as eleições em 1997, havia eleitores que nunca tinham
visto outro partido no governo que não o Conservador.
O extraordinário consulado de
Margaret Thatcher tinha exposto claramente todos os defeitos do socialismo. A
Senhora de Grantham pegou num país com uma economia dominada pelo Estado e paralisada
pelo poder dos sindicatos e em onze anos construiu uma economia mais rica e um país
mais livre.
A sua política externa devolveu
aos ingleses o seu orgulho perdido na crise do Suez e voltou a colocar o Reino
Unido no seu lugar entre as grandes potências mundiais. A sua obstinada recusa
em ceder diante dos Soviéticos, assim como a sua férrea fidelidade à aliança
com a América, foram essenciais para o fim da Guerra Fria.
Ficou assim claro para os
britânicos que o socialismo tinha arruinado o país e que só um Estado que
defendesse as liberdades individuais dentro e fora das suas fronteiras podia
permitir ao Reino Unido continuar a ocupar o seu lugar entre as grandes
potências.
Tony Blair também percebeu a
lição. Rapidamente retirou o socialismo da matriz ideológica do Partido
Trabalhista e abraçou a Terceira Via: um encontro entre o socialismo e o
capitalismo. Abandonou o pacifismo típico dos seus antecessores e mostrou-se
como herdeiro da Baronesa Thatcher na política externa.
Este mudar de rumo do Partido
Trabalhista não foi pacífico no partido, sendo que Blair acabou por sair da
liderança do mesmo em 2007, muitíssimo contestado tanto pela sua política
interna como pela sua política externa. O seu sucessor, Gordon Brown, perdeu as
eleições de 2010 para os Conservadores de David Cameron, pese o facto de este
ter necessitado do Partido Liberal-Democrata para conseguir formar governo.
Ainda em 2010 chegou um novo
líder ao Partido Trabalhista. Ed Milliband apresentou-se como um novo messias:
descreve-se como socialista, próximo dos sindicatos, crítico de Blair e da sua
política externa. Embora se apresentasse como uma novidade, a verdade é que
Miliband significava, no fundo, um regresso ao passado: ao Labour socialista,
pacifista e progressista. Tudo aquilo que parecia ter sido destruído por
Thatcher renascia na roupagem de um jovem político de 40 anos.
E a verdade é que, mesmo sem
muita glória, as sondagens que foram sido feitas nos últimos meses permitiam a
Ed Miliband sonhar. Apesar do surgimento do Partido Escoês, a quem todas as
sondagens davam mais de cinquenta deputados, muitos à custa do Labour, tudo apontava para o empate ou
mesmo uma vitória dos socialistas sobre os conservadores e para um governo de
coligação entre os trabalhistas e os escoceses.
Mas, mesmo depois de morta,
Margaret Thatcher teve ontem mais uma vitória sobre as sondagens. Os eleitores
ingleses não só deram a vitória a David Cameron, como lhe deram ainda uma
maioria absoluta, permitindo-lhe governar sozinho.
O regresso do Partido
Trabalhista ao socialismo aparentemente só convenceu as empresas de sondagens,
porque Ed Miliband consegui eleger menos 26 de deputados do que nas últimas
eleições e ficar com menos cem deputados do que os conservadores. Entre as
baixas de ontem encontram-se o seu ministro-sombra das finanças, demonstrado
claramente que os ingleses não querem o socialismo.
A vitória de ontem foi
obviamente de David Cameron. Tendo governado o Reino Unido em plena crise
económica, o Primeiro-Ministro inglês consegue o feito, só realizado por
Margaret Thatcher, de aumentar a sua maioria no parlamento.
Contudo, os resultados de ontem evidenciam
também a derrota do socialismo. Demonstram que o povo inglês prefere um mercado
livre, prefere as liberdades individuais, prefere defender os seus valores. E
isso é devido a Margaret Thatcher. Por isso as eleições de ontem não são apenas
a vitória de David Cameron, são também última vitória da Dama Ferro sobre o
socialismo inglês.
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