Faz hoje um ano que o Senhor chamou a si o Padre João Seabra. Tive a graça de o poder acompanhar toda a minha vida. Com a sua pregação, com os seus conselhos, com os seus ralhetes, com a sua caridade, enfim, com toda a sua paternidade aprendi a amar a Cristo e à Igreja.
De todas as maravilhas de que fui testemunha por ter a graça de estar perto do Padre João, o que mais me comoveu e edificou foi a forma como viveu os seus últimos anos, os anos da doença.
Porque na sua doença confirmou de maneira clara aquilo que foi toda a sua vida. Quando as forças lhe começaram a faltar, quando a voz desapareceu, deixou de conseguir de ser o pregador exímio, o professor que ensina com autoridade, o mestre que corrige com exigência, o construtor de igrejas e de escolas, o trabalhador imparável da vinha do Senhor. Mas foi sempre o Bom Pastor, que dava a vida pelas suas ovelhas. Como São Pedro: “quando eras novo, tu mesmo te arranjavas e ias para onde querias. Mas quando fores velho, estenderás os braços, outro te há de vestir e levar para onde não queres.”
Quando a doença o despiu de todas as glórias mundanas, brilhou de forma ainda claro a única coisa que realmente lhe interessava: Cristo! Na sua doença a glória do mundo foi-se desvanecendo, mas a Glória de Deus brilhou de forma cada vez mais clara. O Senhor deu-lhe a sua cruz, e ele, como bom discípulo do Seu mestre, subiu à cruz com alegria.
Como afirmava o Padre João na sua última homília na Paróquia da Encarnação:
«Então o que é que me resta?
Resta-me a minha vida dada a Deus.
Como no primeiro instante.
A minha vida dada a Deus, para que Ele disponha.
Para que a utilidade a atribua Ele
e não a minha interpretação de mim próprio,
nem a ideia que os outros fazem de mim.
Mas Ele.
Na utilidade da vida que não tem outro propósito senão servi-lo
e oferecer-se por Ele
e dar-se por Ele.
Como Ele fez por mim.»
Que o Padre João, junto de Deus e de Sua Mãe, que tanto amou, continue a guiar o povo que o Pai lhe confiou.
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