sexta-feira, 9 de junho de 2023

Em defesa da Europa Cristã

 


Ontem um homem sírio atacou crianças com uma faca num parque infantil em França. Um acto tão cobarde e monstruoso como este não pode deixar de revoltar qualquer um. Atacar crianças é a maior perfídia que consigo imaginar.

Este ataque voltou a levantar a questão da migração em massa de África e do Próximo Oriente para a Europa. Em Portugal o Chega já fez questão de alertar para o perigo que todas as crianças correm em todos os parques infantis por causa da imigração em massa.

Eu também concordo que a política de imigração da União Europeia é má. Má não apenas para os países europeus, mas também injusta para os imigrantes, que acabam na maioria das vezes abandonados e explorados nos países que os recebem. E também acho que há uma falta de clareza na diferença entre migrantes e refugiados. Pior, a União Europeia aposta numa falsa política de portas abertas, que ajuda a alimentar redes de tráfico e máfias, sem ter capacidade de dar respostas às pobres almas que procuram refúgio na Europa. E o resultado está à vista no cemitério em que se transformou o Mediterrâneo e no inferno em que Lesbos se tornou.

Por isso, se a política da extrema-esquerda, das falsas portas abertas, que só conduzem à miséria e à revolta dos migrantes, é uma ilusão, a resposta da extrema-direita, de tornar a Europa numa fortaleza fechada, também não me satisfaz. Porque em nome de uma falsa segurança das crianças europeias, estão dispostos a deixar morrer crianças não europeias no fundo do mar, ou às mãos de senhores da guerra, ou exploradas por uma qualquer máfia. A preocupação da extrema-direita não é com as crianças, nem com as mulheres, nem com os homens. A preocupação da extrema-direita é apenas com as pessoas da cor certa.

E pelo crime de um, querem fazer pagar milhões. Porque não exigem de facto uma resposta ao drama que hoje se vive nas rotas do Mediterrâneo, um negócio alimentado por máfias e senhores da guerra, à custa de milhões de inocente. Não pedem um combate eficaz ao tráfico humano, políticas de apoio ao desenvolvimento dos países de origem, campos de refugiados em condições, políticas eficazes de emigração. Só querem culpar um inimigo externo, demonizá-lo, e unir as massas à sua volta. Ou seja, querem força eleitoral, à custa de uma multidão de pobres e explorados.

Recuso que o preço da minha segurança seja a morte de milhares de crianças, só porque nasceram no continente errado. Sim, a Europa tem que encontra respostas a esta crise, mas não à custa de inocentes cujo único crime foi nascer no país errado.

Parte da extrema-direita vocifera contra os migrantes e refugiados em nome dos valores cristãos. Ignorando que se o primeiro mandamento é amar a Deus sobre todas as coisas, o segundo é em tudo igual a este: amar o próximo como a ti mesmo.

Uma Europa fechada sobre si mesmo, afogando-se na riqueza criada pela exploração do resto do mundo, uma Europa que ignora o grito de desespero vindo de África e do Próximo Oriente, será muitas coisas. Será herdeira de Roma e de Atenas. Será herdeira do Alemanha pura e da União das Repúblicas Soviéticas. Aquilo que não é seguramente, é cristã.

Dou graças a Deus por nascido na segurança e na abundância da Europa. E ainda mais agradecido por ter nascido numa sociedade herdeira do cristianismo. Sei bem que isso comporta riscos, mesmo assim incomparáveis a atravessar o Mediterrâneo num bote de plástico. E não estou disposto a abdicar desta herança por uma falsa sensação de segurança.

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