sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Notre Dame de Nice a morte do Ocidente

 



Ontem em Nice um extremistas islâmico matou três pessoas na Basílica de Nossa  Senhora da Assunção. Ao contrário de George Floyd ou de Samuel Paty, as vítimas deste ataque permanecem anónimas. Sabemos que havia uma mãe de família, cujas as últimas palavras foram dirigidas aos filhos, o sacristão que tentou parar o ataque e uma senhora de 70 anos, degolada sobre a pia baptismal. Tudo isto enquanto o assassino gritava Allahu Akbar.

 Para estes três mártires não houve nenhum “je suis” e aparentemente their lives don’t matter. A sua morte não podia ser utilizada por nenhum lobby político, nem entrava na agenda de nenhuma ONG patrocinada por um qualquer milionário.

 São apenas mais três cristão mortos pelo ódio à Fé. Mais três de entre os milhares mortos no  mundo inteiro, todos os anos. Mortos aos quais se somam milhares de prisioneiros, de escravos de perseguidos. Um pouco por todo o mundo, mas especialmente nos países onde o Islão governa.

 E não venham com o discurso de que há extremistas em todo o lado, ou do fanatismo religioso. Não vejo cristãos a queimar mesquitas, a fazer de meninas islâmicas escravas sexuais ou a queimar vivos cristãos convertidos a outras religiões. O que vejo é a perseguição sistemática aos cristãos perante o total silêncio do Ocidente.

 A morte destes três cristãos, sem direito a nome, não pintou de preto as capas dos jornais, não abriu os telejornais, nem sequer teve direito a um moldura provisória no Facebook. Mereceu apenas umas breves referências, um ataque em Nice com uma faca...

 Mas era bom que aqueles que hoje silenciam a morte dos cristãos, que fingem que não se trata de ódio religioso, que se lembrassem que para o Islão o Ocidente e o Cristianismo são inseparáveis. E nenhuma das formas glicodoces que o Ocidente cobardemente adopta para apagar a sua herança cristã impedirá os fanáticos islâmicos de olhar para o Ocidente como um inimigo. O ódio ao cristianismo, que teimam em ignorar, é também ódio ao Ocidente.

 Por isso quando o poder da Europa e da América ignora o martírio dos cristãos cava a sua própria sepultura. Cada Igreja queimada, cada cristão morto significa apenas o fortalecer do extremismo islâmico contra todo Ocidente. E começa a ser tarde para acordar.

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

A morte de Samuel Paty e a liberdade de educar.



Samuel Paty era um professor de liceu francês. Numa das suas aulas de cidadania, falando sobre a liberdade de expressão, mostrou dois cartoons do Charlie Hebdo que representavam Maomé. Antes de mostrar os desenhos o professor teve o cuidado, sabendo que para os islâmicos aqueles desenhos eram blasfemos, de avisar os estudantes do que ia mostrar e permitiu que quem se sentisse ofendido com aquelas imagens saísse da sala. 

Depois da aula o pai de uma aluna começou uma campanha contra o professor, que foi ampliada pelo imã local. A campanha de ameaças começou dentro e fora das redes sociais, com várias ameaças de morte. No dia 16 de Outubro Paty foi morto por um extremista islâmico, cujo o nome não escrevo para não lhe conceder a publicidade que procurou. O terrorista pagou a estudantes para que lhe indicassem quem era o professor, seguiu-o e cortou-lhe a cabeça. De seguida publicou imagens da cabeça no Twitter enquanto se proclama um mártir do Islão.

Samuel Paty foi vítima do extremismo islâmico. Vítima de quem não suporta uma sociedade onde haja outra visão que não a sua. Vitima de uma ideologia que não permite discordâncias.

Em Portugal alguns comentadores, a quem também não tenciono conceder publicidade, tiveram a falta de vergonha de tentar equivaler o terrorista assassino a Artur Mesquita Guimarães, o pai que luta pela liberdade de educar os seus filhos.

A acusação é nojento e fruto de mentes doentias. Dificilmente valeria a pena perder tempo a explicar o absurdo da comparação. Mas há coisas que é preciso que fiquem claras.

Artur Mesquita Guimarães é um pai que luta pela possibilidade de educar os seus filhos em liberdade. Ele não pediu para acabar com as aulas de Educação para a Cidadania, não fez qualquer critica ou ataque aos professores que a ensinam, não pôs em causa a liberdade de ninguém. Simplesmente luta pela liberdade de não sujeitar os filhos à visão única do Ministério da Educação. E fê-lo como se faz em Democracia: com a Lei.

Pelo contrário, os seus detractores não suportam que exista quem tenha uma visão diferente da sociedade. Por isso perseguiram-no e aos seus filhos, fizeram campanhas nas redes sociais contra ele, e muitos pediram leis que permitissem punir o homem que tem a audácia de ser livre.

Eu evito fazer comparações com terroristas. Mas de uma coisa não tenho dúvida, no caso das crianças de Famalicão, não é seguramente quem luta pela liberdade que pode ser comparado ao facínora que matou Samuel Paty. Se alguém pode ser comparado ao terroristas, é quem quer impor a sua visão, á força se preciso, a toda a sociedade.

A luta de Artur Mesquita Guimarães é a mesma de Samuel Paty: uma escola onde a liberdade e a fé de cada um seja respeitada. Eu estarei sempre desde logo contra os extremistas que querem impor uma visão única às crianças. Sejam eles islâmicos ou laicistas.

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Eutanásia o grande jogo dos contrários



Lembro-me de em miúdo ter aprendido um jogo onde alguém cantava “quando eu digo sim, quando eu digo sim, vocês respondem não e quando não, e quando não, vocês respondem sim” e depois ia inventado frases com palavras soltas a que todos tinhamos que responder cantando a mesma frase mas com os opostos.

 

Lembrei-me deste jogo quando vi a notícia de que o Parlamento ia debater a Iniciativa Popular de Referendo sobre a eutanásia no dia 23 de Outubro. Como ainda Junho a deputada Isabel Moreira disse que não havia qualquer urgência em legislar a eutanásia e em quatro meses, como uma pandemia e um Orçamento de Estado pelo meio, conseguiu produzir um texto de substituição para ser votado no plenário e ainda despachar uma Iniciativa Popular que reuniu mais de 95 mil assinaturas, só posso presumir que também ela é fã do jogo dos opostos. Que quando diz que não há pressa, o que realmente quer dizer é que vai fazer deste tema a única prioridade do seu mandato.

 

E esta atracção pelo jogo dos oposto explicaria muito sobre todo o processo legislativo da eutanásia. Explicava por exemplo porque razão os defensores da morte a pedido ao mesmo tempo que dizem que é urgente debater o tema, recusam-se a pô-lo nos seus programas eleitorais, recusam-se a debatê-lo durante a campanha e agora irão recusar o referendo.

 

Explica também porque razão é que dizem que não se pode sobrepor os dogmas à razão, mas depois insistem numa medida que é rejeitada pela Ordem dos Médicos, pela Ordem dos Enfermeiros e pelo Conselho Nacional de Ética para as ciências da vida, deixando claro que esta lei não encontra qualquer justificação que não seja a crença dos seus proponentes.

 

Também deve ser por terem boas recordações deste jogo infantil que insistem em dizer que ouviram os especialistas, quando quase todos os especialistas ouvidos pelo Parlamento sobre o tema nos últimos anos se mostraram desfavoráveis a ela.

 

O jogo dos opostos também permitiria perceber a afirmação de que a objecção de consciência dos médicos está completamente salvaguardada, mas depois obrigar os médicos a justificar por escrito a sua decisão, com a decisão a ter que ser comunicada à Ordem. Suponho que o objectivo seja manter uma lista com os objectores de consciência...

 

De facto, só o gosto pelo jogo dos contrários pode explicar que continuem a afirmar que a eutanásia é apenas para casos muitos excepcionais e que a lei é muito restritiva e depois apresentem um projecto de lei onde cabe tudo . De facto, como o critério é ter uma lesão definitiva ou doença incurável e fatal, no projecto produzido por Isabel Moreira cabe desde uma cancro em último estágio até à diabetes. Só é preciso que os médicos considerem que existe sofrimento extremo, uma expressão completamente vaga, que inevitavelmente varia de pessoa para pessoa. Tudo isto sem ser obrigatório um psiquiatra que garante que o pedido é realmente livre e esclarecido (suponho que para os proponentes a especialização médico é um mero pormenor, e por isso ter um ortopedista ou um neurologista a avaliar o estado psiquiátrico do doente é perfeitamente normal!).

 

Fica também explicado porque razão os defensores da morte a pedido continuam a dizer que isto é uma questão de liberdade individual e depois deem o poder de decisão aos médicos. De facto é o doente que pede para morrer, mas caberá aos médicos avaliar o seu sofrimento e decidir se pode ou não ser morto. A lei, tal como está prevista, irá permitir que para o mesmo caso uns médicos permitam e outros não. Esta proposta de facto não aumenta em nada a liberdade individual, a pessoa pode pedir para morrer como já podia antes. A única diferença é que agora o médico pode decidir se mata o doente ou não!

 

Mas nada disto nos devia espantar, porque de facto toda a proposta da eutanásia tem por base o que parece ser um enorme jogo dos contrários: diante de uma pessoa em tal sofrimento que pede para morrer os defensores da legalização do homicídio a pedido da vítima afirmam que é tortura cuidar daquela pessoa e chamam misericórdia ao acto de matar aquele ser humano. Tentam explicar que é indigno a pessoa morrer na sua cama rodeada pelos que amam, mas chamam morte digna à injecção letal administrada numa sala de hospital.

 

E assim estamos, diante de um proposta de alteração legal gravissima que parece um enorme jogo dos contrários: não há pressa mas é feita a correr, queremos debate mas não debatemos, não pode haver dogmas mas não ouvimos a ciência, ouvimos os especialistas mas ignorámo-los, a objecção de consciência está protegida mas tem que ser justificada e registada, é para casos excepcionais mas cabe lá tudo, aumenta a liberdade pessoal mas que decide são os médicos, é o respeito pela dignidade humana mas o Estado mata doentes! Sobra-nos a esperança de que o jogo dos opostos seja jogado até ao fim e que quando dizem que vão votar a favor da legalização da eutanásia, de facto estejam a dizer que vão votar contra!

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

O CDS ainda é útil?

 



O CDS atravessa aquela que é provavelmente a maior crise da sua história. Vem de dois resultados eleitorais humilhantes, vive uma situação financeira muito delicada, divide o espaço da direita com outros partidos viáveis, e as sondagens teimam em não disparar.

Recuso-me ao exercício de apontar dedos. Aliás, tem sido bastante esclarecedor para compreender a actual situação do CDS ver a constante troca de acusações entre actuais e antigos dirigentes, onde uns parecem viver num mundo onde tudo estava bem até ao último congresso e outros num mundo onde nunca conheceram Assunção Cristas. Percebe-se com clareza qual a principal preocupação de quem entra nesta guerra.

Mas penso que é importante fazer uma reflexão sobre o CDS e o seu futuro. Sobretudo, vale a pena reflectir se é razoável continuar a lutar pelo CDS, em vez de apoiar o crescimento do Chega e da IL. Será que o CDS é apenas um empecilho ao crescimento de uma nova direita?

Para aqueles que apoiam o pragmatismo, que queriam o CDS como a grande casa da Direita, um porto de abrigo para Conservadores, Liberais e até para os Democratas Cristãos, extinguir o partido devia ser a solução mais lógica. O Chega está neste momento a crescer e vai à frente do CDS em todas as sondagens, a IL também vai crescendo (embora ainda não tenha apanhado o CDS) e ainda temos o PSD. Logo, se aquilo que interessa é a direita chegar ao poder, então o CDS perdeu a sua razão de existir neste momento. O que há a fazer é os mais conservadores irem apoiar o Chega, os Liberais irem para a IL e os que só estão no CDS à procura de um lugar mudarem-se para o PSD (que no seu actual estado também precisa de bastante ajuda).

O CDS só continua a fazer sentido se de facto tem algo de único para propor ao país. Algo para além do pragmatismo do PSD que lhe permite ser tudo e o seu contrário, algo diferente da fórmula “conservador nos costumes e liberal na economia” do Chega ou do Liberalismo total da IL.

A verdade é que desde o 25 de Abril sempre houve uma grande casa da direita em Portugal, onde cabia tudo desde o mais acérrimo liberal até ao quase neo-fascista. Essa casa é o PSD. A social-democracia em Portugal nunca quis dizer nada. O PSD era o partido de poder da Direita, em que a maioria votava não por qualquer fervor ideológico, mas por mera utilidade.

O CDS sempre foi um partido de causas e ideais. O partido que defendia um verdadeiro Estado Social contra o estado socialista. Um Estado que fosse personificação jurídica da sociedade, construido de baixo para cima, sem pretensões totalitárias, mas antes profundamente respeitador das liberdades e direitos individuais. Um Estado que fosse garante da dignidade humana, da justiça, do bem comum e da paz social. Por isso o CDS foi o partido dos agricultores, dos contribuintes, dos pensionistas, da defesa da vida, da liberdade de educação, da família. E também o partido que honrou e apoiou sempre as nossas forças armadas e as nossas forças de segurança.

O CDS foi o partido daquelas pessoas que trabalham, que têm a sua lavoura, ou o seu negócio, e que estão dispostos a contribuir para o bem comum, mas não querem um Estado asfixiante, burocrático, autoritário e empenhado em engenharias sociais.

Por isso o CDS nunca foi a grande casa da direita. Nunca foi um albergue espanhol. O CDS foi a casa da democracia-cristã. Já ouvi muitos dizer que isso significa ser uma partido de nichos. Talvez seja, mas a verdade é que quando tentou deixar de ser um partido de nichos e quis ser a grande casa da direita teve o seu pior resultado eleitoral de sempre e entrou numa profundíssima crise.

É que o pragmatismo, a tentativa de adaptar o discurso à vontade dos eleitores, só funciona se há alguma possibilidade de ter poder. Porque se um partido é pragmático pressupõe que quem vota nele serão as pessoas pragmáticas. E uma pessoa pragmática vota em quem pode governar. O problema é que o CDS ao querer passar de voto de consciência para voto útil, perdeu a sua utilidade! Para votar num partido pragmático, o eleitor de Direita vota no PSD que pode ganhar as eleições. No CDS vota-se por convicção.

Penso que para o CDS voltar a ser útil tem que se preocupar menos com os focus group, com responder ao último escândalo, ou em fazer furor nas redes sociais. O que o CDS precisa é de ter um programa para o país. Não um arrazoado de medidas declamadas ao som do soundbyte do momento, mas um programa claro que explica que futuro defende para Portugal. Um Estado menor e melhor, menos burocrático, que trabalhe em colaboração com os corpos intermédios da sociedade e não se substitua a estes. Uma fiscalidade mais simples, que não asfixie os trabalhadores. Uma opção clara pelos mais pobres e mais frágeis. A defesa intransigente da vida e da família. A aposta no mundo rural. O respeito pela Lei e pela Justiça. A promoção da nossa cultura, da nossa história, ou seja, das nossas raízes comuns.

Acredito que um CDS assim faz muito mais falta a Portugal. O partido verdadeiramente democrata-cristão, para quem cada vida é digna, tenha menos de dez semanas, seja um velho doente, um criminoso ou um cigano. Um partido para quem no centro da política não está o Estado, nem a Nação, nem o mercado, mas sim a Dignidade Humana.

Considero que assim seria possível ao CDS ultrapassar esta crise, embora admita que possa estar enganado. Mas de uma coisa estou certo: por um partido assim valia a pena lutar.

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Como me tornei monárquico.. E tudo o resto!

 



Lembro-me bem de um dia em pequeno, não tinha mais de dez anos, dizer à minha mãe que era republicano. A resposta da minha mãe foi simples “olhe que o avô é monárquico”. O meu avô era a pessoa mais inteligente que eu conhecia por isso assim começou a minha militância monárquica.


Passados mais de 20 anos aprendi várias outras razões para considerar a monarquia um sistema melhor que a republica. Não tenho qualquer problema em esgrimir argumentos com o mais empedernido republicano. Contudo, o meu avô continua a ser a pessoa mais inteligente que eu conheci, pelo que em última instância sou monárquico porque ele o era.


Este método que me levou a apoiar a monarquia é o mesmo que método que definiu a maior parte das minha ideias e ideais. Este é o método que me levou à Fé. Se hoje conheço Doutrina, Leis e princípios, a minha Fé devo-a antes de mais a ter na minha família pessoas que a vivem de tal maneira que a tornaram absolutamente atractiva.


Não se trata de um seguidismo cego, nem de abdicar da razão. Pelo contrário trata-se de uma decisão profundamente razoável e pessoal: se encontrei quem é mais inteligente, mais santo, mais feliz do que eu, então é profundamente razoável seguir essa pessoa.


Bem sei que vivemos nesta pretensão de que devemos ser originais, inovadores. Mas a verdade é que há pouco ou nada de novo original neste mundo. A escolha é entre percorrer às cegas velhos caminho ou seguir por esses caminhos atrás de quem já os percorreu. Eu escolho seguir quem é mais feliz do que em vez de vaguear perdido para ser original.


Felizmente tenho a graça de ter na minha pessoas para quem olhar. A começar nos meus pais, avós e tios. Uma graça que me deixa imensamente grato porque é imensamente imerecida. De facto tive a vida muito facilitada, nunca tive que procurar mestres, bastou-me seguir. Bem sei quem nem todos têm a mesma sorte.


Nestes tempos tão confusos aquilo que mais falta são mestres para quem olhar. Faz falta pessoas cuja a vida seja de tal forma atractiva que valha a pena seguir. Por isso o mais razoável é quando encontramos alguém assim só há uma atitude verdadeiramente razoável: segui-lo! E foi assim que acabei monárquico!